Francisco Calheiros: Aeroporto do Montijo estará pronto em 2022? “Duvido”

O presidente da Confederação do Turismo Português receia um atraso no novo aeroporto, quando já existem companhias a quererem mais voos sem ter slots. Preocupa-o ainda o pacote da lei laboral.

Francisco Calheiros duvida que o chamado aeroporto do Montijo, que completará o aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, esteja concluído no prazo indicado do primeiro trimestre de 2022. Para o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, tudo indica que a solução se atrase, algo que é grave para o turismo. “Como a subida do turismo foi muito grande nestes últimos quatro anos, o aeroporto de Lisboa neste momento está praticamente a trabalhar em pleno”, afirmou no ECO24, um programa de entrevistas na TVI24. “Neste momento estamos a recusar slots de companhias aéreas.”

“Posso-lhe dizer dados, inclusive da ANA. Para 2018, centenas de slots que já foram recusados. Existem algumas companhias que já quiseram vir e não vêm, há muitas companhias que querem aumentar as suas frequências e não podem e, portanto, são uns milhares ou centenas milhares de turistas que, se houvesse transporte aéreo ou capacidade de eles aterrarem, poderiam vir a Portugal, e que não vêm”, acrescentou Francisco Calheiros.

Questionado sobre se acredita que o aeroporto esteja a funcionar em 2022, responde: “Tenho dúvidas”, e justifica com o atraso na negociação com a concessionária Vinci. Por outro lado, o verão está a chegar e 2019 “é ano de eleições”, por isso, prevê que nada se faça nessa altura. “Não faz sentido termos os turistas a quererem vir cá e não terem como”, lamenta.

Legislação laboral é “ponto crítico” para o turismo

Para Francisco Calheiros, não é o momento certo para fazer alterações na legislação laboral, como pretende o Governo, devido à tendência atual de redução do desemprego, em parte movida pelo turismo. O presidente da Confederação Portuguesa de Turismo assinala que, para os empresários, é uma fonte de incerteza anunciar alterações na lei laboral, podendo assim dar “o sinal errado aos empresários”.

Quando se abre a caixa da legislação laboral, não podemos dizer que vamos atuar cirurgicamente aqui ou ali, a caixa está aberta.

Fernando Calheiros

Presidente da Confederação Portuguesa do Turismo

“Se se pensa recrutar um certo número de pessoas este ano, é com a atual lei laboral”, acrescenta. “Quando se abre a caixa da legislação laboral, não podemos dizer que vamos atuar cirurgicamente aqui ou ali, a caixa está aberta”. Francisco Calheiros frisa que mexer nestas leis poderia deixar os empresários numa atitude de antecipação e “esperar para ver”, o que poderia prejudicar a redução da taxa de desemprego.

No entanto, acrescenta, está “crente” de que o turismo terá direito a um enquadramento particular. “Em várias conversas que tivemos com o Governo, o Executivo tem sido muito claro: o turismo é uma atividade com uma especificidade própria e isso vai ser tomado em conta nas alterações que se estão a fazer. Esta afirmação foi-nos dita sem qualquer margem de manobra”.

Salário mínimo de 650 euros “não é razoável”

A proposta da CGTP de um salário mínimo de 650 em 2019 parece insustentável ao representante dos empresários do turismo. “Todos sabemos que os salários em Portugal são baixos, é uma realidade. O salário mínimo, sendo o mínimo, ainda é mais baixo. Ontem, ouvimos falar em 650 euros. O salário mínimo atual é de 580. Estamos a falar de um aumento de 70 euros. Diria que é um aumento de 13 ou 14%. A inflação é praticamente nula. Portanto acho que o que se está a pôr em cima da mesa não é razoável“, conclui.

E prolonga o raciocínio explicando que, no turismo, muitas vezes o ordenado mínimo pode ser o salário base, mas existem outros suplementos que não são tomados em conta nessas discussões.

“O turismo, regra geral, trabalha sete dias por semana, 365 dias por ano, 24 horas por dia. Portanto, há muito subsídio em cima disto”, acrescenta. “Há subsídios de feriado, de domingo, de trabalho noturno… A base, de facto, é o salário mínimo, existe uma percentagem assinalável que no setor é paga pelo ordenado mínimo. Mas por exemplo, se for uma empresa de vendas, provavelmente vai verificar uma quantidade gigantesca de ordenados mínimos, mas depois as comissões dobram, triplicam ou quadruplicam aquele ordenado, e isso não entra” nas contas, conclui.

  • Marta Santos Silva
  • Redatora

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