Credores aprovam liquidação da Ricon, mas há negociações para salvar a empresa

Liquidação das holdings do grupo Ricon foram aprovadas pelos credores. Mas Pedro Pidwell, administrador de insolvência diz que há contactos para salvar as fábricas.

Pedro Silva, presidente e dono do grupo Ricon.Rui Apolinário / T Jornal

Os credores da Ricon, aprovaram esta manhã de terça-feira, no tribunal de Famalicão, a liquidação da empresa. Segundo o ECO conseguiu apurar, os credores votaram, na sua maioria, na proposta apresentada pelo administrador de insolvência, Pedro Pidwell que dava conta, que sem a parceria com a Gant, a empresa não é economicamente viável. De fora, ficou apenas a Caixa Geral de Depósitos que alegou que não tinha instruções de voto porque alegadamente não tinha tido acesso ao relatório do administrador de insolvência.

A confirmação do encerramento da têxtil de Famalicão aconteceu na manhã desta terça-feira, depois da assembleia de credores das empresas Nevag SGPS, Nevag II SGPS e da Ricon Serviços, ter terminado, e depois de já esta segunda-feira os 580 trabalhadores do grupo terem recebido as respetivas cartas de despedimento.

Contactado pelo ECO, o administrador de insolvência, Pedro Pidwell, no final das três assembleias de credores que tiveram lugar esta manhã, afirmou que as próximas 24 horas serão decisivas para o futuro da Ricon. Segundo Pedro Pidwell, “há movimentações de acionistas no sentido de se conseguir salvar a empresa, mas só amanhã durante a assembleia de credores se saberá o desfecho dessas negociações”.

Há movimentações de acionistas no sentido de se conseguir salvar a empresa, mas só amanhã durante a assembleia de credores se saberá o desfecho dessas negociações.

Pedro Pidwell

Administrador de insolvência

Pidwell recusou-se a adiantar mais detalhes sobre as conversas com os potenciais investidores. Mas à Lusa tinha acrescentado: “Até a assembleia deliberar a liquidação das empresas operacionais do grupo há sempre tempo de inverter o caminho, não é expectável, mas em tese… Há contactos com outros investidores, que não são da região, são nacionais e estrangeiros. Há esforços para salvar as empresas operacionais, as quatro unidades fabris”.

Ainda segundo o administrador de insolvência as três assembleias de credores agendadas para quarta-feira (Delvest, Ricon Industrial e Delos), poderão não se vir a realizar uma vez que há greve dos funcionários judiciais. Para quinta-feira estão agendadas as restantes duas assembleias de credores (Fielcor e Ricon Imobiliária).

Questionado sobre se tem esperança num desfecho positivo para a têxtil, limitou-se a dizer: “A esperança é a última a morrer, enquanto houver condições de ressarcimento para os credores, cá estarei para salvaguardar os interesses dos credores e dos trabalhadores”.

Um dado é certo, os 580 funcionários da Ricon já receberam as cartas de despedimento, pelo que a haver uma solução para a Ricon, caberá aos novos investidores decidirem quantos funcionários contratar, não sendo sequer obrigatório incorporar estes agora despedidos.

O pedido de insolvência da Ricon — constituído por oito empresas e 20 lojas sob a marca Gant — aconteceu em dezembro passado. O grupo sueco, detentor da Gant rejeitou todas as soluções para viabilizar a empresa, como a entrada direta no capital da Ricon, a entrada de investidores terceiros e/ou, finalmente, através da restruturação da dívida existente. A Gant devido aos atrasos dos pagamentos da Ricon começou a reduzir o volume de encomendas ao grupo português, cuja dependência era na ordem dos 70%. O total de créditos reclamados ultrapassa os 32 milhões de euros, sendo a banca o maior credor da empresa liderada por Pedro Silva.

Câmara tenta recolocar trabalhadores

Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão, em declarações proferidas esta segunda-feira, dava conta da preocupação da autarquia com os trabalhadores do grupo têxtil. E anunciava que estava a ser criada uma retaguarda social de modo a ajudar os trabalhadores da Ricon.

O presidente da autarquia admitiu ainda estar a trabalhar com o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) no sentido de recolocar noutras empresas do concelho os desempregados.

Por sua vez, o Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, pela voz do dirigente Francisco Vieira, referiu que, “neste momento, todas as soluções que aparecerem para garantir a continuidade das unidades são muito bem-vindas”. No entanto, o sindicalista considera que a hipótese de entrarem no processo novos investidores “é como um gato escondido com rabo de fora”.

As soluções aparecem no mercado, mas querem os trabalhadores com o conta-quilómetros a zero. O que se está a passar no Grupo Ricon é um exemplo daquilo que não deve ser feito“, defendeu. Para os trabalhadores, esclareceu o sindicalista, a vinda de novos investidores não representa perda de direitos.

“Eles [os trabalhadores que já foram despedidos] podem ser admitidos de novo, vão reclamar os seus créditos, requerer fundo de garantia salarial, estão muito bem posicionados para comer a melhor carne da peça, o património da Ricon”, disse.

(Notícia atualizada com mais informação às 14:41 com declarações ao ECO do administrador de insolvência, Pedro Pidwell)

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