Trump toma hoje posse como Presidente dos EUA. Meloni é a única líder da UE que vai marcar presença
Donald Trump é empossado esta segunda-feira numa cerimónia de mais de 170 milhões de dólares, voltando à Casa Branca como apenas o segundo Presidente dos EUA a cumprir mandatos não consecutivos.
Como manda a 20.ª Emenda da Constituição norte-americana, a tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos decorre a 20 de janeiro, esta segunda-feira. Donald Trump, que venceu as eleições de 4 de novembro, vai fazer o juramento às 12 horas locais (17 horas em Lisboa) diante de convidados como o multimilionário Elon Musk, o líder argentino Javier Milei e o ex-primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki.
O chamado “Dia da Inauguração” começa ainda antes da cerimónia do juramento, com uma missa na Igreja Episcopal de St. John, em Washington D.C., e um chá matinal na Casa Branca que juntará os casais Biden e Trump e a vice-presidente cessante Kamala Harris.
Ao meio-dia, arranca a tomada de posse formal de Donald Trump e do seu vice-presidente, J.D. Vance, nos degraus da fachada oeste do Capitólio. O presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, vai conduzir o juramento, a que se segue um discurso do novo Presidente — proferido no interior do Capitólio, devido às temperaturas frias — e a despedida oficial de Joe Biden e Kamala Harris.
Trump dirige-se depois à Sala do Presidente, perto do Senado, para cumprir a tradição de assinar as nomeações para o gabinete. E, a seguir a um almoço organizado pelo Comité Conjunto do Congresso para as Cerimónias Inaugurais, tem início o desfile presidencial, que costuma ir do Capitólio até à Casa Branca, mas, por causa do tempo frio, vai decorrer na Capital One Arena. Já na Sala Oval, o novo líder norte-americano vai assinar (ou reverter) várias ordens executivas, em áreas desde a segurança das fronteiras à produção de petróleo e gás.
A noite está reservada para três bailes inaugurais — o “Commander in Chief Ball”, o “Liberty Inaugural Ball” e o “Starlight Ball” —, estando previsto que Donald Trump discurse em todos eles. Mas as atividades oficiais do “Dia da Inauguração” terminam apenas na manhã de terça-feira, com o Serviço Nacional de Oração.
Note-se, porém, que os eventos da tomada de posse de Trump e de J.D. Vance já arrancaram no sábado, com a receção do Presidente e espetáculo de fogo-de-artifício no Trump National Golf Club, no estado da Virgínia, e também a receção do gabinete e jantar do vice-presidente. Ontem, houve ainda a habitual cerimónia de colocação de coroas de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, no cemitério nacional de Arlington, e um “comício de vitória MAGA” na Capital One Arena, em Washington, D.C..
A cerimónia deste ano decorre sob o tema “A Nossa Democracia Duradoura: Uma Promessa Constitucional”, que contrasta com os acontecimentos de há quatro anos, quando, a 6 de janeiro de 2021, Donald Trump, então presidente cessante, incitou os seus apoiantes a invadir o Congresso e impedir a certificação da vitória de Joe Biden na eleição de 2020, cujos resultados pôs em causa.
Segundo o comité organizador, foram disponibilizados mais de 220.000 bilhetes para o “Dia da Inauguração”, estimando-se ainda uma multidão de até 250 mil pessoas, sem bilhetes, para assistir à cerimónia no National Mall.
Quanto ao custo do evento inaugural, o comité conseguiu arrecadar mais de 170 milhões de dólares — parte dos quais doados pelos líderes das gigantes tecnológicas norte-americanas —, um valor acima do recorde de 106,7 milhões de dólares angariados para a tomada de posse de Donald Trump em 2017.
“Pesos pesados” da tecnologia marcam presença. André Ventura foi convidado
Embora Donald Trump tenha rompido com essa prática na tomada de posse de Joe Biden em 2021, todos os antigos presidentes dos EUA vivos — Joe Biden, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton — vão marcar presença no Capitólio para a cerimónia de tomada de posse. À exceção de Michelle Obama, que, por razões desconhecidas, não vai comparecer, as antigas primeiras-damas também estarão presentes.
O universo das tecnológicas norte-americanas também se vai fazer representar: além do multimilionário Elon Musk, que foi um apoio financeiro (e mediático) substancial para a campanha do Partido Republicano e vai fazer parte da nova Administração com a missão de reduzir custos e remodelar o Governo federal, também os fundadores da Amazon, Jeff Bezos, e da Meta, Mark Zuckerberg. O CEO da OpenAI, Sam Altman, também planeia marcar presença.
Presidentes ou chefes de Governo estrangeiros serão poucos, visto que, historicamente, fazem-se representar pelos embaixadores dos seus países nos EUA. Ainda assim, alguns foram convidados, entre os quais o Presidente da Argentina (e fã declarado de Trump), Javier Milei — cuja presença foi confirmada —, e o Presidente chinês, Xi Jinping — que não vai estar presente, mas vai enviar, no seu lugar, um “representante de alto nível”.
Dos líderes europeus, terá sido convidada apenas a primeira-ministra italiana. Giorgia Meloni será a única chefe de Governo da União Europeia a participar na cerimónia. O ex-primeiro-ministro da Polónia Mateusz Morawiecki (Lei e Justiça), o político francês nacionalista e anti-imigração Éric Zemmour, o líder do partido de direita radical Reform UK, Nigel Farage, e Tino Chrupalla, copresidente da extrema-direita alemã da AfD, confirmaram que vão estar presentes.
Segundo o Politico, o líder do espanhol Vox, Santiago Abascal, também recebeu um convite para assistir à tomada de posse de Donald Trump, bem como o português André Ventura, presidente do Chega. O convite foi endereçado ao grupo dos Patriotas pela Europa — a terceira maior força política do Parlamento Europeu —, do qual ambos os partidos fazem parte, e não diretamente a Abascal e Ventura.
A presença de Santiago Abascal já foi confirmada, de acordo com a imprensa espanhola. O líder do Chega, por sua vez, congratulou-se por ser “o primeiro português convidado” para a tomada de posse de Donald Trump, numa publicação na rede social X, tendo anunciado no fim de semana que estará presente em Washington.
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Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, foi convidado, mas não vai poder viajar para os EUA, depois de a Justiça brasileira lhe ter negado a devolução do passaporte, apreendido desde o início do ano passado na sequência da investigação à alegada tentativa de golpe de Estado.
Dos que não foram convidados destacam-se os líderes da extrema-direita francesa, Marine Le Pen e Jordan Bardella, e os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.
Fonte do gabinete de António Costa em Bruxelas confirmou ao ECO que não lhe foi endereçado nenhum convite para o “Dia da Inauguração”, enquanto a porta-voz do Executivo comunitário, Paula Pinho, assinalou, numa conferência de imprensa na semana passada, que os anteriores presidentes da Comissão Europeia nunca foram a uma tomada de posse de um Presidente dos EUA e que nunca receberam convites oficiais.
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