Crise política não põe em causa IPO do Novobanco, refere o CEO
Com lucro recorde de 744,6 milhões em 2024, o Novobanco mantém planos para o IPO, apesar da incerteza política. Mark Bourke confia na estabilidade orçamental, qualquer que seja o partido no governo.
A potencial cenário de eleições antecipadas, que poderá materializar-se já na próxima semana com o chumbo de uma moção de confiança ao Governo, não deverá alterar os planos do Novobanco para abrir o seu capital a novos investidores através de uma operação em bolsa (IPO), que pode ocorrer até junho ou até ao final do setembro.
Esta foi a mensagem transmitida esta quinta-feira por Mark Bourke, CEO do Novobanco, durante a apresentação dos resultados financeiros de 2024 aos analistas, numa clara tentativa de tranquilizar investidores e mercados face à instabilidade política que tem caracterizado o panorama nacional nas últimas semanas.
“Este é um país com ampla estabilidade política, apesar da recente instabilidade política que poderá resultar na queda do Governo: ou é centro direita ou centro esquerda, com ambos os partidos de poder a estarem comprometidos com a estabilidade das contas públicas”, afirmou Bourke, numa análise pragmática do atual contexto político português.
Bourke foi ainda mais longe, estabelecendo uma linha de continuidade que transcende as cores partidárias. “Independentemente se será o PS ou PSD a governar, ambos têm políticas que são muito conservadoras ao nível orçamental e economicamente, e espero essencialmente que isso continue”.
Esta avaliação revela uma leitura do panorama político português alinhada com a perspetiva de muitos analistas e instituições financeiras que apontam para uma convergência pragmática das políticas económicas dos dois maiores partidos portugueses, apesar das diferenças ideológicas que os separam.
Além disso, o banqueiro afirmou ainda que “quaisquer conversações que façamos em redor do IPO ou em matérias relacionadas com isso com qualquer que seja o acionista [o Estado detém 11,46% do capital do Novobanco através da Direção-Geral do Tesouro e das Finanças] no poder, deverá estar no mesmo nível em termos de confiança que temos atualmente”.
Esta afirmação encerra uma dupla mensagem: por um lado, reflete a confiança inabalável da equipa de gestão na solidez do projeto Novobanco; por outro, sinaliza aos mercados que a operação de abertura de capital prosseguirá nos termos definidos pela equipa do banco, independentemente das vicissitudes políticas que o país possa atravessar nos próximos meses.
Desta forma, a janela que em fevereiro o Novobanco deu para avançar com o IPO — até junho ou até setembro — mantém-se intacta e sem qualquer alteração. A única coisa que está sob definição é a percentagem do capital que será colocado no mercado, sendo que essa alocação de capital estará dependente da procura por parte dos investidores, notou Bourke aos analistas.
Esta postura reflete também o culminar de um percurso de recuperação e consolidação que o Novobanco tem traçado nos últimos anos, e que agora se materializou num lucro recorde de 744,6 milhões de euros em 2024, um crescimento ligeiro de 0,2% face aos 743,1 milhões obtidos em 2023.
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