O que se passa com os preços do gás? Cinco respostas
Os preços do gás natural tocaram esta semana máximos de há dois anos. Estão em níveis preocupantes? Porque chegámos a este pico? E até onde subirão? Perceba aqui.
O que se passa com os preços do gás? Cinco respostas
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Quanto aumentaram os preços de gás natural?
Olhando aos preços dos contratos que servem de referência no mercado europeu, os Title Transfer Facility (TTF), os preços alcançaram esta semana máximos de há dois anos, isto é, início de fevereiro de 2023. Os preços ultrapassaram os 58 euros por megawatt-hora (euros/MWh) na segunda-feira, tendo aliviado ligeiramente desde então, até aos 55 euros por megawatt-hora.
A trajetória de preços do gás tem avançado no sentido ascendente desde fevereiro do ano passado, quando tocava mínimos de março de 2023, em torno dos 23 euros por MWh. Isto é: num ano, o preço passou para mais do dobro.
Proxima Pergunta: Como comparam com os preços da altura da crise energética?
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Como comparam com os preços da altura da crise energética?
Está fresca na memória do setor e dos consumidores a situação de aperto sentida na Europa entre 2022 e 2023, com recordes históricos de preços de gás e da eletricidade (sendo estes segundos afetados pelos primeiros).
Os preços do gás natural estão a negociar na ordem dos 50 a 60 euros por megawatt-hora, quando no pico da crise energética, em 2022, chegaram aos 339 euros por megawatt-hora. Em dezembro desse ano já haviam caído para os 149 euros, ainda assim três vezes acima dos preços atuais. Os preços do gás natural na Europa estão, assim, significativamente distantes dos preços da crise.
Proxima Pergunta: Por que os preços estão atualmente a subir?
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Por que os preços estão atualmente a subir?
“A tendência ascendente a que temos assistido nos preços do gás TTF reflete, em larga medida, preocupações sobre os níveis de reservas de gás europeias, à medida que o inverno avança“, escreve a Aleasoft Energy Forecasting.
Os níveis de armazenamento na Europa estão nos 47,89%, abaixo dos quase 70% que se verificavam por esta altura no ano passado. Croácia, França, Países Baixos, Bélgica e Roménia são os países com reservas mais baixas, na ordem dos 30%. Portugal ainda tem as suas reservas a 100%.
A quebra no armazenamento está relacionada com “um inverno mais rigoroso que o previsto”, no qual “a procura por aquecimento aumentou, em particular no norte e oeste da Europa”, indica o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa. A agravar esta situação, o setor industrial recuperou alguma da atividade desde a última crise, pressionando mais agora do lado do consumo, sublinha ainda a retoma a Aleasoft. Henrique Valente, analista da ActivTrades, relembra ainda que existiu um corte no fornecimento de gás russo pela Ucrânia no início deste ano.
Proxima Pergunta: Os preços do gás vão subir mais?
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Os preços do gás vão subir mais?
Não existem bolas de cristal, mas já há algumas previsões nesse sentido. A Agência Internacional de Energia (AIE), por exemplo, indicou logo em meados de janeiro que os preços do TTF subiriam 30% em 2025, em comparação com os níveis de 2024.
Por esta altura, os analistas consultados pelo ECO/Capital Verde confirmam a tendência. “Com base nas tendências históricas e na atual trajetória ascendente, espera-se que os preços possam continuar a subir nos próximos meses“, embora uma melhoria na capacidade de armazenamento e uma economia europeia mais fraca possam “atenuar aumentos significativos”, diz Paulo Rosa, do Banco Carregosa.
A Aleasoft assinala que os futuros do gás para o verão estão a cotar em níveis mais altos que os contratos para o inverno. “Esta curva pouco usual indica que os traders esperam competição forte por GNL [gás naural liquefeito] nos próximos meses“, à medida que a Europa restabelece as reservas, “colocando uma pressão adicional em alta nos preços”, afere a mesma fonte.
Proxima Pergunta: O que vai ditar a trajetória dos preços daqui para a frente?
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O que vai ditar a trajetória dos preços daqui para a frente?
As condições meteorológicas serão determinantes nas necessidades de gás para este inverno, influenciando depois a necessidade de a Europa preencher mais ou menos as suas reservas, para preparar-se para o próximo inverno. Em paralelo, o rumo da economia europeia, se aquece ou arrefece, também terá influência, pressionando mais ou menos, respetivamente, os preços do gás.