Gastos dos portugueses com cuidados de saúde subiram em 2023, para 26,5 mil milhões de euros
Apenas 2% do total das 9.771 camas disponíveis nas 377 unidades de cuidados continuados do país estão no setor público, alerta estudo divulgado esta quinta-feira pela consultora CBRE Portugal.
Os portugueses gastaram 26,5 mil milhões de euros em cuidados de saúde em 2023, o que representa 10% do PIB português, com especial enfoque nos cuidados em ambulatório que se traduziu em 46% do total da despesa. Os dados constam do estudo Portuguese Healthcare and Senior Living sobre o setor das residências sénior e cuidados de saúde, que deixa ainda um alerta: apenas 2% do total das 9.771 camas disponíveis nas 377 unidades de cuidados continuados do país pertencem ao setor público.
As restantes 98% camas são operadas por entidades sem fins lucrativos, como a Santa Casa da Misericórdia, IPSS ou privados, de acordo com o estudo da consultora imobiliária CBRE Portugal, divulgado esta quinta-feira.
O mesmo relatório dá conta de que os 26,5 mil milhões de euros em 2023 gastos pelos portugueses nos cuidados de saúde representam 10% do PIB português, tendo crescido 50% em relação a 2016.
Cinquenta e quatro por cento das 36.000 camas disponíveis nos 143 hospitais do país pertencem ao setor privado, ou seja, 131 hospitais com cerca de 11.700 camas. Do total das camas dos hospitais privados, 35% estão nas mãos dos cinco principais operadores: Trofa Saúde, Luz Saúde, José de Mello, Lusíadas e Grupo HPA Saúde.
“A falta de camas no serviço nacional de saúde é bastante severa, particularmente nos distritos de Lisboa e Porto”, assinala José Moutinho, responsável pela área de research na CBRE Portugal, citado no comunicado enviado pela consultora às redações. “Em 2023 existiam mais de 1.800 pessoas a aguardar por uma cama em cuidados continuados e é previsível que este número venha a aumentar, o que obrigará também a um incremento significativo na oferta”, completa, citado num comunicado.
Segundo este estudo, “um dos motivos pelos quais se apresenta tão atrativo investir no setor dos cuidados de saúde prende-se com o rácio de cama por habitante, pois se na Europa este rácio é de 5,3 camas por cada 1.000 habitantes, em Portugal situa-se nas 3,5 camas por 1.000 habitantes”.
O estudo analisou ainda os lares existentes em Portugal, reportando que 25% das 2.632 unidades em funcionamento são operadas por empresas privadas. As Residências Montepio, o Grupo EMEIS, a DomusVi, a PSHC e Naturidade sãos os cinco principais proprietários de lares com mais de 3.800 camas.
“A taxa de ocupação dos lares em Portugal é de 91,8% e 70% dos utilizadores esteve nestas unidades por um máximo de cinco anos, enquanto 10% esteve numa destas estruturas durante 10 anos ou mais.”
Em 2023 existiam mais de 1.800 pessoas a aguardar por uma cama em cuidados continuados e é previsível que este número venha a aumentar, o que obrigará também a um incremento significativo na oferta.
A este propósito Igor Borrego, head of capital markets da CBRE, dá nota de que “em Portugal, nos anos de 2020 e 2021, transacionaram-se três importantes portefólios e, apesar de desde então não se terem registado transações nestes setores, existem algumas operações em pipeline que ultrapassam os 50 milhões de euros”.
“Acredito que o investimento venha a crescer significativamente no futuro e este setor assista à entrada de novos investidores e operadores”, destaca Igor Borrego.
Entre as principais atrações para investir neste setor, elenca o mesmo estudo, estão o aumento significativo do número de idosos e pessoas dependentes, o elevado desequilíbrio entre oferta e procura, a falta de oferta de cuidados especializados, a elevada faixa populacional com cobertura de seguro de saúde (1/3 da população) ou a atratividade de Portugal junto de reformados estrangeiros.
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