Tupperware adia fecho em Constância. Investidores apresentam proposta para comprar a fábrica
Empresa optou por manter a fábrica aberta por mais uns dias para dar resposta às encomendas. Autarca garante que um grupo de investidores apresentou uma proposta para adquirir "tudo".
A fábrica da Tupperware instalada em Montalvo, Constância (Santarém), não fecha portas esta quarta-feira, ao contrário do anunciado, e vai manter a atividade por mais uns dias para dar resposta às encomendas, continuando incerto o futuro de 200 trabalhadores. Apesar dessa incerteza, o presidente do município revela que um grupo de investidores portugueses apresentou uma proposta para adquirir fábrica à empresa norte-americana.
“A reunião marcada com a direção [da fábrica] para terça-feira foi adiada para quinta-feira [dia 9 de janeiro], pelo que vamos continuar a trabalhar nos próximos dias, provavelmente até quinta-feira, dia 16, para dar resposta às encomendas”, disse esta quarta-feira à Lusa um trabalhador da empresa, tendo adiantado que o fecho da fábrica “foi adiado”, mas que o mesmo “é inevitável”.
Segundo a mesma fonte, a fábrica “está a funcionar normalmente e em todos os setores (armazém, respostas a encomendas e escritórios) com o intuito de dar vazão às encomendas através dos stocks existentes” na fábrica, que serão “bastantes”, estando apenas parado, desde o último mês, o setor da produção.
Para o trabalhador de 58 anos de idade e “mais de 20 anos” de casa, o futuro continua a ser incerto e os próprios pagamentos de lei e indemnizações aos trabalhadores ainda não estarão assegurados pela empresa.
“Só na quinta-feira vamos saber se nos pagam o que temos direito ou se teremos de recorrer a um advogado, o que é uma situação injusta depois de mais de 20 anos a trabalhar nesta fábrica”, disse à Lusa um dos funcionários, manifestando “apreensão” sobre o seu futuro.
A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 na freguesia de Montalvo, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana.
O pedido de insolvência da casa-mãe teve consequências diretas na unidade portuguesa e vai deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali eram efetivos, a maioria dos quais residente em Montalvo.
A notícia do fecho da Tupperware foi avançada pelo presidente da Câmara de Constância, no dia 20 de dezembro.
Sérgio Oliveira disse à Lusa estar preocupado com o possível fecho da fábrica porque a Tupperware é “o maior empregador” do concelho.
“Acreditámos até ao último instante que isto seria apenas e só mais uma crise pontual e a Tupperware iria conseguir dar a volta por cima e continuar a laborar aqui na freguesia de Montalvo”, afirmou, dando conta da preocupação das famílias “que dependem do sustento que tiram da fábrica” e da falta de informação por parte da empresa.
Segundo o autarca, “o grupo [Tupperware] sempre teve uma postura muito fechada sobre si próprio, nunca teve uma grande abertura à comunidade e aos próprios trabalhadores que, nesta fase, têm poucas informações sobre aquilo que será o futuro, nomeadamente a garantia dos seus direitos”.
Sérgio Oliveira disse que a Câmara Municipal já pediu apoio para os trabalhadores ao Ministério do Trabalho e da Segurança Social, “para que fossem salvaguardados e garantidos os direitos” que têm.
“Há algumas pessoas com 30 anos de casa, que trabalharam sempre aqui […] e que agora, inevitavelmente, serão obrigados a reinventar-se”.
A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.
Grupo de investidores apresenta proposta para adquirir fábrica da Tupperware
Um grupo de investidores está interessado na fábrica da Tupperware instalada em Constância, avançou à Lusa o presidente do município, tendo sido já apresentada uma proposta de aquisição da fábrica à empresa norte americana.
O presidente da Câmara de Constância disse esta quarta-feira que um grupo de investidores portugueses apresentou uma proposta de compra da fábrica da Tupperware à empresa norte-americana, no dia 26 de dezembro, e que aguarda resposta.
Sei que um grupo empresarial apresentou uma proposta para comprar tudo, instalações e maquinaria, podendo manter, se não a totalidade, pelo menos alguns dos trabalhadores, e que aguarda resposta.
“Sei que um grupo empresarial apresentou uma proposta para comprar tudo, instalações e maquinaria, podendo manter, se não a totalidade, pelo menos alguns dos trabalhadores, e que aguarda resposta”, disse Sérgio Oliveira.
Segundo o autarca, “a licença de produção termina esta quarta-feira”, tendo indicado que na quinta-feira “serão comunicadas as notícias de futuro aos trabalhadores pelo diretor da fábrica”.
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