Setúbal, Beja e Madeira são os novos destinos do imobiliário de luxo
O mercado imobiliário de luxo teve um impacto económico de 5,48 mil milhões de euros em produção nacional em 2024, para o qual contribuiu a popularidade de novas regiões para lá de Lisboa e do Porto.
O mercado imobiliário residencial de gama alta em Portugal continua a mostrar sinais de resiliência e potencial de crescimento, mesmo face aos desafios económicos globais.
Um estudo desenvolvido pela Nova SBE e promovido pela Porta da Frente Christie’s, divulgado esta terça-feira, revela que a procura por estes imóveis duplicou entre 2021 e 2023, “mas estabilizou devido a fatores como aumento das taxas de juro e fim de benefícios fiscais”, com os preços a subirem, em média, 23% nominalmente, “mas apenas 3% em termos reais, devido à inflação.”
Para este ano, a tendência é igualmente de subida, com os autores do “Realty Premium Market” a projetarem que os preços dos imóveis em geral e da gama alta em particular, devem continuar a subir em 2025 devido a um conjunto de fatores, como “uma procura consistentemente superior à oferta”, a expectativa de melhoria nas condições económicas e o foco contínuo em localizações premium.
O imobiliário de gama alta gerou um impacto económico de 5,48 mil milhões de euros em produção nacional em 2024 e foi responsável por 77.089 empregos equivalentes a tempo completo.
O estudo revela que a oferta de imóveis de gama alta “concentra-se em Faro, Lisboa e Porto”, e que esta concentração em áreas de “alto prestígio” deverá manter-se em 2025, reforçando o caráter exclusivo deste segmento do mercado, vaticinam os autores do estudo.
No entanto, os autores do estudo destacam também um aumento da oferta de imóveis de gama alta em regiões menos tradicionais para o mercado de luxo, como Setúbal, Beja e Madeira, com maior preponderância de apartamentos de tipologia T2.
“Os fogos em oferta mais do que duplicaram nos distritos de Setúbal e Beja, e quase duplicaram na Região Autónoma da Madeira”, lê-se no estudo. Esta diversificação geográfica pode representar novas oportunidades para investidores e compradores em 2025.
Luxo com peso crescente na economia
Os números apresentados por João B. Duarte, Mário Gonçalves e Vinícius Vale destacam também que o segmento do imobiliário de gama alta desempenha já um papel relevante na economia nacional.
Só no ano passado, os autores do estudo estimam que este segmento gerou um impacto económico total de 5,48 mil milhões de euros em produção nacional em 2024 e 2,5 mil milhões de euros para o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do país. No mercado de emprego, os investigadores estimam que este segmento terá sido responsável por 77.089 empregos equivalentes a tempo completo.
Estes números refletem a dimensão e a importância do setor para a economia portuguesa, notando que o mercado de gama alta não só gera riqueza direta, mas também tem um efeito multiplicador significativo em vários setores da economia.
As perspetivas para este ano são particularmente animadoras. O estudo aponta que “é expectável que a inflação na Europa abrande, o que levará a uma moderação da política monetária e, consequentemente, uma melhoria das condições de financiamento para novos investimentos”. Esta tendência poderá impulsionar novos projetos imobiliários de luxo em Portugal.
Boas perspetivas para este ano
Um fator destacado no relatório é a resiliência do mercado de gama alta face aos aumentos nos custos de produção. O estudo indica que “o mercado de gama alta tende a ser menos impactado por estes fatores devido à sua segmentação e procura resiliente e menor sensibilidade ao fator preço”.
Apesar do otimismo geral, o estudo não ignora os riscos potenciais. “É também relevante destacar os riscos associados a este setor, nomeadamente a volatilidade económica, que poderá ser causada por conflitos internacionais, crises energéticas, entre outros”, alerta o estudo. Tais eventos poderiam afetar a confiança dos investidores e desacelerar potencialmente o crescimento do setor.
Os investidores destacam também o facto de o fim dos programas de “vistos gold” e do regime de Residente Não Habitual exigir que os players do mercado desenvolvam “estratégias para mitigar a redução de procura por determinados perfis de compradores estrangeiros”, destacam os autores do estudo.
O segmento do imobiliário de gama alta demonstra capacidade de adaptação e resiliência, beneficiando de fatores como a estabilidade política, o estilo de vida atrativo e a crescente importância da sustentabilidade.
Um aspeto positivo para o setor é o impacto do Simplex Urbanístico, que “já terá começado a produzir efeitos, nomeadamente na agilização de obtenção das licenças de habitação e na aceitação de comunicações prévias em substituição das licenças de construção”, referem os investigadores. Estas medidas poderão acelerar o desenvolvimento de novos projetos e potencialmente influenciar os preços finais dos imóveis.
As perspetivas para o mercado imobiliário residencial de gama alta em Portugal em 2025 são promissoras, apesar dos desafios. O setor demonstra capacidade de adaptação e resiliência, beneficiando de fatores como a estabilidade política, o estilo de vida atrativo e a crescente importância da sustentabilidade.
Com um impacto económico significativo e uma procura consistente, o mercado de luxo continua a ser um pilar importante da economia nacional. As tendências apontam para um crescimento moderado, mas sustentado, principalmente em Lisboa e no Porto, com potencial para expansão em novas áreas geográficas, concluem os autores do estudo.
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