Exclusivo Em ano de eleições, Mutualista Montepio aponta a lucros de 65 milhões
Banco vai voltar a dar dividendos. Polémicos ativos por impostos diferidos vão superar fasquia dos mil milhões. Maior mutualista do país vive dias mais tranquilos a caminho de novo ato eleitoral.
A viver dias mais tranquilos e com todo o grupo, incluindo banco e seguradoras, a registar uma melhoria da atividade, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) espera alcançar lucros de 64,6 milhões de euros em 2025, ano em que os associados voltarão às urnas para eleger os órgãos sociais da maior mutualista do país.
O resultado corresponde a mais do dobro do que terá obtido em 2024, em que estima um lucro de 25,8 milhões de euros (numa base individual), mas abaixo dos 112 milhões registados em 2022, segundo o plano e orçamento para 2025 que a instituição acabou de aprovar em assembleia de representantes e a que o ECO teve acesso.
As contas do ano passado ainda não estão fechadas, pelo que os valores finais deverão mudar. A recuperação da atividade do grupo, sobretudo do Banco Montepio à boleia da subida das taxas de juro, está a criar otimismo junto da administração liderada por Virgílio Lima, que espera reverter uma parte das imparidades relacionadas com o banco.
Avaliado em cerca de 1.560 milhões de euros no balanço da AMMG, o banco é o maior ativo da mutualista, mas sobre o qual já se reconheceram perdas por imparidades na ordem dos 900 milhões de euros ao longo da década passada — sendo que o auditor também já questionou a avaliação que a mutualista atribui ao banco. Agora vai inverter esse caminho.
“É possível que haja recuperação de imparidades. É essa a nossa expectativa, em função da evolução que o Banco Montepio tem vindo a observar“, adianta o presidente Virgílio Lima em declarações por escrito ao ECO. “O mesmo se passa noutras entidades do grupo. Contudo, não é possível informar qual o valor dessa recuperação, dado que todo este exercício tem que ser validado com os auditores”, salienta ainda.
Depois do regresso ao dividendo no ano passado, o Banco Montepio vai voltar a distribuir resultados pelo seu acionista este ano, confirmou Virgílio Lima. “Não podemos ainda avançar o valor concreto”, referiu. Até setembro, o banco registou lucros de quase 100 milhões de euros (invertendo dos prejuízos do ano anterior devido ao impacto da venda do Finibanco Angola).
Polémicos DTA superam mil milhões este ano
Em termos individuais (isto é, sem consolidar o banco, seguradoras e outras empresas), a AMMG terá fechado 2024 com uma melhoria do ativo para os 4,174 mil milhões de euros, um aumento de 6,7% relativamente ao ano anterior, segundo o plano e orçamento.
O mesmo acontecerá este ano, projetando-se uma valorização do ativo para 4,4 mil milhões, com reflexo num aumento dos capitais próprios que subirão para perto dos 600 milhões de euros no final deste ano.
Há sobretudo duas componentes a contribuir para a recuperação do balanço da mutualista. Por um lado, a rubrica dos ativos e investimentos financeiros subirá este ano 22,7% para 934,7 milhões de euros, desempenho que se deve “ao crescimento da atividade e à aplicação de parte das poupanças correspondentes em ativos financeiros de adequado risco”, esclarece Virgílio Lima. O plano prevê a captação de mais de 680 milhões de euros de poupanças junto dos associados, enquanto os vencimentos atingirão os 564 milhões de euros.
Por outro, os ativos por impostos diferidos (DTA) crescerão em dois anos mais de 100 milhões de euros, superando a fasquia dos mil milhões de euros. “Deve-se ao natural aumento da atividade e ao volume dos impostos entregues ao Estado, que são recuperáveis no momento do vencimento/levantamento das poupanças que lhe estão na origem (diferenças temporárias)”, explica Virgílio Lima sobre a evolução dos polémicos DTA, que a PwC tem contestado nas últimas contas por estarem sobreavaliados e não existirem perspetivas de recuperação destes ativos na sua totalidade.
Mas também os valores do ativo e dos capitais próprios poderão ser revistos em alta com a valorização do banco, salientou o presidente da AMMG.
Eleições no final do ano
Longe dos dramas dos últimos anos, é num quadro de recuperação geral da atividade de todo o grupo que a AMMG se prepara para ir novamente a eleições no final do ano, previsivelmente em dezembro.
Os próximos meses poderão conhecer novidades relativamente a esta corrida. Isto porque os candidatos se defrontam com as exigências de registo junto do regulador, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), para irem a jogo sem preocupações quanto à idoneidade — situação que já havia sido colocada nas últimas eleições e obrigará a uma antecipação no que toca à preparação das listas.
Nas eleições anteriores, as mais disputadas da história da instituição, foram quatro listas a votos, com a lista de continuidade protagonizada por Virgílio Lima a sair vencedora. Além dos membros do conselho de administração, os associados irão eleger ainda o conselho fiscal e a assembleia de representantes.
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