Há 24 anos que o consumo das famílias não crescia tanto (com exceção do período da ressaca pandémica)
Crescimento das despesas de consumo das famílias subiu 5,1% em termos homólogos, a taxa mais elevada desde o início dos anos 2000, quando descontando o período pós-pandémico.
O consumo das famílias disparou na reta final do ano passado, refletindo o aumento de rendimentos, impulsionando o desempenho da economia. Descontando o período pós-pandémico, quando as taxas homólogas dispararam, influenciadas em grande parte pelo efeito de base, a taxa de crescimento das despesas de consumo das famílias não era tão elevada desde o início do ano 2000.
Os dados divulgados na sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a procura interna deu um contributo substancial para o crescimento homólogo de 2,8% da economia portuguesa no quarto trimestre de 2024. Esta evolução resultou sobretudo do aumento do consumo privado, que permitiu compensar a queda do investimento.
Na reta final do ano, o consumo das famílias subiu 5,1% em termos homólogos. Esta taxa apenas é ultrapassada pela variação de 6,1% registada no quarto trimestre de 2021, após uma quebra de 5,3% no trimestre equivalente do ano em que espoletou a pandemia, pelo crescimento de 18,8% verificado no segundo trimestre de 2021, largamente influenciada pela quebra de 16,8% no trimestre equivalente de 2020, e de 12,7% no primeiro trimestre de 2022.
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Entre as despesas de consumo das famílias residentes, destacam-se o crescimento homólogo de 7,2% de bens duradouros e de 4,9% de bens não duradouros, dos quais a subida de 3,1% de bens alimentares.
Por seu lado, as despesas de consumo das Administrações Públicas cresceram 0,9% no quarto trimestre. No total, as despesas de consumo final aumentaram 4,1%, a taxa mais elevada desde os 10,6% registados no primeiro trimestre de 2022.
Investimento quebra
O investimento caiu 0,9% no quarto trimestre em termos homólogos, após um crescimento de 1,9% no trimestre anterior. Os dados do INE permitem verificar que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) desacelerou, de uma taxa de crescimento de 4,4%, no terceiro trimestre, para 0,7%, enquanto o contributo da variação de existências (valor da diferença entre as entradas de existências e as saídas e as perdas correntes de bens constantes das existências) para a variação homóloga do Produto Interno Bruto (PIB) foi -0,3 pontos percentuais (pp.) no quarto trimestre (-0,5 pp. no trimestre anterior).
Na evolução da FBCF destaca-se a diminuição de 6,2% de outras máquinas e equipamentos no quarto trimestre face ao período homólogo, após um crescimento de 15,9% no trimestre anterior. Por outro lado, a FBCF em equipamento de transporte aumentou 1% no quarto trimestre (2% no trimestre anterior), enquanto a FBCF em construção subiu 3%, após uma taxa de 0,6% no terceiro trimestre, e a FBCF em produtos de propriedade intelectual também acelerou, registando um crescimento homólogo de 3,6% trimestre (2,8% no trimestre precedente).
Na procura externa, as exportações de bens e serviços, em volume, subiram 4,1% no quarto trimestre (5% no trimestre anterior), tendo as duas componentes registado crescimentos menos intensos, enquanto as importações aumentaram 4,7% (7,2% no trimestre anterior).
Na globalidade de 2024, o crescimento da economia desacelerou de 2,6% em 2023 para 1,9% em 2024. A procura interna apresentou um contributo positivo para a variação anual do PIB superior ao observado no ano anterior, verificando-se uma aceleração das despesas de consumo final, enquanto o contributo da procura externa líquida foi negativo em 2024, refletindo a desaceleração das exportações e a aceleração das importações.
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Há 24 anos que o consumo das famílias não crescia tanto (com exceção do período da ressaca pandémica)
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