Investidores já antecipam cinco cortes das taxas de juro dos EUA até ao final do ano
Tarifas comerciais de Trump aumentam a pressão sobre a Fed para cortar as taxas de juro, com os investidores a anteciparem que as Fed Funds possam baixar para entre 3% e 3,5% até ao final do ano.
Os mercados estão a ajustar rapidamente as suas expectativas relativamente à política monetária da Reserva Federal dos EUA (Fed), como resultado da nova política comercial de Donald Trump, marcada por subidas significativas das tarifas sobre as importações.
Segundo os dados mais recentes da ferramenta FedWatch da CME Group, os traders de taxa de juro atribuem agora uma probabilidade de 48% a um corte de 25 pontos base das taxas de juro diretora na próxima reunião do Comité de Política Monetária da Fed (FOMC), marcada para 6 e 7 de maio.
Este movimento representa um aumento significativo face à probabilidade de apenas 14% registada na semana passada, refletindo uma crescente preocupação com o impacto económico das tarifas comerciais impostas pela Administração Trump.
A sustentar este aumento das expectativas dos traders está uma crescente preocupação dos investidores com os sinais de abrandamento económico e as incertezas associadas às políticas comerciais dos EUA. Estas dinâmicas estão também a influenciar as expectativas para a trajetória das taxas de juro, com os mercados a anteciparem agora até cinco cortes de 25 pontos base até ao final do ano, o que colocaria a taxa diretora num intervalo entre 3% e 3,25%.
Se há uma semana apenas 7,5% dos traders antecipa que as Fed Funds pudessem chegar ao final do ano em níveis entre 3% e 3,25%, atualmente essa percentagem cresceu até aos 35,4%, ao mesmo tempo que 32,8% dos traders prevê que as taxas de juro nos EUA possam terminar o ano no intervalo 3,25%-3,5%.
Apesar das expectativas crescentes no mercado, o presidente da Fed, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso no seu discurso proferido na sexta-feira, durante a conferência anual da Society for Advancing Business Editing and Writing.
Powell sublinhou que “não há necessidade de apressar” decisões sobre cortes nas taxas de juro, destacando que o banco central está focado em manter o equilíbrio entre os seus dois mandatos: pleno emprego e estabilidade de preços.
O presidente da Fed reconheceu que os riscos económicos aumentaram devido às novas tarifas e às incertezas associadas às políticas comerciais, mas frisou que a economia norte-americana continua sólida, com crescimento moderado e um mercado laboral equilibrado. “Estamos bem posicionados para esperar por maior clareza antes de considerar qualquer ajuste na nossa política monetária”, afirmou Powell.
Um dos principais desafios identificados por Powell é o impacto das tarifas sobre a inflação. Embora estas possam gerar um aumento temporário nos preços, o presidente da Fed alertou para a possibilidade de efeitos mais persistentes caso as expectativas de inflação a longo prazo não permaneçam ancoradas.
Neste contexto, a Fed mantém-se vigilante aos dados económicos e à evolução das condições financeiras antes de tomar qualquer decisão, ao mesmo tempo que continua a ser fortemente pressionada por Donald Trump, com o presidente dos EUA a utilizar a sua rede social para instigar Powell a cortar rapidamente as Fed Funds.
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