Empresas portuguesas têm mais dificuldades no acesso a financiamento (e acima da média europeia)
Empresas portuguesas identificam desafios regulamentares e financeiros acima da média da União Europeia, mas percentagem de empresas que preveem aumentar o investimento continua estável.
As empresas portuguesas enfrentam atualmente mais dificuldades no acesso ao financiamento, um problema superior ao verificado na média da União Europeia (UE), revela o Banco Europeu de Investimento (BEI). Este organismo indica ainda que o investimento em Portugal mantém-se forte, mas as empresas enfrentam também desafios regulamentares acima dos pares europeus.
“Os condicionalismos financeiros estão a aumentar e ultrapassam a média da UE: a percentagem de empresas portuguesas com problemas no acesso a financiamento aumentou significativamente e está agora acima da média da UE“, indica o BEI, em comunicado divulgado esta quarta-feira.
Esta instituição explica que este quadro resulta da rejeição de empréstimos, dificuldades na obtenção de financiamento suficiente e os elevados custos do crédito. Paralelamente, alerta que os desafios regulamentares e logísticos também “afetam significativamente as empresas portuguesas”.
“A conformidade com novos regulamentos, normas e certificações, bem como os desafios logísticos, constituem os principais obstáculos à atividade empresarial. Em comparação com outras empresas da UE, as empresas portuguesas mostram-se mais preocupadas com o acesso a matérias-primas e componentes”, aponta.
Para quatro em cada cinco empresas portuguesas os principais obstáculos à expansão passam pela “incerteza quanto ao futuro, a falta de mão-de-obra qualificada, a regulamentação e os custos da energia“. Ainda assim, “a burocracia e a regulamentação da atividade económica continuam a ser desafios que afetam mais Portugal do que o resto da UE”.
Contudo, o BEI realça que o investimento em Portugal continua a crescer, tendo aumentado 13% em relação aos níveis anteriores à pandemia e que a percentagem de empresas que pretendem aumentar o seu investimento permanece estável (20%) e acima da média da UE.
“O forte desempenho de Portugal em termos de investimento, não obstante as pressões financeiras e regulamentares, demonstra a resiliência das empresas portuguesa“, afirmou Debora Revoltella, economista-chefe do BEI, citada em comunicado, destacando que “embora os custos da conformidade, a burocracia e as dificuldades financeiras permaneçam desafios importantes, as empresas portuguesas continuam a adaptar-se e a inovar”.
A responsável do BEI salientou que enquanto banco da UE a instituição irá continuar “a apoiar investimentos que melhoram a resiliência, a sustentabilidade e o crescimento de longo prazo”.
Empresas portuguesas mais integradas no comércio global
As empresas portuguesas estão mais integradas no comércio mundial do que as empresas da União Europeia (77% vs 63%), de acordo com a análise do BEI, que assinala que as preocupações sobre algumas interrupções na cadeia de abastecimento diminuíram ligeiramente face ao ano passado.
Em resposta aos choques comerciais, “as empresas portuguesas são mais propensas do que as empresas da UE a diversificar ou aumentar o número de países de onde importam (31% vs. 19% para as empresas da UE) e menos propensas a aumentar stocks e inventários (16% vs. 20% das empresas da UE)”.
O Inquérito ao Investimento do Grupo BEI (EIBIS) é um relatório anual, baseado numa sondagem realizada junto de cerca de 13 mil empresas de todos os Estados-Membros da União Europeia, com uma amostra adicional oriunda dos Estados Unidos.
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