Investidores pressionam governo britânico e atiram yields das obrigações do Tesouro para valores históricos
O Governo britânico está sob pressão. As yields das Gilts a 30 anos escalaram para máximos de 1998, com os investidores a temerem a repetição da crise de 2022 que levou à queda de Liz Truss.
Os títulos de dívida do Tesouro britânico estão novamente sob uma forte pressão vendedora dos investidores, que há três dias seguidos têm “despejado” Gilts no mercado, elevando as yields das obrigações britânicas para valores históricos.
Este movimento é particularmente notável nas obrigações a 30 anos, que atualmente negociam com uma taxa média ponderada de 5,35%, o valor mais elevado desde 1998.
Paralelamente à queda nos preços das obrigações (e por inerência à subida das yields), a libra esterlina também está a afundar no mercado monetário. A moeda britânica encontra-se a negociar no valor mais baixo dos últimos dois meses face ao euro e no ponto mais baixo contra o dólar desde novembro de 2023, acentuando assim as preocupações dos investidores sobre a estabilidade financeira do país.
Esta combinação de eventos está a colocar uma pressão significativa sobre Rachel Reeves, a atual ministra das Finanças britânica, que enfrenta o seu primeiro grande teste no cargo desde que o governo de Keir Starmer tomou posse a 5 de julho do ano passado.
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O “sell-off” dos títulos de dívida do Tesouro britânico por parte dos investidores está a suscitar comparações com a crise do “mini-orçamento” de 2022, que levou à queda da ex-primeira-ministra Liz Truss. No entanto, é importante notar que os movimentos de mercado desta semana têm sido menos acentuados e, até ao momento, não há evidências de tensão institucional que exija intervenção de emergência por parte do Banco de Inglaterra.
Apesar disso, o Tesouro britânico já afirmou que manterá “um controlo rigoroso” sobre as finanças públicas, numa tentativa de acalmar os mercados.
Os analistas apontam para uma combinação de fatores que estão a contribuir para esta pressão sobre os títulos britânicos, incluindo os planos de elevado endividamento do Governo de Sua Majestade, o impacto dos aumentos de impostos sobre as empresas, numa economia estagnada, e a incerteza global nos mercados financeiros.
Esta situação coloca Reeves numa posição delicada, podendo forçá-la a anunciar cortes nas despesas futuras para demonstrar aos investidores que pode voltar a cumprir as metas fiscais. No entanto, quaisquer medidas que se assemelhem a um retorno à austeridade poderiam representar um novo golpe para a já decrescente popularidade do Governo de Keir Starmer.
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