Operação Fizz: Sonangol diz que Primagest não integra grupo da petrolífera angolana
A petrolífera reafirma que a Primagest, empresa com a qual o ex-procurador e arguido Orlando Figueira assinou um contrato para ir trabalhar para Angola, não era sua subsidiária.
A petrolífera Sonangol reafirmou este sábado, em comunicado, que a empresa Primagest, que terá contratado para trabalhar em Angola o ex-procurador português e arguido Orlando Figueira, não fez nem faz parte daquele grupo empresarial angolano.
Em causa está o julgamento da Operação Fizz, em Lisboa, Portugal, em que o ex-vice-Presidente angolano Manuel Vicente é arguido e no qual o Ministério Público (MP) e os juízes têm confrontado as testemunhas com vários e-mails nos quais se falava da empresa Coba e Primagest, que a acusação defende integrar o grupo Sonangol.
No comunicado enviado hoje à Lusa, a petrolífera reafirma uma informação anterior, de abril de 2016, quando declarou que a empresa Primagest – Sociedade Gestora S.A. “não é, nem era, nomeadamente de 2011 a 2013, sua subsidiária, nem fazia parte de qualquer estrutura empresarial detida a qualquer título pela Sonangol ou de que esta fizesse parte, nem estava, de qualquer outra forma, consigo relacionada”.
“O mesmo se aplica às empresas Berkeley – Gestão e Serviços S.A. e Leadervalue – Consultoria Investimentos S.A.”, lê-se no comunicado.
Acrescenta que, “para que também não subsistam dúvidas, a Sonangol declara expressamente que não tem, nunca teve, direta ou indiretamente, qualquer relação com a aquisição do grupo empresarial Coba pela Berkeley – Gestão e Serviços S.A. e pela Leadervalue – Consultoria Investimentos S.A., ou, sequer, com a atividade desse grupo empresarial nos anos que se seguiram”.
“Seja no que respeita às empresas registadas em Angola, seja no que respeita às empresas registadas em Portugal, nomeadamente a Coba – Consultores para Obras Barragens e Planeamento S.A. e a Coba – Consultores de Engenharia e Ambiente S.A.”, refere igualmente o esclarecimento da Sonangol.
Durante o julgamento que decorre em Lisboa, o advogado angolano N’Gunu Tiny, que trabalhou para o Banco Privado Atlântico, escudou-se no sigilo profissional para não responder a várias perguntas, ao depor como testemunha.
Confrontado pelo MP e pelos juízes sobre as empresa Coba e Primagest, umas vezes escusou-se a responder alegando sigilo profissional e noutras limitou-se a dizer que o seu cliente era o BPA e nenhuma das empresas. “Fui consultor jurídico da Sonangol entre 2005 e 2015, fazia trabalhos pontuais, nunca tive contrato e não representei a Sonangol nas negociações com a Coba, Primagest ou Berkeley”, disse.
Questionado se a Primagest – empresa com a qual o ex-procurador e arguido Orlando Figueira assinou um contrato para ir trabalhar para Angola – era do universo da Sonangol, a testemunha disse que não sabia. “O meu cliente era o BPA, nunca fui consultor jurídico da Coba nem da Primagest. A minha missão no negócio da venda de ações da Coba era zelar pelo meu cliente”, declarou.
Porém, confrontado com um e-mail onde se referia que assinou um contrato em nome da Primagest, a testemunha explicou que foi a pedido do banco, garantindo que não sabia quem eram os representantes legais da empresa.
A Operação Fizz, que tem como arguidos o ex-procurador do Ministério Público, o engenheiro Armindo Pires e o advogado Paulo Blanco, assenta na acusação de que o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, corrompeu Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos, um deles o caso da empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril.
Manuel Vicente foi acusado de corrupção ativa, mas o seu processo foi separado da ‘Operação Fizz’ no início do julgamento.
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