SPD elege líder parlamentar e homem forte para acordo de governo na Alemanha

  • Lusa
  • 16:36

Lars Klingbeil, 47 anos, foi eleito líder parlamentar dos social-democratas alemães, com 85,6% dos votos.

Os sociais-democratas alemães elegeram esta quarta-feira Lars Klingbeil para líder parlamentar do partido, numa renovação geracional após o seu desastre eleitoral no domingo, confiando-lhe também a liderança das negociações com os conservadores para formar uma coligação governamental.

“Eu próprio já consegui liderar duas negociações de coligação, foi divertido. Também nos preparou para o que está para vir (…) e, com a votação de hoje e o resultado de hoje, tenho agora um mandato forte “, declarou o político do Partido Social-Democrata (SPD) aos meios de comunicação social.

O líder da conservadora União Democrata Cristã (CDU), vencedora das eleições, e provável futuro chanceler, Friedrich Merz, felicitou Klingbeil e manifestou esperança de ambos poderem estabelecer “uma boa relação de trabalho” na próxima legislatura.

Depende principalmente de nós, no centro do espetro parlamentar”, assinalou Merz, referindo-se às negociações para formar uma coligação entre os sociais-democratas e os conservadores, o que deixaria o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) remetido à condição de principal força de oposição, depois de obter uma votação recorde e o segundo lugar no escrutínio.

Lars Klingbeil, natural da Baixa Saxónia e que completou 47 anos no dia das legislativas, foi eleito com 85,6% dos votos, menos do que o seu antecessor, Rolf Müntzenich, 65 anos, que venceu três votações no grupo parlamentar desde 2019.

O novo líder da bancada do SPD é oriundo da ala conservadora do partido, ao contrário do seu antecessor mais progressista, e foi escolhido com 95 votos a favor, 13 contra e três abstenções, após a força política ter alcançado apenas 16,4% dos votos nas eleições para a câmara baixa, reduzindo a sua representação de 207 para 120 lugares, o seu pior resultado em 138 anos.

Depois do desastre eleitoral e de o SPD ter caído de primeiro para terceiro partido mais votado, o atual chanceler, Olaf Scholz, anunciou que não faria parte do futuro governo nem participaria nas negociações sobre a formação de uma “grande coligação”, abrindo espaço para que esse papel seja assumido por Klingbeil.

De acordo com o portal Table.Media, as negociações exploratórias deverão começar em 06 de março no formato 6+6, ou seja, seis políticos do bloco conservador formado pela CDU e pelo seu partido irmão da Baviera, a União Social Cristã (CSU), e seis do SPD.

“Estou consciente da responsabilidade que temos como sociais-democratas de tornar este país forte e de garantir que temos um governo capaz de agir. Essa é também a vontade do SPD se iniciarmos as negociações, mas agora também cabe a Friedrich Merz garantir que temos sucesso”, comentou Klingbeil.

O político social-democrata, que é membro do parlamento desde 2009 e copresidente do SPD desde 2021 ao lado de Saskia Esken, criticou a CDU por estar já a falar publicamente de propostas como o financiamento das forças armadas antes de começar a trabalhar, embora concorde com o reforço dos gastos militares.

Klingbeil alertou aliás que as propostas tornadas públicas pelos meios de comunicação social ou pelos portais na Internet serão “automaticamente retiradas da mesa” de negociações. “Se queremos ser sérios, seremos sérios e isso significa confidencialidade e não encenação pública”, justificou.

Merz já indicou que pretende dar prioridade à política externa e de segurança, migrações e economia e, de acordo com o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, já abordou com o SPD a proposta de aprovar rapidamente despesas especiais de defesa até 200 mil milhões de euros.

Nesse sentido, está a ser ponderada a possibilidade de o novo pacote, que seria o dobro da dimensão do que foi aprovado há três anos, ser ainda submetido ao parlamento cessante, uma vez que dentro de quatro semanas, quando a nova câmara baixa estiver formada, os conservadores e os sociais-democratas já não terão (mesmo com o provável apoio dos Verdes) a maioria de dois terços para viabilizar um orçamento extraordinário.

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