Banco de Portugal acusa KPMG por falhas no BES
O Banco de Portugal avançou com acusações formais à auditora e a mais três responsáveis, entre eles ao presidente, Sikander Sattar. Coimas podem chegar a 2,5 milhões de euros.
O Banco de Portugal avançou com uma acusação à KPMG Portugal por, nomeadamente, não ter cumprido, em 2011 e 2012, com as normas de auditoria, bem como pela omissão das perdas identificadas na carteira de crédito do BESA em 2013 e 2014. Se a consultora for condenada, diz o Público (acesso condicionado), poderá ter de pagar coimas até 2,5 milhões de euros.
Desencadeado em outubro de 2014, o processo do regulador da banca ficou finalmente fechado o mês passado, com acusações formais à auditora e a mais três responsáveis, entre eles ao presidente, Sikander Sattar. Alega, entre outras coisas, que a auditora devia ter obrigado o BES a colocar nas contas de 2011 e de 2012 reservas de limitação de âmbito, ou seja, avisar que não possuía informação suficiente sobre a sua exposição ao BESA.
Carlos Costa acusa a KPMG de uma outra falha. Em 2013, a exposição do BES ao BESA estava descontrolada, e a auditora deveria ter canalizado a informação para o supervisor, o que teria permitido apurar as verdadeiras necessidades de capital do banco. Se o tivesse feito, o regulador teria tido oportunidade de identificar os problemas antes do quadro se ter tornado explosivo.
A KPMG, conta o Público, já se defendeu das duas acusações. Sobre a primeira, diz que a circulação de informação entre a KPMG Angola e a KPMG Portugal estava interdita, pois são duas empresas diferentes, e sujeitas a supervisões distintas. No caso da segunda, a auditora diz que só em janeiro de 2014 tomou conhecimento da situação, e, nessa altura, “o buraco” no BESA já estava coberto pelo aval de Luanda, o que deixou de obrigar o BES a assumir imparidades. Assim, o BES não teve de fazer reservas.
Em comunicado que chegou ao Jornal Económico, a KPMG negou que existisse tal acusação. “Não existe, nem podia existir, qualquer acusação que tenha sido recebida pela KPMG em processo de contraordenação do Banco de Portugal tendo por objeto sancionar qualquer alegado incumprimento das normas de auditoria aplicáveis à correção profissional (nomeadamente normas internacionais de auditoria) de desempenho do seu trabalho de auditoria”, lê-se no comunicado citado pelo jornal.
A KPMG salientou ainda que “cumpriu todos os seus deveres, nomeadamente os deveres de informação junto do Banco de Portugal, entidade com a qual colaborou durante todo o processo relativo ao Banco Espírito Santo, de forma intensa, inquestionável e muito para além do que lhe seria legalmente exigível”.
Notícia atualizada às 20:55 com o comunicado da KPMG.
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