Porque é que o Benfica paga menos do que Porto e Sporting na emissão de obrigações?

FC Porto teve de pagar 20% mais que os encarnados num empréstimo obrigacionista há cerca de mês. Apesar de, mesmo assim, o Benfica pagar um juro de 4%, é preciso ter atenção ao risco elevado.

Benfica é quem paga menos no empréstimo obrigacionista. Porquê?Ana Damas Moreira

Arrancou esta segunda-feira o período de subscrição do empréstimo obrigacionista do Benfica. A SAD encarnada está a oferecer uma taxa de juro de 4% por obrigações com maturidade a três anos. Mas, ainda há um mês, os rivais portistas tiveram de pagar quase 20% mais do que as águias pagam agora por títulos de dívida em quase tudo semelhantes. Porquê?

Até ao dia 13 de julho vai poder comprar estas obrigações da SAD do Benfica ao preço de cinco euros por unidade, com um montante mínimo do investimento de 100 euros. Em contrapartida, há um juro anual bruto de 4% à sua espera — falta descontar impostos e comissões dos bancos, que reduzem o retorno do investimento.

Porém, se os encarnados mantiveram a taxa face à operação anterior, a SAD do FC Porto viu-se obrigada a aumentar a rentabilidade para conseguir atrair a atenção dos investidores. Na hora de apontar culpados para o facto de ter pago uma taxa de juro de 4,75% pelo seu empréstimo, em vez dos 4,25% que esperava ter de pagar, o administrador portista Fernando Gomes não hesitou: foi o Sporting e a crise diretiva em torno de Bruno de Carvalho quem passou a fatura aos dragões.

“A circunstância de o Sporting ter falhado o cumprimento da obrigação do seu empréstimo obrigacionista teve peso na decisão da taxa de juro que oferecemos”, disse o administrador financeiro portista. Pode quantificar o impacto? “No empréstimo anterior, pagámos uma taxa de juro de 4,25%. Veja a diferença”, precisou Fernando Gomes. Ou seja: a crise leonina custou mais 0,5 pontos aos portistas.

A circunstância de o Sporting ter falhado o cumprimento da obrigação do seu empréstimo obrigacionista teve peso na decisão da taxa de juro que oferecemos. No empréstimo anterior, pagámos uma taxa de juro de 4,25%…

Fernando Gomes

Administrador financeiro da SAD do FC Porto

Para Albino Oliveira, analista da Patris Investimento, é difícil dizer o que poderá estar por detrás da fixação do preço do empréstimo obrigacionista encarnado. “A decisão poderá estar relacionada com as perspetivas por parte da SAD do Benfica para a procura que é esperada em resposta a esta emissão”, atira Albino Oliveira. Na operação do ano passado, a procura ascendeu a 90 milhões de euros para uma oferta de apenas 60 milhões.

Mas “a taxa de juro de 4% provavelmente não compensa o risco do emitente, tendo em conta as características do seu negócio, endividamento e liquidez associada à emissão”, alerta o especialista.

Benfica paga menos pelo empréstimo

Fonte: SAD de Benfica, FC Porto e Sporting

Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD benfiquista, considera que não foi só a crise leonina que esteve no racional das diferenças de taxas entre Benfica e FC Porto. Mas ajudou a evidenciar diferenças entre as duas SAD.

“O facto de o Benfica estar a apresentar resultados todos os anos consecutivamente positivos, o facto de ter sempre cumprido escrupulosamente as emissões, tanto a nível obrigacionista como de empréstimos, leva a que as pessoas tenham muita confiança nas nossas emissões”, sublinhou o administrador das finanças da SAD encarnada ao Jornal de Negócios (acesso pago).

“As emissões feitas pelo Benfica não são só procuradas por investidores benfiquistas, mas também por investidores com outro clube no coração, mas que veem que este é um investimento de confiança”, disse ainda Soares de Oliveira.

Enquanto os rivais avançam no campeonato das finanças, o Sporting continua à espera de luz verde da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para lançar o seu empréstimo obrigacionista no valor de 15 milhões de euros, dinheiro que irá financiar a tesouraria da sociedade. Os leões pagam 6%, a taxa mais elevada dos três grandes, mas o prospeto mantém-se na gaveta do regulador, que está à espera de maior estabilidade para os lados de Alvalade.

Albino Oliveira contextualiza estas operações de financiamento da atividade dos três grandes como caminho alternativo ao fecho da torneira do crédito por parte dos bancos.

“Este tipo de emissões poderá ser importante na perspetiva da SAD como forma de diversificação das fontes de financiamento, ou seja, em alternativa aos empréstimos bancários”, expõe o analista da Patris.

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