Governo não vai pedir, para já, mais informação à ANA sobre novo aeroporto
Informação avançada pela ANA para justificar o custo e forma de financiamento do aeroporto Luís de Camões foi considerada muito insuficiente. Executivo vai aguardar por entrega de novo relatório.
“Omisso” ou “manifestamente insuficiente” foram expressões usadas na resposta dos ministérios das Infraestruturas e das Finanças para qualificar a informação prestada pela ANA sobre o custo ou a forma de financiamento do novo aeroporto de Lisboa (NAL). Ainda assim, nesta fase, o Governo não vai solicitar mais informação e aguardará pela entrega do relatório financeiro por parte da concessionária.
O ECO questionou o Ministério das Infraestruturas sobre se iria ser solicitada mais informação à ANA e este remeteu os esclarecimentos para os documentos que terão de ser entregues pela concessionária na nova fase do processo.
“Com a resposta ao relatório da ANA, enviada em 17 de janeiro, o Governo deu início a uma nova fase processual, na qual se prevê que a Concessionária elabore a candidatura completa ao NAL. Esse processo inclui a apresentação de vários relatórios, entre eles o relatório financeiro, que deverá conter, nesta fase, todas as informações necessárias para uma análise detalhada dos pressupostos financeiros do projeto”, respondeu o Ministério liderado por Miguel Pinto Luz.
“Ainda assim, conforme comunicado na resposta do Governo à Concessionária, o Executivo manterá a sua posição de discutir com a Concessionária todos os aspetos que considerar relevantes para a defesa do interesse público“, acrescenta.
A entrega do relatório financeiro está prevista para o final de 2026, segundo o cronograma que a ANA coloca no Relatório Inicial. Para já, desenrola-se a auscultação das partes interessadas, entre elas as companhias aéreas, estando prevista a entrega de um Relatório das Consultas pela concessionária até 17 de junho.
"Não acreditamos no valor, não acreditamos no prazo e não acreditamos na curva de aumento das taxas.”
Na resposta em que confirma que pretende que a ANA prossiga com o processo do novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, os ministérios das Infraestruturas e das Finanças deixam vários reparos à proposta inicial da concessionária.
- Por um lado, consideram que “contém elementos que extravasam, largamente, o âmbito definido” para o Relatório Inicial.
- Por outro, apontam, por várias vezes a insuficiência na informação apresentada, considerando que o documento é “omisso quanto a certos elementos, comprometendo a possibilidade de analisar adequadamente os pressupostos e fundamentação das propostas apresentadas (por exemplo, no que diz respeito aos pressupostos financeiros usados para a elaboração da proposta de financiamento da construção, mas também nos pressupostos do investimento e das previsões de tráfego)”.
A ANA, que é detida pela francesa Vinci, estima que o futuro aeroporto Luís de Camões esteja a funcionar em 2037 e custe 8,5 mil milhões de euros. Para financiar a obra, defende um aumento significativo das taxas aeroportuárias a partir de 2026 e o alargamento em 30 anos da atual concessão, que terminaria apenas em 2092.
“Não acreditamos no valor, não acreditamos no prazo e não acreditamos na curva de aumento das taxas”, afirmou esta quarta-feira o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, durante a audição na Comissão de Economia e Obras Públicas do Parlamento.
“As taxas de 26 a 30 é uma das questões que pomos em causa, nomeadamente a legalidade”, disse ainda o governante, garantindo que o Ministério tem “os seus próprios dados para contrapor aos da Vinci”.
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