FMI defende “capacidade orçamental centralizada” na zona euro
Para Christine Lagarde a capacidade orçamental da zona euro pode avançar sem se converter numa "política sistemática de transferências" de fundos dos países ricos para os mais pobres.
A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, defendeu este sábado que a zona do euro seja dotada de uma “capacidade orçamental centralizada“, que pode ser acompanhada de regras de reembolso de apoios, uma preocupação em países como a Alemanha.
Num discurso nos Encontros Económicos de Aix-en-Provence (no sudeste de França), Christine Lagarde considerou que essa capacidade orçamental pode avançar sem se converter numa “política sistemática de transferências” de fundos dos países ricos para os mais pobres, o que seria possível com regras de reembolso dos apoios concedidos.
O objetivo de um orçamento comum, apontou a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), é criar uma “expressão da soberania política na zona euro” para lidar com impactos como os da última crise e não voltar a deixar o Banco Central Europeu (BCE) sozinho na gestão.
A ex-ministra francesa das Finanças defendeu igualmente a consolidação da união bancária com mecanismos de solidariedade entre as entidades financeiras que evitem a transferência para os Estados-membros dos problemas que possam ter.
Lagarde sublinhou ainda a necessidade de um mercado europeu de capitais, que não se limite aos limites de cada país, para que as empresas se possam financiar.
Numa intervenção numa mesa redonda que colocava a ‘Europa como solução’ para vários problemas, a responsável do FMI defendeu ainda que “os europeus juntos constituem uma força” e que, quando se trata de discutir com a China, a Índia ou os Estados Unidos, “a voz dos europeus pesa”, ao contrário de cada país sozinho, que “perde força”.
Dessa forma, a líder da instituição sediada em Washington considerou que a União Europeia tem uma “carta na manga” para jogar contra a guerra comercial que opõe os Estados Unidos e a China e que passa pela a sua união e pelo seu equilíbrio.
“No equilíbrio de poder que está a emergir […] entre os Estados Unidos, de um lado, e a China, de outro, que representam duas formas completamente diferentes de um mesmo impulso capitalista, a Europa pode jogar uma carta muito especial”, disse a diretora-geral do FMI.
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