Exclusivo Americanos do Texas atentos ao mercado português de ‘data centers’
Digital Realty e Prime Data Centers são duas empresas norte-americanas já com investimentos em Espanha e que nos últimos meses têm estado atentas ao mercado português de 'data centers'.
A proximidade de Portugal a cabos submarinos e o acesso a energia renovável continuam a captar o interesse de investidores estrangeiros, lançando as bases para a futura instalação de novos data centers no país. A Digital Realty e a Prime Data Centers são duas empresas norte-americanas sedeadas no Texas que têm estado nos últimos meses a olhar para o mercado português, sabe o ECO.
A Digital Realty é cotada na bolsa de Nova Iorque, onde apresenta um valor de mercado próximo dos 50 mil milhões de dólares (45,7 mil milhões de euros). A empresa já tem diversos data centers no continente europeu, incluindo quatro em Madrid, onde oferece quase 59 mil metros quadrados de área para a instalação de servidores. Entre os seus parceiros, encontram-se a AWS, Microsoft, Google e NVidia.
Duas fontes do mercado indicaram ao ECO saber que a Digital Realty tem vindo a estudar um possível investimento futuro no país. No entanto, não foi possível confirmar se a empresa está mesmo determinada nesta altura em vir a construir um data center em Portugal. Questionado sobre estas informações, Robert Assink, managing director da Digital Realty em Espanha, respondeu apenas: “neste momento, não podemos publicitar nada sobre Portugal. Assim que haja quaisquer novidades, daremos a conhecer.”
Na conferência telefónica de apresentação dos últimos resultados anuais, realizada a 13 de fevereiro, ficou evidente a ambição de expansão da Digital Realty, com o CEO, Andrew Power, a referir que a empresa alargou a capacidade em mais de 200 MW em 2024, com um pipeline de projetos em execução acima dos sete mil milhões de dólares (6,4 mil milhões de euros), e um investimento executado de dois mil milhões de dólares no ano passado. A cotada fechou ainda o ano com seis mil milhões de dólares de liquidez.
Outra empresa norte-americana atenta a Portugal é a Prime Data Centers. Depois de três fontes terem revelado ao ECO as movimentações desta empresa no mercado português, Louise Jarvis, VP de Business Development da Prime para a Europa, negou que esteja para avançar qualquer investimento no país, mas confirmou que a empresa está a analisar o mercado em Portugal: “O nosso foco neste momento é Espanha, Alemanha e os países nórdicos. Estamos a seguir o mercado, mas ainda é demasiado cedo para nós”, disse a responsável.
Ainda assim, o ECO apurou que a Prime Data Centers já é membro da Associação Portuguesa de Centro de Dados, também conhecida como PortugalDC, de acordo com a própria instituição. A organização foi criada em 2023 para congregar e representar os vários agentes deste setor.
A Prime Data Centers é uma empresa de capital privado que gere várias destas infraestruturas em múltiplas localizações nos EUA. Mas, recentemente, começou a expandir-se para a Europa. Na Dinamarca, a Prime está a construir um campus de data centers com 124 MW de capacidade desde fevereiro de 2023.
Está também a instalar, desde maio de 2024, um data center de 40 MW no município de Alcobendas, num terreno com mais de três hectares. A empresa apresenta este futuro centro nas proximidades de Madrid como “um ponto de conexão para as regiões costeiras e Portugal”.
Este mês, a Comissão Europeia deu luz verde à aquisição do controlo da Prime Data Centers por três empresas americanas, a Ares Management Corporation, o grupo Macquarie e o grupo Data Realty. Apesar da semelhança no nome e de também ter sede no Texas, o Data Realty Group não estará relacionado com a Digital Realty, confirmou o ECO junto de duas fontes do setor.
Questionada sobre o interesse destes investidores norte-americanos no mercado português, fonte oficial da Embaixada dos EUA em Lisboa respondeu que não comenta “sobre potenciais investimentos de empresas privadas norte-americanas”.
A procura por capacidade de computação tem vindo a aumentar a nível global, em função da crescente digitalização da economia e do desenvolvimento e adoção de soluções avançadas de inteligência artificial (IA), uma tecnologia com fortes necessidades de processamento de dados e de informação.
Em Portugal, o maior investimento em curso em data centers é o da Start Campus em Sines, uma joint venture da norte-americana Davidson Kempner com a britânica Pioneer Point Partners. O Sines DC, junto à antiga central a carvão da EDP, está programado para ter 1,2 GW de capacidade quando ficar totalmente concluído, o que está previsto para 2030, representando um investimento total de 8,5 mil milhões de euros.
Também a norte-americana Equinix, que construiu um dos primeiros data centers em Lisboa no final dos anos 90 e está prestes a concluir a construção de um segundo, já confirmou que irá avançar para a instalação de um terceiro data center na capital portuguesa provavelmente em 2027, conforme noticiou o ECO este mês.
Vários stakeholders desta indústria têm destacado nos últimos anos a crescente atratividade de Portugal para acolher novos data centers, devido a fatores como a proximidade aos cabos submarinos, a disponibilidade de terrenos para construção com capacidade de expansão e a baixa propensão a fenómenos naturais extremos.
Mas o país também tem vindo a ganhar relevância graças à disponibilidade de energia renovável, numa altura em que alguns dos principais mercados internacionais para a indústria de data centers começam a enfrentar dificuldades no fornecimento de energia a estas infraestruturas, que consomem vastas quantidades de eletricidade.
De acordo com uma estimativa da PortugalDC, o setor poderá canalizar mais de 12 mil milhões de euros de investimento para Portugal ao longo dos próximos cinco anos.
O ECO também contactou oficialmente a Digital Realty e a Prime Data Centers, na tentativa de obter mais informações, mas não obteve respostas até à publicação desta notícia.
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