Bruxelas promete “punho de ferro” contra tarifas de Trump
A Comissão Europeia condena a proposta de "reciprocidade" de Trump, argumentando contra aumento de tarifas, realça abertura comercial da Europa e alerta para impacto negativo do protecionismo.
A Comissão Europeia emitiu esta sexta-feira uma declaração contundente em resposta à proposta de política comercial “recíproca” do Presidente Trump, classificando-a como “um passo na direção errada”, e que a União Europeia “reagirá com firmeza e imediatamente contra barreiras injustificadas ao comércio livre e justo”, sinalizando uma postura defensiva face a potenciais medidas punitivas dos EUA.
Esta afirmação sugere que a União Europeia está preparada para retaliar se necessário, potencialmente através de contramedidas comerciais, e surge após Donald Trump ter anunciado esta quinta-feira um programa para impor a todos os países a taxa máxima que é cobrada aos EUA em cada produto transacionado, apesar de não ter anunciado uma data para essa medida entrar em vigor nem mais qualquer detalhe.
Em comunicado, a Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, refere que “a União Europeia mantém alguns dos direitos aduaneiros mais baixos do mundo e não vê qualquer justificação para o aumento dos direitos aduaneiros dos EUA sobre as suas exportações.” Esta posição surge num momento de crescente tensão nas relações comerciais transatlânticas, com potenciais implicações significativas para a economia global.
A Comissão Europeia reafirma também o seu compromisso com um “sistema de comércio global aberto e previsível que beneficia todos os parceiros”, advertindo que “as tarifas são impostos”, e que ao impô-las, “os EUA estão a taxar os seus próprios cidadãos, aumentando os custos para as empresas, sufocando o crescimento e alimentando a inflação”.
Um ponto crucial da argumentação da União Europeia é o impacto negativo das tarifas na estabilidade económica global. Segundo a Comissão Europeia, “as tarifas aumentam a incerteza económica e perturbam a eficiência e integração dos mercados globais”. Esta perspetiva reflete a preocupação da União Europeia com as potenciais repercussões de uma escalada nas tensões comerciais, relembrando que o comércio mundial prosperou com regras previsíveis e transparentes, e com direitos aduaneiros baixos.
“Durante décadas, a União Europeia trabalhou com parceiros comerciais como os EUA para reduzir os direitos aduaneiros e outras barreiras comerciais em todo o mundo, reforçando esta abertura através de compromissos vinculativos no âmbito do sistema comercial baseado em regras – compromissos que os EUA estão agora a pôr em causa”, lê-se no comunicado.
A União Europeia destaca o seu histórico de abertura económica, afirmando que “mais de 70% das importações entram com tarifa zero”. Esta estatística é apresentada como prova do compromisso europeu com o comércio livre e justo, contrastando com a abordagem mais protecionista proposta pelos EUA.
O comunicado também enfatiza o papel da União Europeia na promoção de acordos comerciais globais, afirmando que o bloco europeu “negociou e concluiu mais de três vezes mais acordos comerciais do que os EUA”. Esta declaração posiciona a União Europeia como um líder global na liberalização do comércio, em contraste com a atual postura americana.
Esta declaração da Comissão Europeia representa uma clara divergência de visões sobre política comercial com os EUA. Enquanto a União Europeia defende a manutenção e expansão de um sistema de comércio global aberto e baseado em regras, a proposta americana de tarifas “recíprocas” é vista como uma ameaça a este sistema.
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