Australianos entram na banca em Portugal e querem depósitos
Pepper Group quer aproveitar retoma da economia e do crédito automóvel em Portugal. O presidente do grupo australiano que comprou o Banco Primus diz ao ECO que quer começar a receber depósitos.
Uma “combinação irresistível” entre bom ambiente económico em Portugal e robustez do banco levou o australiano Pepper Group a avançar para a compra do português Banco Primus, uma instituição financeira especializada no crédito ao consumo, por 65 milhões de euros. Com esta transação, que se encontra dependente da aprovação dos reguladores, o grupo australiano pretende expandir o seu negócio na Europa através de um mercado de crédito português em forte aceleração. Mas também quer depósitos.
“Há algum tempo que estamos a olhar para o mercado português. Vimos no ambiente económico, juntamente com o Banco Primus, uma combinação irresistível”, adianta o presidente do Pepper Group, Mike Culhane, ao ECO.
“O Banco Primus tem um negócio bem gerido com uma quota de mercado forte no segmento dos empréstimos automóveis em Portugal. É um setor que conhecemos bem, além de que o Banco Primus opera com grande proximidade com as nossas operações espanholas”, explica ainda.
O Pepper Group é um grupo financeiro australiano que atua no setor do crédito ao consumo. O grupo está atualmente cotado na bolsa do país, com um valor de mercado de cerca de 450 milhões de euros, o que permite ter uma ideia do que representa este investimento em Portugal. Na Europa, já está presente em Reino Unido, Irlanda e Espanha.
Já o Banco Primus dedica-se à concessão de crédito ao consumo, sobretudo automóvel, e ao mercado hipotecário em Portugal e Espanha, tendo alcançado receitas de 26,5 milhões de euros em 2016. Atualmente, detém uma carteira de ativos avaliada em cerca de 500 milhões de euros.
"Há algum tempo que estamos a olhar para o mercado português. Vimos no ambiente económico, juntamente com o Banco Primus, uma combinação irresistível.”
Com a compra do banco português aos franceses do Crédit Foncier, o Pepper Group assume Portugal como opção natural nos seus planos de expansão na Europa. E não é por acaso, conforme Mike Culhane teve oportunidade de explicar numa apresentação aos investidores realizada no mês passado.
Num contexto de forte aceleração do crescimento económico e com a confiança das famílias em máximos, o crédito automóvel em Portugal atingiu máximos de cinco anos em maio, segundo dados do Banco de Portugal. Dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP) mostram que desde o início do ano o mercado de automóveis cresceu mais de 8%, mantendo-se em forte expansão depois de uma contração severa nos anos de crise.
“Entramos no mercado português numa altura em que os fatores macro e microeconómicos parecem ser mais favoráveis para nós”, salienta Culhane. “Ao comprar o Banco Primus, ficamos com uma equipa de gestão classe mundial, que construiu um nicho no mercado de crédito automóvel em Portugal bastante atrativo“, explica.
"Ao comprar o Banco Primus, ficamos com uma equipa de gestão classe mundial, que construiu um nicho no mercado de crédito automóvel em Portugal bastante atrativo.”
A transação deverá ficar concluída no primeiro trimestre do próximo ano, aguardando por luz verde do Banco de Portugal e do Banco Central Europeu (BCE).
Opção depósitos
Desde o terceiro trimestre do ano passado que o Pepper Group estava à procura de uma oportunidade no sul da Europa. Encontrou-a em Portugal e a compra Banco Primus “encaixa-se perfeitamente na estratégia de procura de retornos elevados em segmentos onde há dinâmicas de mercado locais favoráveis”, contextualiza Mike Culhane.
Culhane descarta mais aquisições em Portugal porque é política do Pepper Group comprar apenas uma plataforma operacional em cada mercado. Mas há ideias para fazer crescer o pequeno banco português e que passam por alargar a oferta aos depósitos bancários, para lá do fortalecimento do negócio core de concessão de crédito ao consumo “com o lançamento de novos produtos”.
“Embora ainda esteja sujeito a aprovações regulatórias adicionais, a capacidade de obter depósitos em Portugal e Espanha dá ao grupo um benefício estratégico importante, porque permite acelerar o crescimento dos ativos sob gestão em ambos os países”, nota o presidente do Pepper Group.
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