Santander deixa Polónia. CEO do BCP rejeita fazer o mesmo

O Santander anunciou esta segunda-feira a venda da quase totalidade da participação no seu banco na Polónia. O presidente executivo do BCP garante que não seguirá o caminho do rival espanhol.

“Não está em cima da mesa sair da Polónia”, afirma, perentório, o presidente executivo do BCP, numa entrevista ao ECO a propósito dos prémios Investor Relations and Governance Awards, uma iniciativa da Deloiite. Miguel Maya rejeita assim seguir a estratégia do Santander, que esta segunda-feira anunciou a venda da quase totalidade da sua participação na sua unidade polaca.

O Santander entrou na Polónia em 2011 através da aquisição do Bank Zachodni WBK, consolidou-o com o Kredyt Bank, e criou a terceira maior instituição financeira do país, com uma quota de mercado de 8% em 2024. Esta segunda-feira, o banco espanhol anunciou a venda de 49% do capital ao austríaco Erste Group Bank pelo equivalente a 6,8 mil milhões de euros, mantendo uma participação de 13%. Alienou ainda a sua posição de 50% no negócio de gestão de ativos por 200 milhões.

“A Polónia é uma operação muito interessante, que fez ela própria um processo de recuperação”, destacou Miguel Maya ao ECO. “A nossa gestão é baseada em factos, em dados, e, portanto, questionamos tudo: o crédito pessoal, o crédito à habitação, as operações, a rentabilidade, investimentos, sucursais. Tudo isto, não damos nada por adquirido, estamos permanentemente a fazer um assessement”, apontou, assegurando, no entanto, que “não está em cima da mesa sair da Polónia”.

O BCP está na Polónia desde o ano 2000, quando entrou no capital do BIG Bank GDAŃSKI, rebatizado para Bank Millennium, detendo atualmente uma participação de 50,1%. A instituição registou um crescimento dos lucros de 31,7% no ano passado, para os 167,1 milhões de euros, conseguindo um resultado positivo pelo segundo ano consecutivo, mas durante um longo período pesou nas contas do BCP, devido a várias “tormentas”, expressão usada por Miguel Maya em 2022.

O banco foi obrigado a constituir provisões para fazer face às contingências na carteira de crédito hipotecário em francos suíços e, mais tarde, devido à aprovação de uma nova lei sobre moratórias de crédito. Nas contas do ano passado, contabilizava provisões de 460 milhões para o stock de 750,2 milhões de euros em empréstimos na divisa suíça e mais 26,2 milhões para as moratórias. Foi também criado um Fundo de Proteção Institucional (IPS, na sigla em inglês), para assegurar a estabilidade do setor, para o qual o Bank Millinnium também teve de contribuir.

A presidente do Santander, Ana Botín, justifica a venda na Polónia como “mais um passo-chave no foco estratégico de criação de valor para o acionista” e “o crescimento da escala do grupo em geografias com mercados altamente conectados”. Metade da mais-valia de 3,2 mil milhões de euros será usada para acelerar o programa de recompra de ações, que é antecipado para o início de 2026, podendo o montante total de até 10 mil milhões ser aumentado.

O Santander desinveste num mercado cuja economia deverá crescer 3,2% este ano, contra apenas 1,5% na média da União Europeia, e num banco que em 2024 apresentou um retorno do capital (RoTE) de 22%, acima dos 16,3% registados pelo grupo espanhol.

“Estamos a concretizar um objetivo estratégico de longa data: enquanto principal financiador na Europa Central e de Leste, continuamos a alargar a nossa presença na região e a expandir-nos num dos mercados bancários mais dinâmicos e rentáveis da Europa”, reagiu o CEO do Erste Group, Peter Bosek.

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