Marques Mendes: “No momento da verdade, o PCP vai votar a favor do OE”
Marques Mendes considera que o Orçamento do Estado para 2018 vai ser aprovado com tranquilidade e critica a posição dos partidos de direita relativamente às cativações.
O Orçamento do Estado para 2018 “é, provavelmente o mais difícil de todos”, defende Marques, sugerindo que “o Orçamento vai passar tranquilamente”, porque, “no momento da verdade, o PCP vai mesmo votar a favor do Orçamento”.
No seu comentário semanal na SIC, Marques Mendes sublinhou que as críticas e objeções que o partido comunista tem feito se justificam pelo facto de o PCP estar “preocupado com as autárquicas”: “não tanto em perder câmaras, mas em perder maiorias”. Mas Marques Mendes garante que “o OE vai passar”. “Ninguém tenha dúvidas”. “No momento da verdade, o PCP vai mesmo votar a favor do Orçamento”, garante.
Marques Mendes sublinha que António Costa, esta semana, “deu um sinal aos parceiros” da coligação, ao alertar que “o Orçamento terá de ser equilibrado”. O comentador considera que o primeiro-ministro estava “um pouco encurralado e teve de passar ao ataque”. “Veio pôr a ordem na casa”, disse Marques Mendes, sublinhando que as afirmações de António Costa provam que neste período de campanha para as autárquicas o mote será de “eleitoralismo moderado”. Ainda que estas autárquicas estejam “a ser atípicas, com exageros de coisas excêntricas”, diz Marques Mendes, enumerando o desejo do presidente da Câmara de Coimbra em ter um aeroporto internacional ou a vontade do candidato do PS à Câmara da Guarda de a pedir para cunhar uma moeda.
Ainda relativamente ao Orçamento, Marques Mendes disse ter ficado “espantado” com a posição do PSD e do CDS relativamente às cativações. O comentador considerada incompreensível que PSD e CDS estejam alinhado com a esquerda nesta matéria. Que o Bloco e o PCP contrariem as cativações — uma espécie de poupança — porque querem sempre maios despesa, percebo, que o PSD e o CDS que também fizeram cativações no Governo e sempre defenderam cortes na despesa e poupanças que agora venham dizer que podem estar ao lado do PCP e do Bloco para mudar as regras, isso não compreendo”.
Sublinhando que considera “as cativações positivas” porque peritem aos Executivos gastar menos do que está definido como teto de despesa, defende que ao passar-se do Governo para a oposição não se podem mudar regras e comportamento porque isso mina a credibilidade de um partido”. “Não é credível”. Ter o PSD e o CDS do lado do Bloco do PCP nesta matérias “é quase pior do que vir o diabo”, concluiu.
Recorde-se que esta semana, o jornal Público citou o deputado Duarte Pacheco reiterando a anuência com as preocupações do BE. “Sempre dissemos que havia um problema de transparência e que o volume de cativações, o dobro das de 2015, foi uma opção política”, disse o deputado do PSD. Do lado do CDS, há uma proposta na Assembleia da República para pedir informação mensal sobre as cativações orçamentais, um pedido que o Executivo está a avaliar.
“Tancos e Pedrógão são dois pedregulhos na vida do Governo”
Marques Mendes considera que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, não tentou desvalorizar o caso de Tancos, na entrevista ao Diário de Notícias e TSF. Para o comentador “Tancos e Pedrógão são dois pedregulhos na vida do Governo”. “Sempre que se fala nestes temas é uma dificuldade para o Executivo”, diz aconselhando o ministro a ir, pelo próprio pé, ao Parlamento explicar esta questão.
Quanto a Pedrógão, Marques Mendes disse que não gostou “de ver o presidente da câmara de Pedrógão a lançar suspeitas para o ar”. “Nem mesmo uma campanha eleitoral justifica este comportamento”, sublinha o comentador, que também censura a oposição por usar este tema para “combate político”. Mas o Governo também “esteve mal”, na sua avaliação, porque só depois do “puxão de orelhas do Presidente da República” é que veio prestar alguns esclarecimentos.
Já quanto às viagens de autarcas a convite de empresas privadas como a Oracle, Huawei, Marques Mendes diz que, “ao longo dos anos”, viu “muitos autarcas, gente séria fazer estas viagens”. O comentador considera que “os autarcas devem fazer estas viagens”, para poder avaliar serviços e produtos que queiram adquirir, “mas devem pagá-las do seu próprio bolso”. “Todos os autarcas devem acabar com estas viagens às escusas de privados”, defende. E justifica: porque se depois de uma destas viagens houver uma compra ou adjudicação fica sempre a suspeita, mesmo que esteja tudo correto. “À mulher de César não basta ser séria”, acrescenta.
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