Miranda Sarmento admite efeito das tarifas na aceleração das importações no arranque do ano
Ministro das Finanças justifica desempenho da economia no primeiro trimestre com o forte crescimento na reta final de 2024 e assinala desaceleração no investimento em construção e consumo.
O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, atribuiu esta segunda-feira a contração do Produto Interno Bruto (PIB) no arranque do ano, de 0,5% na comparação em cadeia, aos níveis de crescimento registados nos três meses precedentes. O governante admite que o acelerar das importações já reflita o efeito das tarifas.
“Não nos deve surpreender muito, porque o crescimento em cadeia do quarto trimestre foi o mais elevado desde a entrada no euro, com exceção da pandemia“, considerou Miranda Sarmento, durante uma intervenção no almoço-debate organizado pelo International Club of Portugal sobre os “desafios económicos, financeiros e orçamentais de Portugal e da UE”, no qual foi o orador convidado.
O ministro das Finanças aprofundou o argumento já defendido pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, no debate das legislativas de domingo à noite. Montenegro tinha desvalorizado a questão e atribuiu os resultados “ao último trimestre de 2024”, sublinhando que este “teve uma taxa de crescimento muitíssimo elevado”. “Temos todas as condições para chegar ao final com todas as nossas estimativas cumpridas. Evidentemente que temos de ser prudentes, mas também temos de ser ambiciosos”, garantiu.
Miranda Sarmento sublinhou que na variação em cadeia se registou um contributo nulo da procura interna. “O que não deixa de ser razoável face ao crescimento muito elevado no quarto trimestre, provavelmente alguma desaceleração do investimento em construção”, disse, assinalando ainda o impacto do abrandamento do consumo privado.
O governante destacou ainda a aceleração verificada nas importações, o que, admite, “poderá ou não já ter a ver com alguma antecipação do efeito das tarifas“. As exportações cresceram 7,8%, enquanto as importações subiram 7,1% no primeiro trimestre do ano, face ao mesmo período do ano passado, segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na semana passada.
Miranda Sarmento defendeu ainda que as taxas de evolução do PIB estão “agora de certa maneira a estabilizar dentro do que é a sua estimativa de médio e longo prazo”.
Ainda assim, o ministro considerou que o crescimento de 1,9% na globalidade de 2024 “é manifestamente pouco”, considerando que o país deveria estar a crescer próximo de 3%. “Quando olhamos para o PIB potencial resulta de crescimentos de produtividade bastante baixos“, apontando para um crescimento anual médio da produtividade de 0,8% nos últimos 25 anos.
“Quando iniciámos funções iniciamos com propósito de aumentar a produtividade e ter economia a crescer mais, e com essa criação de receita, ter salários mais elevados e mais receita fiscal”, afirmou.
O ministro sinalizou ainda que o Governo está a refletir sobre o estudo do Livre Verde da Segurança Social. “Em 2029 diremos o que é necessário em termos de Segurança Social“, disse.
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