Salário médio líquido ultrapassa 1.200 euros pela primeira vez. Veja as profissões com maiores aumentos

No primeiro trimestre, os trabalhadores dependentes tiveram um aumento de quase 10% no salário médio face há um ano. Descontando o efeito da inflação, a valorização foi menor, de 7,2% ou 79 euros.

O salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem ultrapassou, pela primeira vez, a fasquia dos 1.200 euros. No primeiro trimestre do ano, subiu 9,86% para 1.203 euros, o que representa mais 108 euros em comparação com o mesmo período do ano passado, quando o ordenado médio já limpo de impostos e contribuições sociais estava nos 1.095 euros mensais, segundo os cálculos do ECO com base nos novos dados publicados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), juntamente com as estatísticas do emprego relativas ao período entre janeiro e março de 2025.

Em termos reais, já descontando o impacto da inflação média dos últimos 12 meses registada em março, de 2,42%, o crescimento foi menor, mas ainda significativo: 7,2% ou 78,9 euros. Isto significa que 29,1 euros do aumento nominal de 108 euros foi “comido” pela subida dos preços. Subtraindo então o efeito do custo de vida, o ordenado médio líquido avançou para 1.173,9 euros.

O rendimento médio mensal líquido da população empregada por conta de outrem, já depois da retenção na fonte em sede de IRS e das contribuições sociais, tem estado a crescer consecutivamente. No ano passado, a folha salarial dos trabalhadores subiu 100 euros para 1.142 euros, correspondendo a um aumento de 9,6%, em relação ao vencimento médio de 1.042 euros de 2023. Foi a maior subida da década.

O arranque de 2025 mantém esta trajetória ascendente das remunerações, com destaque para os ordenados dos técnicos de nível intermédio, Forças Armadas, professores e médicos, que tiveram os maiores aumentos salariais neste período.

Na variação em cadeia, do quarto trimestre de 2024 para os primeiros três meses de 2025, o aumento do salário médio líquido foi mais modesto, de 1,6% ou 19 euros em comparação com o ordenado de 1.184 euros calculado pelo INE.

Maiores aumentos para técnicos, militares, professores e médicos

Analisando a variação das remunerações médias líquidas por grupos de profissões, o INE mostra que, no primeiro trimestre do ano, os técnicos e profissões de nível intermédio, as atividades intelectuais e científicas, onde se incluem professores e médicos, e as Forças Armadas foram as classes que registaram um maior aumento dos salários.

No topo do ranking, estão os técnicos de nível intermédio que passaram a ganhar 1.294 euros, ou seja, mais 11,94% ou 138 euros, face ao ordenado de há um ano, que estava nos 1.156 euros. Em segundo lugar, surge o grupo das atividades científicas e intelectuais. A folha de vencimento destes profissionais subiu de 1.499 euros para 1.651 euros, um aumento de 152 euros, o que se traduz num crescimento homólogo de 10,14%, sobretudo à boleia do descongelamento da carreira dos professores e da valorização das carreiras dos médicos.

A completar o pódio das maiores subidas no salário médio líquido estão os militares das Forças Armadas, que tiveram um incremento remuneratório de 9,9% ou de 137 euros, o que elevou o ordenado de 1.384 para 1.521 euros, um resultado influenciado pela atualização das remunerações e por um novo aumento em 50 euros do suplemento de condição militar, que passou de 300 para 350 euros mensais, no início do ano.

Em sentido oposto, entre os grupos profissionais com aumentos salariais menos significativos, em termos homólogos, e que ficaram abaixo do aumento médio (9,86%), estão os representantes do poder legislativo e gestores de topo, os funcionários não qualificados e os trabalhadores da montagem.

Entre janeiro e março, o vencimento dos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos atingiu os 1.945 euros, uma subida de 5,20% ou de 96 euros face ao ordenado do mesmo período do ano passado, de 1.846 euros. Esta evolução está diretamente relacionada com o fim do corte salarial de 5% no início do ano. A penalização sobre os titulares de cargos políticos e gestores públicos perdurava desde o período da troika e foi eliminada por proposta de PSD e CDS, aprovada no âmbito do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).

Na lista das menores variações, seguem-se os funcionários não qualificados, cujo ordenado médio líquido deu um salto de 6,55% ou 45 euros, evoluindo de 687 para 732 euros. Os trabalhadores da montagem completam o grupo de profissões com incrementos remuneratórios mais modestos: beneficiaram de um aumento de 7,65% ou de 73 euros, o que elevou o ordenado médio líquido de 954 para 1.027 euros.

Forças Armadas e agricultores com perda salarial na variação em cadeia

Na comparação entre o último trimestre de 2024 e os primeiros três meses do ano, os militares, os técnicos de nível intermédio e os agricultores sofreram uma redução no rendimento mensal líquido, o que pode ser explicado eventualmente por efeitos sazonais, uma vez que, em dezembro, os trabalhadores recebem o subsídio de natal.

No caso das Forças Armadas, verificou-se uma redução salarial de 11,26% ou de 193 euros, o que fez o ordenado cair de 1.714 para 1.521 euros, entre o último trimestre de 2024 e o primeiro deste ano. Esta variação decorre fundamentalmente do aumento do subsídio de risco, de 100 para 300 euros mensais, que foi pago em outubro do ano passado com efeitos retroativos a 1 de julho.

Em relação aos técnicos de nível intermédio, os salários encolheram 0,99% ou 13 euros, passando de 1.307 para 1.294 euros, o que poderá dever-se ao pagamento do subsídio de natal, em dezembro. Quanto aos agricultores, a remuneração também caiu de um trimestre para o outro. Estes trabalhadores viram o ordenado minguar 0,71% ou seis euros, o que ditou uma quebra de 847 para 841 euros mensais. De salientar que o trabalho deste grupo profissional é muito sazonal.

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