PSD diz que não permitirá que fundos europeus sejam desviados do interior
"Há uma linha vermelha que não deixaremos que o Governo ultrapasse: é que sejam utilizados dinheiros do interior para alimentar grandes projetos nos centros urbanos”, disse Emídio Guerreiro.
O PSD afirmou esta quinta-feira estar preocupado com “uma clara intenção do Governo” de reprogramar fundos europeus do interior para projetos nos grandes centros urbanos, afirmando que essa “é uma linha vermelha” que não permitirá que o Executivo ultrapasse.
Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o vice-presidente da bancada do PSD Emídio Guerreiro disse que o partido já se reuniu com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro e irá reunir-se na próxima semana com representantes dos programas regionais do Norte e do Alentejo, e ouvir em sede de comissão parlamentar os conselhos das regiões.
“Há uma linha vermelha que não deixaremos que o Governo ultrapasse: é que sejam utilizados dinheiros do interior, das regiões de baixa densidade, desfavorecidas, para alimentar grandes projetos nos centros urbanos”, afirmou.
Há uma linha vermelha que não deixaremos que o Governo ultrapasse: é que sejam utilizados dinheiros do interior, das regiões de baixa densidade, desfavorecidas, para alimentar grandes projetos nos centros urbanos.
No final das audições, o deputado social-democrata adianta que o partido deverá ter “iniciativas públicas e legislativas” para inviabilizar o que diz ser “uma clara intenção do Governo”: “Utilizar fundos destinados a que as assimetrias em Portugal diminuam para nesta fase da reprogramação acentuar ainda mais essas assimetrias”.
Questionado em que dados se baseia o PSD para fazer estas denúncias, Emídio Guerreiro apontou a posição pública do conselho de regiões do norte, mas sem concretizar que programas ou montantes de verbas poderiam estar em causa.
No entanto, o vice-presidente da bancada do PSD separou estas críticas da negociação que o partido está a desenvolver com o executivo sobre o futuro quadro comunitário, o Portugal 2030, coordenada pelo vice-presidente Castro Almeida. “São questões distintas: em sede de Portugal 2030 estamos a fazer um acordo porque é uma questão estratégica para Portugal ter força negocial; na reprogramação, como foi já dito pela direção nacional, não há nem tem de haver acordo, é uma questão de decisão política momentânea”, apontou.
Esta semana, autarcas do Norte acusaram o Governo de agir como “Robin Hood ao contrário” na reprogramação dos fundos comunitários, acusando o executivo de “agravar” as “discriminações e discrepâncias” de tratamento entre as várias regiões do país.
Na segunda-feira, em Braga, no final da terceira reunião da Plataforma de Concertação Intermunicipal da Região Norte, que reúne as Comunidades Intermunicipais (CIM) do Norte e a Área Metropolitana do Porto, o presidente da CIM do Cávado, Ricardo Rio, alertou o executivo liderado por António Costa que o Norte não irá ficar “passivo” quanto à possibilidade de desvio de fundos da região para outros fins.
No mesmo dia, o Governo classificou de “falsidade” estas acusações, considerando “totalmente inaceitável” que “continue” a ser “propalada” aquela intenção. “É totalmente inaceitável que, após diversas declarações públicas sobre a matéria, nomeadamente no parlamento, assim como as proferidas nas reuniões entretanto realizadas, continue a ser propalada a falsidade de que o Governo pretende transferir verbas da região Norte para Lisboa”, lê-se numa nota enviada à Lusa por fonte oficial do Ministério do Planeamento e das Infraestruturas.
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