Distribuição de seguros: o que foi 2024 e o que esperar de 2025

  • João Veiga
  • 16:30

João Veiga sintetiza os principais factos de 2024 e recolheu consensos para prever o que este ano vai trazer de transformação à distribuição de seguros em Portugal.

No final de 2024, quando comecei a planear o artigo sobre o que foi o ano que se acabava e o que se iniciava, decidi que não o ia basear apenas na minha opinião e na consulta de diversos relatórios do setor; adicionalmente quis auscultar diretamente alguns dos gestores dos principais operadores da distribuição de seguros e adicionar a sua perspetiva a este artigo. Infelizmente por falta de disponibilidade de agenda em comum não consegui falar com todos os que queria, mas aqueles com que falei deram um ótimo contributo.

Assim, um resumo de tudo o que assisti, ouvi e li sobre 2024 foi que a evolução e as mudanças do setor segurador em 2024 foram impulsionadas por 3 fatores principais: avanços tecnológicos, fusões e aquisições e maior exigência dos clientes.

Indo mais ao detalhe, tivemos em 2024 alguma aceleração na adoção da inteligência artificial, embora ainda muito tímida e baseando-se fundamentalmente em modelos de atenção ao cliente, como os chatbots, procurando um aumento de eficiência, uma otimização das operações e a melhoria das interações com os clientes.

Em 2024 houve da parte dos principais distribuidores de seguros maior investimento em tecnologias de informação, nomeadamente em soluções de software mais avançadas, personalizadas e adaptados aos processos de negócio de cada um, fruto também da necessidade de aumentar a automatização de processos e de usarem mais tecnologia na gestão das equipas comerciais.

As fusões e aquisições tornaram-se notícia recorrente, pois em 2024 vimos em quase todos meses serem anunciadas operações de compra e fusão entre distribuidores de seguros, umas mais domésticas entre operadores do mercado português, outras com uma ligação internacional entre operadores portugueses e estrangeiros, numa dinâmica não antes vista. A toda esta movimentação juntou-se também a entrada de alguns fundos de investimento em parte ou na totalidade do capital de alguns dos principais corretores em Portugal, movidos pelas suas taxas de crescimento a dois dígitos.

Eu acho esta dinâmica extremamente positiva, pois entendo que o mercado fica mais forte e competitivo com menos operadores, mas de maior dimensão (estrutural, financeira, tecnológica, …) do que com muitos operadores pequenos, que, apesar de toda a sua competência e proximidade ao cliente, devido a essa menor pequena dimensão limitar na sua capacidade negocial junto das seguradoras e no crescimento rápido em termos geográficos e de carteira.

Outros aspetos de destaque em 2024, alinhados com as algumas das opiniões que recolhi, foram:

  • Discutiu-se mais o setor segurador, em especial o da distribuição de seguros;
  • Muitos gestores, de corretores de seguros das mais variados dimensões e perfis, várias vezes sublinharam nesses painéis a importância que a partilha de dados tem no setor e que a qualidade de acesso e partilha de informação tem de melhorar rapidamente;
  • Em 2024 notou-se uma maior intervenção e dinamismo por parte do regulador (ASF), acrescentando valor para além da legislação, promovendo alguma discussão sobre temas nucleares do setor, como por exemplo e fruto dos acontecimentos que tiveram lugar em 2024, sobre o tema dos riscos sísmicos.

E, assim que entrámos em 2025, tivemos notícias de mais fusões e aquisições, tendência que continuará seguramente a ser notícia durante este ano, contando seguramente com um maior número de empresas de menor dimensão a entrar nesta “corrida”.

Ao nível da oferta de seguros, também os gestores com quem falei falaram dos temas sobre os quais se irá falar muito em 2025: a gestão dos riscos sísmicos, a cobertura de riscos cibernéticos, a adaptação do seguro de Saúde e das redes médicas às transformações do SNS e o seu impacto no atual modelo de Acidentes de Trabalho.

Os grandes projetos tecnológicos iniciados em 2024 pelos maiores distribuidores de seguros irão entrar em fase de produção agora em 2025, dando-lhes uma vantagem competitiva imediata, o que alavancará a necessidade dos restantes operadores da distribuição de seguros de agora em 2025 avaliarem objetivamente a tecnologia que utilizam atualmente e planear a sua evolução no curto e médio prazo, de forma a “não perderem o comboio”.

Ainda sobre o aspeto tecnológico, os que já o defendiam em 2024, insistem que 2025 é o ano em que o mercado, se possível liderado pela entidade representativa do setor da mediação, tem de dar passos concretos na implementação do projeto de criação e adoção de um Modelo de Integração de Dados na Atividade Seguradora, pois para todos com quem falei, continua a ser um pesadelo diário a gestão de toda a informação que é recebida com tão diferentes formatos e regras.

E termino dizendo: vem 2025, mas vem devagar por favor, que temos tanto por fazer, que não sei se 365 dias chegarão… Bom ano a tod@s e que 2025 consiga ultrapassar todas as nossas melhores expectativas!

  • João Veiga
  • Founder & CEO da Elysian Consulting

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