Fed corta hoje taxas. Tarifas de Trump obrigam a abrandar ritmo em 2025
Corte de 25 pontos nos juros é dado como certo esta quarta-feira, mas a incerteza sobre as políticas económicas da nova administração deverá levar o banco central a agir com mais prudência em 2025.
A reunião da Reserva Federal (Fed) de novembro foi adiada por um dia devido às eleições que resultaram na vitória retumbante de Donald Trump e o republicano irá certamente continuar a impactar as decisões do banco central norte-americano após tomar posse a 20 de janeiro.
O foco dos analistas e investidores, e também do chair Jerome Powell, não está na decisão desta quarta-feira – com um segundo corte seguido de 25 pontos base (p.b) nas taxas de juro a fechar o ano dado como garantido – mas sim sobre o ritmo para 2025.
Numa sondagem da Reuters a economistas, a esmagadora maioria, 93 de 103, indicou esperar uma redução de 25 pontos percentuais na reunião de 17 e 18 de dezembro, levando as Federal Funds Rates para o intervalo de 4,25%-4,50%.
No entanto, uma clara maioria dos economistas, 58 de 99, previu que a Fed, que já reduziu as taxas em 75 pontos base desde setembro, manteria inalteradas as taxas na reunião de 28 e 29 de janeiro, pouco mais de uma semana após o regresso de Trump à Casa Branca.
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Entre os investidores as perspetivas são semelhantes. De acordo com a ferramenta CME FedWatch, que reflete a evolução do mercado de futuros de taxas de juro, a probabilidade de um corte de 25 pb esta quarta-feira é de 95,4%. Já para a reunião de janeiro essa chance tomba para 16,3%, com a de uma manutenção das taxas a situar-se em quase 80%.
Os analistas dos Goldman Sachs vêm um corte de 25 pb esta quarta-feira, mas sublinham numa nota que “a principal mensagem da reunião seja a de que o FOMC [Federal Open Market Committee, comité de política monetária] antecipa que irá provavelmente abrandar o ritmo dos cortes nas taxas no futuro, e revimos a nossa previsão para 2025 de modo a eliminar um corte em janeiro”.
O Goldman Sachs continua a esperar cortes em março, junho e setembro do próximo ano, com uma taxa terminal [de 2025] ligeiramente mais elevada de 3,5-3,75%.
Os analistas do banco de investimento recordaram que comentários recentes dos responsáveis da Fed apontaram claramente para um desejo de abrandar o ritmo em breve. “Uma das razões é o facto de o desemprego ter ficado aquém e a inflação ter ultrapassado as projeções do FOMC, embora nenhuma das surpresas seja tão significativa como parece”.
Há duas outras razões possíveis. “Em primeiro lugar, os responsáveis da Fed podem preferir ser cautelosos à luz da incerteza sobre as políticas da nova administração, especialmente sobre possíveis aumentos de tarifas e em segundo lugar, os responsáveis da Fed parecem estar cada vez mais abertos a repensar a taxa neutra do que esperávamos, o que defende que se comece a agir com mais cautela mais cedo, à medida que se procura o ponto de paragem certo”, sublinharam.
Projeções com ligeiras alterações
Os analistas do banco neerlandês ING, que também preveem três cortes pela Fed em 2025, recomendam estarmos atentos às novas previsões económicas do banco central, “uma vez que a política do Presidente eleito Trump de controlo da imigração, tarifas e reduções de impostos pessoais e empresariais, provavelmente significará que sinalize uma mais lenta flexibilização” da política monetária.
O ING vê o crescimento e a inflação a serem revistos ligeiramente em baixa no final de 2024, enquanto o desemprego será ajustado em baixa, mas não espera “alterações drásticas” nas projeções para 2025.
“A história do crescimento a curto prazo está a ser impulsionada pela clareza das eleições e por uma sensação de que a posição pró-empresarial de Trump na regulação, juntamente com um ambiente fiscal baixo, deve ser favorável”, explicaram, alertando, contudo, que há algum nervosismo quanto ao potencial impacto do protecionismo comercial e dos controlos da imigração.
“Até à reunião de março do FOMC, a Fed terá uma compreensão mais clara dos planos tarifários, fiscais e de despesa do Presidente Trump e, como tal, esperamos que deixem grandes revisões das previsões para até lá”, concluíram.
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