Presidente do IGCP diz que S&P não chega. Falta a Moody’s
Cristina Casalinho, em declarações ao jornal Público, afirma que “para a entrada nos índices de governos, é necessário que pelo menos duas agências de rating tenham Portugal em investment grade”.
A agência de notação financeira Standard & Poor’s anunciou na sexta-feira que a dívida portuguesa subiu de categoria, deixando de ser “lixo” e passando a ter uma notação de ‘BBB-‘, com um outlook “estável”.
A notícia foi bem recebida em Portugal já que além da DBRS, o país passa a contar com mais uma nota de ‘investment grade‘ por parte de uma grande agência de notação, o que lhe permite continuar a beneficiar dos programas de compras do BCE.
Além disso, ter uma uma boa classificação de uma das três maiores agências — S&P, Moody’s ou Fitch — coloca Portugal de novo no radar de investidores que estatutariamente só podem comprar dívida soberana com classificação acima de “lixo”.
Foi isso mesmo que disse este sábado Mário Centeno: “Alguns investidores necessitavam desta classificação para poderem transacionar dívida” nacional e “o facto de termos um conjunto de fontes de financiamento mais alargado, mais investidores interessados em financiar a dívida portuguesa, em transacionar dívida pública portuguesa, permitirá uma redução do custo de financiamento”.
Já a presidente do IGCP, o instituto que gere a dívida pública em Portugal, tem uma postura mais cautelosa, alertando que a decisão da S&P só terá impacto significativo no custo do financiamento da República quando for acompanhada por outra agência de classificação de dívida, de preferência a Moody’s, que ainda mantém Portugal no “lixo”.
“Para a entrada nos índices de governos é necessário que pelo menos duas agências de rating tenham Portugal em ‘investment grade’ e normalmente as que contam são a S&P e a Moody’s. Vamos ter de esperar pela decisão de ambas”, explicou Cristina Casalinho em declarações ao jornal Público [acesso concionado].
“Com a entrada nos índices de obrigações de governos europeus, os fundos de gestão passiva, que neste momento não compram obrigações do tesouro (OT), passam a adquiri-las [de forma automática]. Esta alteração estrutural da base de investidores poderá, acreditamos, potencializar a continuação do esforço de alisamento do perfil de reembolsos e alongamento de duração sem impacto no custo médio do financiamento”, afirmou Casalinho.
A presidente do IGCP garante ainda que Portugal já não vai mudar a estratégia para emissão de dívida para este ano, “na medida em que apenas temos mais dois meses efetivos de mercado para executar estratégia de financiamento, dificilmente alguma decisão de uma agência de rating pode permitir alterar a execução do programa deste ano”.
Recorda que está prevista ainda para 2017 uma emissão de obrigações do Tesouro de mais de 3 mil milhões de euros, com o objetivo de manter o mercado líquido e permitir que o BCE ainda tenha ativos para comprar no seu programa de ‘quantitative easing’.
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