Chega ‘censura’ Montenegro por “manchar reputação” do país. PS evita queda do Governo, mas exige explicações
Partido de André Ventura pede "fim de um Governo sem integridade, liderado por um primeiro-ministro sob suspeita grave". Pedro Nuno vota contra, mas fala em caso "muito semelhante" a Hernâni Dias.
O Chega já entregou na Assembleia da República os fundamentos para avançar com uma moção de censura ao Governo, num documento que tem como título “Pelo fim de um Governo sem integridade, liderado por um primeiro-ministro sob suspeita grave”.
“A imagem de Portugal volta a ser beliscada por polémicas que atingem o XXIV Governo Constitucional”, lê-se na moção de censura. “Se até aqui os problemas surgiam pela mão de governantes diversos, desta vez é o próprio primeiro-ministro quem mancha a reputação e a imagem do país, tanto interna como externamente“.
O partido de André Ventura alega que “o país não pode continuar a ser dirigido por governantes que demonstram ter uma total ausência de princípios éticos e de transparência, tal como não pode ter um primeiro-ministro que se recusa a admitir os seus erros e que tarda em tomar decisões”.
O país não pode continuar a ser dirigido por governantes que demonstram ter uma total ausência de princípios éticos e de transparência, tal como não pode ter um primeiro-ministro que se recusa a admitir os seus erros e que tarda em tomar decisões.
No domingo, o líder do Chega anunciou que iria apresentar uma moção de censura ao Governo caso o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não desse explicações ao país nas 24 horas seguintes sobre aquilo que apelidou de “suspeita de absoluta de corrupção”.
Em causa está uma notícia do Correio da Manhã, publicada no sábado, a relatar que a mulher e os dois filhos do primeiro-ministro têm uma empresa de compra e venda de imóveis, de que Luís Montenegro foi fundador e gerente. E uma vez que casou com comunhão de adquiridos, segundo o jornal, o primeiro-ministro poderia beneficiar dos proveitos.
No próprio sábado, porém, o primeiro-ministro classificou como “absurda e injustificada” a sugestão de que poderá existir um conflito de interesses pela possibilidade de a empresa da sua família poder beneficiar da revisão da lei dos solos aprovada recentemente pelo Governo. Adiantou então que, do vasto objeto social dessa empresa, apenas teve execução a prestação de consultoria no âmbito da proteção de dados pessoais.
No entanto, o Chega “considera que é chegado o momento de colocar um fim a este Executivo e de abrir um novo ciclo político em Portugal, através da aprovação da presente moção de censura”.
PS evita queda do Governo, mas diz que caso é “muito semelhante” ao de Hernâni Dias
Entretanto, também esta terça-feira, o líder socialista reiterou que o objetivo da moção de censura do Chega é apenas “desviar a atenção dos seus problemas internos” do partido e que o PS votará contra porque não acompanha as iniciativas do partido de André Ventura.
Ainda assim, o líder do PS afirmou que o caso da empresa da mulher e filhos do primeiro-ministro é “muito semelhante” ao que levou à demissão de Hernâni Dias e instou Luís Montenegro a dar explicações “o quanto antes”.
Em declarações aos jornalistas em Braga, durante uma visita à construtora dst, Pedro Nuno Santos sublinhou que o primeiro-ministro deve estar disponível “para ser confrontado” pelos jornalistas “porque a verdade é que todos os dias se adensam novas críticas, novas suspeitas, novas dúvidas”.
Para o secretário-geral do PS, “é muito importante” que Luís Montenegro “dê esclarecimentos, e não é só esclarecimentos escritos, a perguntas escritas, mas sim a jornalistas que lhes vão fazer várias perguntas, que acho que devem ser feitas e devem ser respondidas”.
“Acreditamos que há boas explicações, elas têm de ser dadas, e têm de ser dadas o quanto antes”, frisou, apelando a Montenegro para que não espere mais para falar sobre um caso “que é muito semelhante ao do seu secretário de Estado que acabou por sair do Governo”.
Para Pedro Nuno, “não é bom para a nossa democracia, para a transparência, para a confiança nas instituições, que os políticos decidam evitar as jornalistas para não serem confrontados com perguntas desagradáveis”. Sublinhou que é do interesse de todos, incluindo de Montenegro, “travar qualquer especulação sobre os serviços prestados pela empresa, quem é que prestou, por quem, quem é que trabalha na empresa”.
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