Anacom aperta critérios. CTT afundam mais de 9%

  • Rita Atalaia
  • 12 Janeiro 2018

O regulador apertou os critérios aos CTT no serviço postal universal. Prevê uma quebra de 4,4% no volume de correio ao ano, durante os próximos três anos. Ações caíram mais de 9% esta sessão.

A Anacom apresentou um plano que os CTT vão ter de cumprir a partir de julho e até ao final de 2020. Neste plano, além de querer garantir a qualidade do serviço, o regulador das comunicações prevê um aumento médio anual de 1,9% dos preços ao longo deste período de três anos. Isto ao mesmo tempo que estima uma quebra anual de 4,4% do volume de correio. Uma proposta que levou as ações dos CTT a cair mais de 9% na sessão desta sexta-feira.

“A partilha assumida da poupança de custos e a eliminação das margens dos serviços reservados parece ser uma medida dura, mas, até certa medida, fica em linha com os princípios de outros negócios regulados”, referem os analistas do BPI, numa nota de investimento a que o ECO teve acesso.

“Nas nossas estimativas, assumindo a fórmula do preço [considerada pela Anacom] apenas para o período entre 2018 e 2020, o impacto na nossa avaliação será de um aumento de 3,8% (mais 18 cêntimos por ação)”, dizem. Mas se incluírem o corte dos preços dos serviços reservados, os analistas estimam uma perda de valor de 20 cêntimos por ação.

"A partilha assumida da poupança de custos e a eliminação das margens dos serviços reservados parece ser uma medida dura, mas, até certa medida, fica em linha com os princípios de outros negócios regulados.”

Analistas do BPI

É perante estes cálculos que o BPI considera que a proposta da Anacom é “negativa” para a empresa. E os investidores estão a fazer as mesmas contas, antecipando um impacto negativo nos resultados da empresa liderada por Francisco Lacerda, o que levou as ações a caírem 9,25% para 3,494 euros, no fecho da sessão desta sexta-feira.

Ações dos CTT afundaram 9% durante a sessão

A Anacom anunciou na quinta-feira quais os objetivos que os CTT vão ter de cumprir a partir de julho e até ao final de 2020, altura em que termina o atual contrato de concessão do serviço postal universal. As medidas são mais ambiciosas do que as atualmente em vigor, com o regulador a exigir aos Correios que cumpram um objetivo fixado, ao invés de um valor mínimo aceitável, como acontece atualmente.

Na proposta apresentada, a Anacom estabelece ainda que os preços a vigorar em 2019 e 2020 passem a ser atualizados em função do valor da inflação menos 1,28 pontos percentuais. O selo do correio normal até 20 gramas passa igualmente a estar limitado por esta fórmula. Além disso, 96,3% do correio normal terá de chegar ao destino no prazo máximo de três dias a contar a partir da data em que foi posto no marco ou entregue na estação dos Correios. Mas quase todas as cartas (99,9%) terão de ser entregues ao destinatário no prazo de cinco dias.

Os CTT já disseram esperar que os objetivos “não condicionem a viabilidade ou a sustentabilidade da prestação do serviço postal universal à população”. Para a empresa de Francisco de Lacerda, “é fundamental garantir e desenvolver em permanência um modelo de sustentabilidade de longo prazo para o setor de serviços postais, dado que o volume de correspondências tem estado numa contínua diminuição desde 2001, sendo hoje cerca de 50% inferior ao número de cartas enviado naquele ano”.

(Notícia atualizada às 16h39 com cotação de fecho)

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