Conheça as dez tendências que vão mexer com o setor agroalimentar em 2025
Qualidade do produto, fórmulas fora da caixa, herança culinária e inteligência artificial são algumas das tendências para este ano, segundo a Innova Market Insight.
Os avanços da inteligência artificial, o crescimento do e-commerce, a maior atenção aos benefícios para a saúde e beleza nos produtos, o consumo sustentável ou a valorização da tradição são alguns dos fatores com impacto nas tendências para o setor agroalimentar em 2025 e no médio prazo.
“O setor agroalimentar português tem demonstrado uma capacidade notável de adaptação às tendências globais, mantendo-se dinâmico e inovador, investindo em tecnologia e sustentabilidade”, afirma a diretora executiva da PortugalFoods, que esta tarde organiza o evento “Trends 2025” na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, no Porto. “A orientação para o mercado e a atenção às preferências dos consumidores têm sido fundamentais para o desenvolvimento de novos produtos e soluções”, acrescentou Deolinda Silva.
Veja as dez tendências identificadas pelo Innova Market Insight.
1. Qualidade do produto
À medida que aumenta a procura de produtos de valor acrescentado é fundamental relevar a qualidade, além dos ingredientes. A consultora internacional Innova Market Insight antecipa que a “qualidade do produto é o fator mais importante para os consumidores: 50% a 60% dos inquiridos valorizam o preço e a frescura dos alimentos; 40% a 50% realçam os benefícios para a saúde; 30% a 40% atribuem importância ao prazo de validade, naturalidade e teor nutricional dos alimentos; e menos de 30% valorizam as marcas”.
2. Produtos aliados ao bem-estar
A Innova Market Insight refere que a “quantidade de informação ao dispor do consumidor eleva a fasquia no desenvolvimento de produtos, desafiando as marcas a satisfazerem necessidades nutricionais específicas, em qualquer fase do ciclo de vida”. A consultora destaca que as “marcas direcionam a sua inovação na resposta a necessidades específicas do consumidor, em termos de saúde, como, por exemplo, o controlo do peso – o que originou, no ano passado, um aumento de 10% no lançamento de novos produtos com esta finalidade”.
3. Fórmulas fora da caixa
Os consumidores procuram o extraordinário, o diferente, levando as empresas a apresentarem novos produtos com misturas surpreendentes e que proporcionam o efeito “uau”. O estudo da consultora internacional mostra que 43% dos inquiridos afirmam que procuram fórmulas “fora da caixa” que proporcionem experiências únicas e inesquecíveis, e 40% continuam a privilegiar o sabor. “Entre as combinações improváveis que despertam mais a atenção dos consumidores, 36% afirmam serem os preparados para sobremesas, 32% os alimentos que combinam lanche e prato principal e, na mesma proporção, os alimentos que misturam o salgado e o doce.
4. Alimentos que promovem a saúde gastrointestinal
A análise da Innova Market Insight, que anualmente monitoriza o comportamento do consumidor e o lançamento de novos produtos a nível global, dá conta que “no último ano, verificou-se um crescimento de 8% no lançamento de alimentos e bebidas com ligação à saúde digestiva ou intestinal”. A saúde gastrointestinal é o que motiva a compra deste tipo de produtos: alimentos e bebidas funcionais, ricos em fibras, vitamina D e probióticos. Regista-se um aumento de 24% no aparecimento de novos produtos / snacks que incluem especificamente probióticos na sua composição.
5. Repensar alimentos e bebidas vegetais
A consultora alerta que “a falta de naturalidade percebida de alguns produtos de base vegetal tem sido uma barreira para o crescimento desta categoria, com 35% dos inquiridos a indicarem este critério como determinante na hora da compra”. No entanto, apesar desta desinformação, registou-se um aumento de 23% no lançamento de alimentos e bebidas veganos ou de base vegetal, que colocam a naturalidade como argumento de comunicação e venda.
6. Adaptação climática
Práticas que minimizem o impacto ambiental são valorizadas, influenciando diretamente as decisões de compra, com o estudo a destacar que “quase metade dos inquiridos estão muito ou extremamente conscientes do impacto das alterações climáticas, em produtos como o café, o azeite ou o chocolate”. Este impacto é sentido, sobretudo, no aumento dos preços, impactando as vendas. E se no caso do café os consumidores afirmam que continuarão a comprar mesmo num cenário de aumento do preço, o mesmo já não acontece, por exemplo, com o chocolate, em que a tendência será de reduzir ou mesmo não comprar.
7. Benefícios para a imagem
À medida que os consumidores procuram soluções que agreguem benefícios para a saúde e beleza, produtos que promovam benefícios para a imagem tornam-se mais populares entre os consumidores. O estudo mostra que “um em cada cinco inquiridos afirmam que, no ano passado, compraram alimentos e bebidas com efeitos benéficos para a sua aparência. O foco está, sobretudo, na pele (face e corpo) e no cabelo. A conclusão é que “as gerações mais jovens, com uma preocupação acrescida em termos de imagem e saúde da pele, motivaram o aumento de 15% no lançamento de alimentos, bebidas e suplementos, com atributos funcionais para a saúde da pele”.
Esta é uma preocupação com diferente impacto nas várias gerações de consumidores: 27% da geração Z têm-na; 25% da geração Y também; na geração X são 17%; e apenas 13% na geração Boomer, que privilegia mais a saúde do que a imagem nas suas escolhas.
8. Reinventar a tradição
Num mundo em constante evolução, “os consumidores desejam redescobrir sabores da sua herança culinária, abraçando a autenticidade e a tradição”. O estudo mostra que “quase um em dois dos consumidores, a nível mundial, considera que é importante consumir alimentos que expressam a sua herança / tradição e a diversidade de culturas alimentares”. Já 65% dos inquiridos gostariam de ver mais receitas antigas e tradicionais nas prateleiras dos supermercados. A consultora afirma que “esta é uma oportunidade para as empresas criarem ligações mais próximas com o consumidor nostálgico”.
9. Escolhas com impacto no humor e bem-estar mental
Os consumidores optam, cada vez mais, por alimentos que influenciam positivamente o humor e o bem-estar mental, estabelecendo ligação direta entre dieta e saúde emocional. Perante a tendência, a consultora afirma que “para as marcas, este é o momento de apostarem no lançamento de produtos que se ligam sentimentalmente aos consumidores”. 36% dos inquiridos afirmam que “sentir-se bem mental ou emocionalmente é o principal objetivo de saúde”, com a Innova Market Insight a referir mais uma vez que “esta é uma oportunidade para a indústria explorar a utilização de ingredientes como vitaminas e minerais, demonstrando o seu benefício”. Destacam-se cinco nutrientes principais a considerar nos alimentos e bebidas que visam melhorar a saúde mental: vitaminas B6, B9 e B12, vitamina D, vitamina C, magnésio e vitamina.
10. Inteligência artificial
As empresas começam a desbloquear todo o poder da Inteligência Artificial (IA), passando do reconhecimento das suas potencialidades para aplicações concretas, que elevam as experiências dos consumidores. A consultora internacional nota que em 2024 houve um “crescimento exponencial (720%) de novos lançamentos de produtos alimentares criados pela IA”. Sobretudo, em quatro domínios: segurança alimentar (ex: deteção da deterioração de sumo de fruta e leite); bem-estar e desenvolvimento de novas formulações (ex: novos adoçantes para bebidas); inovação em sabores com algumas empresas já aproveitam IA para formular os sabores do futuro e elevar a inovação alimentar; e sustentabilidade.
A consultora exemplifica que uma cadeia de distribuição alimentar passou a vender pastinacas / cherovias (produto hortícola parecido com a cenoura) cultivadas de forma autónoma, recorrendo exclusivamente ao controlo por sistemas que utilizam IA, drones, sensores e equipamentos robotizados, para garantir a eficiência do ciclo produtivo, reduzindo simultaneamente as emissões de carbono e melhorando a qualidade das culturas.
As empresas começam a identificar as possibilidades que a Inteligência Artificial pode oferecer ao nível da segurança alimentar, bem-estar, inovação em novos sabores ou mesmo na sustentabilidade da produção.
“A grande revelação neste estudo é, sem dúvida, o papel que a inteligência artificial já está a ter na produção alimentar“, afirma a diretora executiva da PortugalFoods. “As empresas começam a identificar as possibilidades que esta ferramenta pode oferecer ao nível da segurança alimentar, bem-estar, inovação em novos sabores ou mesmo na sustentabilidade da produção”, concluiu Deolinda Silva no âmbito do seminário “Trends 2025”, no Porto.
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