Panamá desmente que navios dos EUA sejam dispensados de taxas no Canal
O presidente do Panamá anunciou, no entanto, a saída do país da Nova Rota da Seda chinesa. E disse que era "absolutamente falso" que os navios dos EUA tinham deixado de pagar taxas no Canal.
O Presidente do Panamá, José Raul Mulino, disse esta quinta-feira que é “absolutamente falso” que os navios norte-americanos estejam isentos de pagar portagens para passar pelo Canal do Panamá e anunciou a saída da Nova Rota da Seda chinesa.
“Nego esta declaração do Departamento de Estado porque se baseia em algo absolutamente falso”, disse Mulino numa conferência de imprensa, classificando a situação como “intolerável”. A Autoridade do Canal do Panamá, que gere o canal, já tinha desmentido o anúncio das autoridades norte-americanas.
“Isto é intolerável, simplesmente intolerável. E hoje, o Panamá anuncia ao mundo a minha absoluta rejeição do facto de continuarmos a desenvolver relações bilaterais baseadas em mentiras e falsidades”, sublinhou Mulino. Na noite de quarta-feira, o Departamento de Estado norte-americano declarou, numa mensagem na rede social X, que “o Panamá deu o seu acordo para não mais cobrar às embarcações estatais dos EUA pela travessia do Canal do Panamá”.
Contudo, a Autoridade do Canal do Panamá – um organismo independente criado pela Constituição panamiana para gerir o canal, que tem o poder de definir portagens e outras taxas para a passagem pelo canal – rapidamente negou as alegações, dizendo que não tinha feito “qualquer ajustamento nessas taxas”.
A controvérsia surgiu dias depois de o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ter visitado o Panamá, no domingo, saudando o progresso do país na redução da influência da China sobre o importante canal interoceânico que o atravessa. Sobre esta matéria, o Presidente panamiano confirmou a saída do Panamá do projeto de infraestruturas Nova Rota da Seda, da China, que já tinha anunciado aquando da visita de Rubio.
Mulino, que já tinha indicado que não iria renovar o memorando de entendimento com a China, garantiu hoje, durante a conferência de imprensa, que a embaixada do Panamá em Pequim “apresentou o documento” para “anunciar a saída [do acordo] com 90 dias de antecedência”, conforme foi acordado entre as partes.
O projeto da Nova Rota da Seda – um eixo central da estratégia da China para aumentar a sua influência no exterior – visa garantir o fornecimento da China, ao mesmo tempo que realiza investimentos nos países em desenvolvimento. O acordo é renovado automaticamente a cada três anos (o próximo será em 2026) e refere que “pode ser rescindido por qualquer uma das partes” mediante um pré-aviso de três meses.
Na segunda-feira, Rubio já tinha dito que considerava a decisão do Panamá de não renovar o memorando de entendimento com a China como um “grande passo” no reforço das relações com Washington.
Ainda antes de tomar posse, a 20 de janeiro, Donald Trump tinha aumentado a pressão sobre o Panamá, ameaçando “retomar” o canal entre o Atlântico e o Pacífico construído pelos Estados Unidos, inaugurado em 1914 e que se manteve sob soberania norte-americana até 1999.
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