A nova idade dos “porquês” – Empreendedorismo a fase dos “quais”
Existem quatro componentes que devem ser analisadas e respondidas para que uma ideia se transforme num negócio estruturado.
Quais os passos, que na nossa opinião, devem ser seguidos pelos novos empreendedores. Todos nós sabemos que o empreendedorismo tem na sua génese uma ideia. No entanto existe a tendência de associar uma ideia de sucesso a um negócio de sucesso.
Ideia e negócio, são coisas distintas, no prisma do empreendedorismo complementam-se, é verdade, mas são coisas distintas. Podemos definir a ideia como a imagem ou representação mental de um objeto ou conceito distinto existente no momento em que surge essa mesma representação. O negócio, por sua vez, apresenta-se como a maturação dessa ideia, sendo o resultado final de um conjunto de ações necessárias para a concretização da ideia.
Até aqui tudo bem, pensamos haver uma maior consciência dos empreendedores que são necessários estes dois fatores.
No entanto, como é o caminho entre a ideia e o negócio?
Devemos, em primeiro lugar, relembrar que o risco de um negócio não ter sucesso é sempre elevado. No entanto, até ao momento, temos à nossa disposição alguns fatores que nos permitem orientar para o êxito do empreendimento.
Por um lado, temos sempre os riscos externos, comuns a qualquer negócio: variantes político legais como a estabilidade do Governo, iniciativas legislativas e apoios financeiros; variantes socioculturais – estilo de vida ou hábitos de consumo; variantes tecnológicas – velocidade e evolução e variantes económicas – taxas de inflação e juro.
Para além destes fatores, que são transversais a qualquer negócio, consideramos existir mais quatro componentes que devem ser analisadas e respondidas para que a ideia se transforme num negócio estruturado.
Em primeiro lugar: Qual o produto? Por quê o meu produto? E aqui, não se deve considerar apenas o produto em si, no produto como objeto. O empreendedor deverá ir mais além e perguntar qual a necessidade que pretende satisfazer. Quais as alternativas existentes ou que poderão existir no mercado. O empreendedor não pode limitar-se apenas à criação do produto, terá sempre de ponderar a função do produto de modo a compreender qual o nível exigido para a sua produção e que problemas poderá enfrentar.
Em segundo lugar: Que mercado? Qual é o âmbito no qual a empresa vai atuar? Vai atuar nos mercados de luxo? O produto é dirigido a pessoas de idade média ou, ao invés, à camada jovem? Qual o meu mercado geográfico? Portugal, Europa, o mundo? Grandes retalhistas ou pequenas boutiques? A resposta a estas perguntas não só é necessária como é vital, é aqui que o empreendedor começa a ter uma noção mais íntima do negócio, das suas expectativas e limitações definindo, desde o início a potencialidade ou não do produto que criou ou quer criar.
Terceira pergunta: Com quem concorro? Mais uma vez, este ponto deve ser visto no sentido amplo: o empreendedor terá de avaliar, não só os concorrentes diretos que irão competir diretamente com o produto, mas avaliar também os clientes, os fornecedores ou produtos substitutos. Tendo noção da concorrência existente no setor permitirá o empreendedor avaliar e aplicar métodos de negociação, de marketing ou outros distintos dos que se encontram a ser aplicados e fazer diferente, o que pode vir a definir a sua posição no mercado.
E por fim, mas não menos importante: o que é que a lei permite ou não fazer? É aterrorizante como esta pergunta ainda é desvalorizada no mercado. Muitas vezes esquecida ou substituída por “práticas comerciais normais” o fator legal – ou a ausência do mesmo – pode vir a acabar ou a abalar profundamente com uma empresa (veja-se, entre outros, os exemplos da Audi e Dolce & Gabbana). Saber os limites legais acaba por ser a pedra de toque de toda a estrutura montada ou potencialmente montada, uma vez que abrange todos os atos da empresa desde ao modo como negoceia, como produz, como fornece e como o publicita o produto, sendo muito fácil ultrapassar a fronteira da legalidade destruindo todo o trabalho desenvolvido até ao dia.
E assim, tal como todos nós precisámos de passar pela idade dos “porquês” para percebermos a nossa posição no mundo, os empreendedores têm também de passar pela fase dos “quais” para marcar a sua posição no mercado.
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