Candidaturas para programa de formação turística para imigrantes abrem esta quinta-feira
Programa prevê três meses de formação e um mês de estágio para migrantes que queiram trabalhar no setor do turismo. Governo estima que serão mil os formandos. Empresas também vão ter formação.
As inscrições para o programa de formação para os imigrantes que queiram trabalhar no setor turístico arrancam esta quinta-feira, indicou esta tarde o Turismo de Portugal. Os candidatos têm de ter a sua situação regularizada, serem maiores de idade, terem residência habitual em Portugal e “alguma capacidade de expressão” em português ou inglês. Como o ECO avançou, aos selecionados será paga uma bolsa mensal de 522,5 euros, a que acresce um apoio para alimentação e deslocações.
“Iniciam-se já amanhã [esta quinta-feira] as inscrições para o ‘Programa de formação e integração de migrantes e beneficiários de proteção internacional no setor do Turismo’. Vai envolver mil formandos, durante quatro meses e será ministrado na rede de escolas de hotelaria e turismo do Turismo de Portugal, incluindo um mês de estágio em empresas parceiras“, foi anunciado esta quarta, dia em que o protocolo entre o Turismo de Portugal, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) foi assinado, em Belém.
Em causa está uma das medidas desenhadas pelo Governo para “acelerar a economia”, num investimento previsto de 2,5 milhões de euros. Este programa pretende contribuir para a melhoria das condições de integração dos migrantes no turismo, setor que tem sido afetado por uma séria escassez de mão-de-obra.
As candidaturas estarão abertas até ao fim de janeiro (o formulário estará no site da AIMA e do Turismo de Portugal). E a formação em si arrancará, prevê-se, a 17 de fevereiro, prolongando-se por três meses (360 horas), explicou Catarina Paiva, vogal do conselho diretivo do Turismo de Portugal.
Datas importantes
19 de dezembro a 31 de janeiro: decorrem inscrições
17 de fevereiro a 23 de maio: decorre formação
5 de maio: formação para as empresas
junho: decorrem estágios
Durante esse período, será garantida aos selecionados uma bolsa de formação mensal (de 522,5 euros), além de um subsídio de transporte (até cerca de 150 euros, o equivalente a 30% do Indexante dos Apoios Sociais), alimentação em espécie e um apoio ao fardamento (até 75 euros).
“A formação visa desenvolver competências profissionais que habilitem a trabalhar em empresas do turismo, nomeadamente de hotelaria e restauração, através de metodologias de formação prática de learning by doing, incluindo formação nas áreas da comunicação, línguas e cultura portuguesa“, detalhou o Turismo de Portugal esta tarde.
A formação visa desenvolver competências profissionais que habilitem a trabalhar em empresas do turismo, nomeadamente de hotelaria e restauração, através de metodologias de formação prática de learning by doing, incluindo formação nas áreas da comunicação, línguas e cultura portuguesa.
Além da formação na rede de escolas mencionadas, os selecionados terão ainda estágios remunerados de um mês (160 horas), que decorrerão em junho.
Também neste caso, é garantida uma bolsa de 522,5 euros mensais, a que acresce um subsídio de alimentação (ou refeição em espécie), subsídio de transporte (ou o transporte em si) e alojamento (sempre que necessário e possível). Os custos ficarão a cargo das próprias empresas.
Por outro lado, será também dada formação às próprias empresas do setor do turismo sobre a boa integração destas pessoas, revelou a vogal Catarina Paiva. Esta ação formativa está prevista para 5 de maio.
Nova edição já à espreita
A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares (AHRESP) referiu estarem em falta 40 mil trabalhadores na restauração e hotelaria, ainda na primavera deste ano. A falta de mãos tem sido transversal a toda a economia portuguesa nos últimos anos, mas o turismo tem sido um dos setores mais afetados.
“Sabemos que sem mão de obra não há crescimento. Portugal precisa de migrantes, mas com regras, dignidade para quem vem e segurança para quem está”, frisou Rui Armindo Freitas, secretário de Estado Adjunto e da Presidência, na apresentação desta quarta-feira.
Por isso, no evento desta tarde, tanto esse responsável, como o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, e o presidente do Turismo de Portugal, Carlos Abade, frisaram que a iniciativa que é agora lançada com a condição de um ano (2025), correndo bem, poderá, admite-se, ser prolongada para 2026.
“Acredito que estaremos em condições não só de prolongar em 2026, mas responder a estas duas ambições: receber e acolher os cidadãos [migrantes] e responder às exigências do mercado“, defendeu Pedro Machado. “Seguramente que terá sucesso e em 2025 estaremos aqui a lançar novamente” o programa, perspetivou Carlos Abade. “Tenho a certeza que esta será a primeira edição“, concordou Rui Armindo Freitas.
Já Francisco Calheiros, presidente da CTP, deixou elogios ao programa, mas deixou um recado: para que os migrantes estejam plenamente integrados, não basta resolver as questões formativas. É preciso também solucionar o problema da habitação, o que a CTP tem levado à Concertação Social, afirmou.
Por sua vez, o presidente da AIMA, Pedro Portugal Gaspar, sinalizou que “este protocolo tem um duplo impacto na sociedade portuguesa, uma vez que promove a integração dos migrantes e de beneficiários de proteção internacional, capacitando-os para exercer atividade profissional no setor do turismo, e que potencia o desenvolvimento sustentado da economia nacional e a descentralização“.
Atualizada às 16h48
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