Santa Casa lucra 30,3 milhões em 2024. Jogos entregam ao Estado quase 900 milhões
Após o recorde de 2019, os jogos sociais da SCML alcançaram o segundo melhor resultado da sua história em termos de vendas brutas, com um volume de 3,1 mil milhões.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) teve um resultado líquido de 30,3 milhões de euros em 2024, o que representa um disparo de 1.112% em relação ao lucro de 2,5 milhões de euros registado no ano anterior. A organização sem fins lucrativos, prestadora de apoios sociais e responsável por lotarias e apostas, alcançou as melhores contas desde o período pré-pandemia.
O valor faz com que a SCML se encontre em “em boas condições” para cumprir um dos principais objetivos do plano de reestruturação: obter, em 2027, um saldo de gerência no valor de 100 milhões de euros, informou a instituição liderada por Paulo Alexandre Duarte de Sousa, no relatório financeiro e de gestão publicado esta terça-feira.
O investimento fixou-se em 22,6 milhões de euros em 2024, sendo que sobressaiu a área do património, com 7,4 milhões de euros alocados a obras de reabilitação em prédios de rendimento, além de 4,4 milhões para a atividade. Nota ainda para a verba de um milhão de euros de investimento em jogo responsável.
Por sua vez, os 4,8 milhões de euros em receitas de capital deveram-se essencialmente aos desinvestimentos em participações não estratégicas, como o Fundo Core Restart e a clínica CUF de Belém.
O provedor da SCML referiu que 2024 foi “o melhor ano, em termos financeiros, dos últimos cinco”. “Nos últimos quatro anos, a Santa Casa teve um período difícil e, se não fosse a ajuda da Segurança Social, teria acumulado 130 milhões de prejuízos”, afirmou Paulo Sousa, em conferência de imprensa.
A despesa corrente aumentou 1,12%, para 253,8 milhões, tendo os gastos com o pessoal (161 milhões) sido o principal contributo, à semelhança do que tem vindo a acontecer nos últimos anos. Segundo o provedor, a subida residual é uma boa notícia, até porque é uma “opção de gestão claramente assumida” ter a “possibilidade de remunerar melhor quem aqui trabalha”.
Sobre a meta dos 100 milhões prevista no plano de reestruturação, o administrador da SCML com o pelouro do Empreendedorismo e Economia Social revelou que, no primeiro trimestre, o montante já era de 81 milhões de euros.
“Convém que a Santa Casa tenha uma almofada financeira. Com o confinamento e o apagão percebemos que existem elementos estranhos que requerem reconstruir as disponibilidades financeiras para outros desafios que possam surgir“, assinalou Luís Rego, em declarações a partir da Sala de Extrações da Lotaria Nacional, na antiga Casa Professa de São Roque, em Lisboa.
Em causa estão oito objetivos, quatro programas operacionais, 19 medidas e 100 medidas para recuperar a tesouraria da Santa Casa nos próximos dois anos. A título de exemplo, é preciso atingir a rentabilidade mínima de 4% da carteira de imóveis e obter uma taxa de crescimento anual a distribuir aos beneficiários de 10 milhões. Cada norma tem um orçamento e um responsável atribuído.
Jogos entregam ao Estado quase 900 milhões
Os Jogos Santa Casa alcançaram o segundo melhor valor da sua história, após o recorde em 2019, em termos de vendas brutas, com um volume de 3.142,9 milhões de euros, correspondendo a 895,7 milhões de euros entregues ao Estado, através da Distribuição de Resultados a Beneficiários (673 milhões) e do Imposto do Selo (211,6 milhões), o maior de sempre gerado pela venda dos jogos sociais.
Recordista em 2024 foi mesmo o valor de prémios pagos pelos Jogos Santa Casa aos apostadores, totalizando 2.073,2 milhões de euros. A performance positiva dos jogos sociais permitiu elevar o volume de remunerações pagas a mediadores para níveis históricos: 247,9 milhões.
Para o provedor da Santa Casa, este regresso à trajetória de crescimento é um “sinal de regularização da atividade e inversão do declínio dos jogos no período Covid e pós-Covid”.
No portefólio dos jogos, a Santa Casa destacou o EuroDreams, lançado no final de 2023, por ter registado vendas de 106 milhões no primeiro ano completo. Quanto à célebre lotaria nacional, as vendas caíram 3,1%, em termos homólogos, para 78 milhões, ao passo que a lotaria instantânea – vulgarmente conhecida como “raspadinha” – cresceu apenas 0,6%, de 1.836 para 1.848 milhões, embora continue a representar a a maioria (58,8%) da panóplia de jogos da SCML.
O Placard, que enfrenta uma significativa concorrência nas apostas desportivas online, contraiu 10% para 425 milhões (vendas) em 2024.
Notícia atualizada às 11h01
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