Portugal espera acolher 1,2 milhões de visitas na Expo de Osaka

Cada bilhete custa 30 euros e só pode ser comprado online. É obrigatório preencher um formulário, fazer registo online e assinalar o dia da visita. A exposição decorre de 13 de abril a 13 de outubro.

Criado a partir do traço do arquiteto japonês Kengo Kuma, o pavilhão de Portugal convida os visitantes da Expo 2025 em Osaka a mergulhar e descobrir o oceano, seguindo os conceitos de sustentabilidade e economia circular. Com 9.972 cordas suspensas que pesam mais de 60 toneladas e redes recicladas, o impacto visual é inegável e é também graças a ele que a organização espera acolher 1,2 milhões de visitantes, ao longo dos 184 dias do evento.

A meta é ambiciosa, reconhece Joana Gomes Cardoso, a comissária-geral da exposição, sobretudo porque a venda de bilhetes não está a decorrer ao ritmo esperado. Cada bilhete custa 30 euros e apenas pode ser comprado online. É obrigatório preencher um formulário, algo complexo, fazer o registo online e assinalar o dia em que se pretende visitar a exposição, montada numa ilha artificial ao largo de Osaka criada especificamente para o efeito – a Ilha Yumeshima.

Os requisitos são impostos pelas autoridades nipónicas por questões de segurança, mas os países participantes têm tentado sensibilizá-las para simplificar o processo e assim atrair mais visitantes.

Por comparação, na Expo 2020 no Dubai foram recebidos 24 milhões de visitantes. Osaka espera 28 milhões. “Mas só no fim se verá”, diz a comissária. O pavilhão de Portugal em terras árabes recebeu 840 mil visitantes, mas este ano a fasquia está nos 1,2 milhões. O pavilhão está preparado para receber 17 a 19 mil visitantes diários, num sistema de entradas controladas, mas este número pode subir se a opção for entradas em free flow, ou seja a cada cinco minutos entrar um determinado número de pessoas.

Pela primeira vez nestas andanças das exposições mundiais Portugal integrou o restrito grupo de 20 países que tinha tudo pronto para receber visitantes numa pré-inauguração que decorreu este domingo, contou Bernardo Amaral, diretor do Pavilhão que tem 1.700 metros quadrados. Cerca de 45 mil de pessoas tiveram oportunidade de ver o que está a ser preparado.

O pavilhão português recebeu duas mil pessoas em quatro horas e apesar de terem esperado cerca de uma hora na fila, mesmo assim houve um feedback muito positivo. “O pavilhão gera imensa curiosidade e recetividade. O impacto estético e a arquitetura são muito comentados”, conta Joana Gomes Cardoso. Mas a localização perto do pavilhão do Japão também pode potenciar as visitas.

Mas o pavilhão também já deu que falar e não por boas razões. O facto de ser da autoria de um arquiteto japonês não foi bem aceite pela comunidade de arquitetos nacionais. A Aicep escuda-se nas regras. Portugal lançou um concurso público internacional e a escolha recaiu sobre Kengo Kuma que tem a arquiteta Rita Topa como associada.

O nipónico foi o arquiteto selecionado pela Gulbenkian para projetar a ampliação dos jardins, na ala sul da fundação, assim como a renovação e ampliação da nova entrada de acesso ao antigo Centro de Arte Moderna (CAM), mas é também do seu estirador que vai sair a reconversão do matadouro do Porto.

As exigências que as autoridades nipónicas impuseram quer ao nível das regras de segurança para a construção do pavilhão numa zona de grande atividade sísmica quer de projetos já feitos nos Japão excluía muitos dos profissionais nacionais.

“Todos nós gostaríamos que tivesse havido um regime de exceção para permitir que houvesse um arquiteto português, à semelhança do que aconteceu noutros pavilhões europeus”, admite Joana Gomes Cardoso, recordando que o concurso foi validado pelo Tribunal de Contas e que este nem sequer solicitou muitos esclarecimentos adicionais.

Agora, na extensa programação cultural estão previstas várias exposições de arquitetos portugueses, nomeadamente uma exposição dedicada a Siza Vieira que será inaugurada no Dia Nacional de Portugal na exposição a 5 de maio.

Neste dia estão previstos outros eventos como o concerto de Ana Moura, Camané e Ricardo Ribeiro em homenagem a Amália Rodrigues, uma das maiores embaixadoras da música portuguesa no Japão. Está prevista uma atuação de Dino Santiago para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa e do grupo Crash Recycled que apresenta uma performance dedicada às crianças sobre a importância da reciclagem.

Outro dia em grande é mesmo o 10 de junho com o concerto de Carminho e no qual será dado grande destaque à literatura com uma iniciativa com autores portugueses traduzido em japonês, como José Luís Peixoto – ou clássicos como Fernando Pessoas – para analisar Haiku, um tipo de poemas curtos japoneses.

Mas a programação vai incluir um pouco de tudo para dar aos visitantes o máximo de oportunidades para ver o que de bom se faz em Portugal.

A narrativa no pavilhão foi construída em torno do oceano. “O oceano é o elo de ligação entre Portugal e o Japão que reflete a história, cultura e inovação”, explica o presidente da Aicep Ricardo Arroja. A exposição conduz os visitantes por cinco “ilhas”, com diferentes dimensões desta ligação e esta é uma dos elementos da exposição permanente.

Existe depois um segundo núcleo com “uma instalação digital imersiva para sublinhar a importância dos oceanos para a sustentabilidade do planeta e o papel da tecnologia portuguesa para esse fim”, acrescentou Ricardo Arroja lembrando que “só 25% dos oceanos estão mapeados” e que “há muito para descobrir ainda”.

Conteúdos Expositivos – Pavilhão Portugal – Expo 2025 Osaka

O pavilhão conta ainda com uma loja e um restaurante porque não há nada melhor do que ver e provar os produtos nacionais para promover um “turismo de autenticidade”. Na loja do pavilhão haverá 243 produtos nacionais de 25 empresas e um espaço de restauração dedicado à promoção da gastronomia nacional.

Haverá um chefe português em permanência, mas depois serão convidados chefs portugueses, para um programa partilhado com um chef japonês, que estarão em Osaka e em Tóquio. O primeiro será com Diogo Rocha, o chef da Mesa de Lemos, em Viseu, e que conta com uma estrela Michelin.

E como em todas as exposições mundiais Portugal tem uma mascote. A Umi é um cavalo-marinho, cujas nadadeiras, coroa e cauda são decoradas com azulejos portugueses azuis a brancos. Foi criada pelo Turismo de Portugal, tal como os logos da exposição, e “simboliza a forte e duradoura ligação entre Portugal e o Japão”. “Mais do que uma simples figura, a Umi, oceano em japonês, “representa uma fusão de culturas, histórias e visões de futuro, enraizadas na ligação comum com o oceano”.

Umi, a mascote Expo 2025 Osaka

A Expo de Osaka tem ainda uma outra vertente – uma exposição espelho que se desenrola em solo português. Já arrancou a 30 de novembro e irá decorrer ao longo de 2025 com eventos programados em várias regiões do país. “Em parceria com diversas instituições e entidades nacionais, serão promovidas exposições, conferências, ciclos de cinema, concertos e outros espetáculos, proporcionando ao público uma imersão na cultura japonesa e nas relações históricas e contemporâneas que unem Portugal ao Japão”, explica a nota de imprensa.

– 13 abril – 13 outubro 2025 (184 dias)
– 161 países | 7 organizações internacionais
– 28,2 milhões de visitantes estimados
– 12% visitantes de origem internacional | 88% visitantes japoneses

 

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