Afinal os robôs vão criar emprego para os humanos? Mais 133 milhões de postos de trabalho, quase o dobro daqueles que vão destruir

As transformações digitais vão acelerar o ritmo, especialmente entre 2018 e 2022, de acordo com o relatório "The Future of Jobs" do World Economic Forum.

A introdução dos robôs nos locais de trabalho, fruto do avanço da tecnologia, já é apelidada de Quarta Revolução Industrial, um termo que revela e antecipa o medo da perda massiva de postos de emprego e da substituição dos humanos por máquinas. Contudo, de acordo com o relatório do World Economic Forum (WEF), o cenário poderá não ser tão apocalíptico.

Durante a próxima década, a automatização de tarefas nos locais de trabalho vai, segundo o WEF, criar 133 milhões de postos de trabalho, um número que contrasta com os 75 milhões que os robôs irão destruir. Com esta visão, o relatório sugere que o aparecimentos dos robôs no mercado de trabalho não tem de ser encarado como algo negativo, o que é preciso é as empresas atuarem a tempo.

A partir deste ano, e até 2022, é esperado que o ritmo a que ocorrem as transformações digitais acelere especialmente.

Oito horas diárias de trabalho. Para humanos e robôs?

Atualmente, 71% das horas de trabalho numa empresa são realizadas por humanos, enquanto as máquinas apenas se encarregam de funcionar durante as restantes horas (29%). Daqui a quatro anos, em 2022, a divisão deverá já ser bastante diferente, mais equilibrada. Os humanos estarão encarregues de 58% das horas de trabalho e os robôs de 42%.

Mas será em 2025 que a realidade se irá alterar drasticamente, com os robôs a fazer mais horas do que os humanos. As máquinas irão realizar 52% das horas de trabalho e os humanos 48%.

Rácio entre horas de trabalho dos humanos e das máquinas, 2018 vs. 2022 (projeções)

 

Tarefas como o processar dados e procurar e receber informações vão ser, maioritariamente, dadas às maquinas, 62% e 55%, respetivamente. Já o raciocínio e tomada de decisão, bem como a coordenação, continuarão a ser tarefas mais associadas aos humanos. Ainda assim, todas as funções representadas pelo gráfico acima serão, em 2022, mais participadas por robôs do que são atualmente.

Cerca de 38% das empresas inquiridas para o relatório do Fórum Económico Mundial, em português, consideram que a automatização vai permitir-lhes focar-se mais nos seus trabalhadores atuais, potenciando também a produtividade.

Desafio de adaptação e novas funções

Há cerca de um ano, um estudo da consultora Capgemini dizia que as empresas que já utilizam a inteligência artificial (IA) confirmam que foram criados novos postos de trabalho, sobretudo em categorias profissionais mais altas. A IA foi, inclusive, o meio que permitiu reduzir o tempo que os empregados destinavam a tarefas rotineiras e administrativas.

O relatório do WEF destaca, também, algumas novas posições que vão ser cada vez mais requisitadas. Entre elas constam os analistas e especialistas em bases de dados, os designers de software e aplicações e os especialistas em comércio eletrónico e em social media. Segundo aponta o Business Insider (acesso livre, conteúdo em espanhol), estas não são mais do que as profissões que já se procuram hoje em dia: especialistas em inteligência artificial e machine learning, analistas em cibersegurança e engenheiros de robótica e blockchain.

Por outro lado, dentro dos 75 milhões de postos de trabalho que desaparecerão com o surgimento desta nova classe de trabalhadores, destacam-se os responsáveis pela atualização de bases de dados e os contabilistas.

Pedro Empis, business director da Randstad, disse há cerca de um mês ao ECO que, neste processo de mudança, ou de entrada de uma nova classe de trabalhadores, o que ditará o sucesso ou o insucesso das empresas “será a capacidade de adaptação”.

Mas, apesar do otimismo das empresas e das projeções, que apontam para a criação de mais de cem milhões de postos de trabalho, o estudo adverte para a necessidade de aproveitar a oportunidade de adaptação às transformações, já que em 2025, segundo os próprios dirigentes das empresas inquiridas admitem, metade das tarefas podem estar já automatizadas.

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