Venda do Novobanco “não é uma corrida de caricas”, alerta CEO do BCP

Os banqueiros estiveram esta quarta-feira a comentar a eventual entrada em bolsa do Novo Banco e as fusões e aquisições na banca. Santander pede “racionalidade económica".

O CEO do BCP disse esta quarta-feira que, com a oferta pública de aquisição (IPO) do Novobanco a avançar, não haverá concentração bancária nos próximos 12 meses, e alertou que este negócio “não é uma corrida de caricas”.

“Para fazer fusões e aquisições é preciso rigor e cumprir duas condições. Primeiro: criar valor para a sociedade, mercado, clientes e que resulte num banco mais robusto. Segundo: isto não é uma corrida de caricas. Quem está a gerir tem de pensar no futuro e nas consequências das suas decisões”, explicou Miguel Maya, numa conferência sobre banca organizada pelo Jornal Económico.

Na visão do líder do BCP, que admitiu tentar comprar o Novobanco, “a união bancária ainda está longe de estar completa”, incluindo o enquadramento para um level playing field. Na ótica do gestor, o que condiciona a capacidade de crescer é o capital e não tanto a dimensão, até porque a ideia de que só os grandes bancos são eficientes é antiga e está desatualizada, considera.

Miguel Maya marcou presença esta quarta-feira numa conferência sobre banca organizada pelo Jornal EconómicoTIAGO PETINGA/LUSA

Na mesma ocasião, o CEO do Santander alertou para o valor destas transações: “Tem de haver racionalidade económica (…). Não compensa um banco comprar outro ao valor contabilístico, porque não traz acréscimo de rentabilidade”, defendeu Pedro Castro e Almeida, garantindo que, a nível europeu, não têm havido aquisições de crescer por crescer. “Do que vemos na Europa, não me parece que haja uma situação apenas por dimensão”, afirmou.

Castro e Almeida comparou o ciclo da banca com as estações do ano: inverno de taxas de juros (negativas e sem fusões e aquisições) e verão de juros e rentabilidade elevados em 2023-2024.

Já o CEO do BPI não tem dúvidas de que o caminho escolhido pelo Novobanco será a entrada em bolsa em detrimento da venda direta a um concorrente. “Teremos um IPO no verão, até há calendário, entidades contratadas… O CEO penso que é uma pessoa séria e tem dito que esse é o caminho a seguir”, justificou João Pedro Oliveira e Costa.

Lembrando que é possível reinventar um setor “ferido” e torná-lo competitiva de novo, recordou como o setor financeiro português passou por um período de estabilização após a maior crise do último século. “A dimensão é um tema importante não só pela diluição dos custos como os investimentos que têm de ser feitos”, considerou, até porque existem desafios ultrapassar, como o investimento em tecnologia, entrada de outros operadores no mercado e atrair e reter talento qualificado

No dia 13 de fevereiro, o Novobanco comunicou ao mercado que o fundo Lone Star, que detém a maioria do seu capital, deu “indicação formal” para iniciar os preparativos para a realização de uma Oferta Pública Inicial (IPO). Entretanto, o CEO, Mark Bourke, afirmou que se as condições de mercado forem “favoráveis”, a operação poderá realizar-se no final do segundo ou do terceiro trimestre.

O CEO do Banco Montepio considera que “a solução que está em cima da mesa – o IPO – é fantástica para o mercado de capitais”. “Com um único banco cotado [BCP], essa dinâmica no mercado de capitais seria de salutar”, afirmou Pedro Leitão. Em relação à concentração ou tamanho dos bancos, referiu que a União Europeia, incluindo Portugal, não tem um problema de quantidade de bancos. “Não me parece que seja uma necessidade premente em Portugal nem as oportunidades de geração de valor me parecem óbvias”, assinalou.

O CEO do Crédito Agrícola (CA) adiantou que o processo de fusão interna que tem em marcha reduzirá as caixas agrícolas para 60. “É muito complexo, porque exige que em cada assembleia das caixas agrícolas seja aprovada a vontade dos associados em fundir-se com o vizinho”, contou Licínio Pina.

Questionado sobre o impacto de uma eventual compra do Novobanco pelos concorrentes, dado o peso relativo da CA, Licínio Pina foi taxativo: “Seria uma vantagem para o CA, porque passava de quinto [maior banco do país] para quarto.” “Somos um banco diferente, não estamos focados nessa matéria, mas sim nas fusões de caixas agrícolas de modo a reduzir de 67 para menos quanto possível”, reforçou o líder do CA, para quem a concorrência “é de salutar”.

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