Isto é tudo o que precisa saber sobre o Web Summit

  • Lusa
  • 4 Novembro 2018

A Web Summit regressa, entre segunda e quinta-feira, a Lisboa. Aqui encontra desde a forma de lá chegar até a todos os constrangimentos em resultado da cimeira tecnológica.

A cimeira tecnológica Web Summit regressa, entre segunda e quinta-feira, a Lisboa, onde ficará por mais dez anos, com a organização a prometer “a melhor edição”, mas sem se livrar de polémicas neste e nos dois anos anteriores.

A Web Summit chegou a Lisboa em 2016 e trouxe 53 mil pessoas de 166 países, 15 mil empresas, 7.000 presidentes executivos, 700 investidores de topo e 2.000 jornalistas internacionais.

No ano passado, estes números subiram, para um total de 60 mil participantes de 170 países, 1.200 oradores, duas mil ‘startups’, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

Porém, estas duas edições anteriores ficaram marcadas não só pela dimensão e pelo crescimento do evento, mas também por polémicas.

Na edição de 2016, verificaram-se várias dificuldades nos acessos (rodoviários e por transportes públicos, como o metro) ao Parque das Nações, zona do evento, bem como problemas na entrada, com alguns participantes a não conseguirem assistir à cerimónia de abertura, por exemplo.

Já no ano passado, foi no final do evento que a polémica se instalou, devido à utilização do espaço do Panteão Nacional para a realização de um jantar exclusivo para convidados da Web Summit, situação que motivou várias críticas e levou a organização a pedir desculpas “por qualquer ofensa causada” e a garantir que o evento, “conduzido com respeito”, cumpriu as regras do local.

Para este ano, a organização já prometeu “a maior e a melhor” edição de sempre, com novidades e mais de 70 mil participantes.

Ainda assim, a lista de oradores desta edição já deu que falar, levando o presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, a retirar o convite à líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, para integrar a lista de oradores, depois das críticas de vários setores.

O Governo português chegou mesmo a esclarecer que não tinha intervenção na seleção de oradores da cimeira.

Eis as principais informações que se conhecem sobre a Web Summit:

Qual é a origem da Web Summit?

Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave e os cofundadores Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com centenas de colaboradores.

Em 2016, a cimeira mudou-se para Lisboa, com uma previsão inicial de ficar três anos. Porém, no início de outubro deste ano, foi anunciado que o evento continuará a ser realizado em Lisboa por mais 10 anos, ou seja, até 2028, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O acordo prevê ainda uma cláusula de rescisão de 3,4 mil milhões de euros, o que significa que se a Web Summit quiser sair, terá de indemnizar o Estado. Este montante corresponde ao impacto total estimado do evento, já que, segundo fonte da Câmara de Lisboa, se traduz em 340 milhões de euros por cada ano de incumprimento do acordo.

O Governo estima, assim, que a atividade económica gerada por este evento atinja mais de 300 milhões de euros, a par de 30 milhões encaixados em receitas fiscais.

Onde é o evento?

À semelhança das duas edições anteriores, a Web Summit decorre entre segunda e quinta-feira no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na FIL, em Lisboa.

O que traz de novo esta edição?

A terceira edição terá “três novos palcos”: o “DeepTech”, no qual estará em foco o impacto de tecnologias como a computação e a nanotecnologia na indústria e na vida quotidiana; o “UnBoxed”, onde críticos de tecnologia irão analisar produtos eletrónicos; e ainda a “CryptoConf”, que debaterá assuntos como as moedas digitais.

Ao todo, serão 25 conferências diferentes dentro de uma só cimeira para discutir realidades relacionadas com a tecnologia, em áreas como o ambiente, o desporto, a moda e a política.

A edição de 2018 em números

  • Mais de 70 mil participantes, oriundos de mais de 170 países;
  • Mais de 20.000 empresas e mais de 1.000 ‘startups’;
  • Mais de 1.000 investidores e cerca de mil oradores;
  • Mais de 2.500 jornalistas internacionais;
  • Uma competição de ‘pitch’ com 200 concorrentes;
  • Preços dos bilhetes estão a rondar os 1.000 euros (base), os 5.000 euros (para diretores) e os 25 mil euros (para presidentes de Conselho de Administração);
  • A estes acrescem 10 mil bilhetes vendidos a cinco euros para jovens entre os 16 e os 23 anos e 10 mil bilhetes mais baratos destinados a mulheres empreendedoras no âmbito do programa Women in Tech.

Estes são alguns dos oradores presentes

Quanto aos oradores deste ano, destacam-se personalidades como o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, a atriz Maisie Williams, o presidente executivo do eBay, Devin Wenig, o presidente executivo da Nestlé, Mark Schneider, o ‘designer’ de moda Alexander Wang e o presidente da Microsoft Corporation, Brad Smith, entre outros.

Do grupo de oradores portugueses fazem parte o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o comissário europeu Carlos Moedas, o primeiro-ministro, António Costa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Quem são os principais parceiros do evento?

Amazon Web Services, KPMG, Booking.com, BMWi, Mercedes-Benz.io, Volkswagen We, IBM, Cisco, Siemens, Microsoft, Google, Altice, EDP.

Como ir para a cimeira? De transportes públicos

Relativamente aos transportes públicos, o Metropolitano de Lisboa vai monitorizar a circulação na linha Vermelha durante a realização da Web Summit, com o objetivo de procurar ajustar a oferta à procura, além de reforçar o serviço de apoio ao cliente em várias estações.

Ao mesmo tempo, vai permitir a todos os participantes da cimeira da tecnologia a aquisição prévia de títulos de transporte, através de uma plataforma digital, com recurso ao pagamento com cartão de crédito.

O Metro vai ainda, em conjunto com a Carris e a CP – Comboios de Portugal e, em coordenação com a organização da Web Summit, estar presente nos locais de acreditação do evento, nomeadamente no Aeroporto e na FIL a prestar informação e encaminhamento dos visitantes, além de vender os títulos de transporte nesses locais.

O segundo e o quarto (e último) dia do evento serão marcados por greves parciais dos trabalhadores do Metropolitano, entre as 06h00 e as 09h30, que justificam a paralisação com a discordância com a proposta de atualização salarial plurianual de 24,50 euros para os anos de 2018 e 2019, que deverão perturbar o serviço.

Para quem optar por táxis, a empresa Cooptáxis divulgou que terá parte da frota com mil táxis e profissionais “mobilizados e focados” no evento.

Já para os utilizadores de plataformas eletrónicas de transporte, a Taxify anunciou que vai disponibilizar carros de seis lugares.

No que toca às chegadas ao país por via aérea, a ANA – Aeroportos de Portugal garantiu, numa resposta escrita enviada à agência Lusa, que “o Aeroporto Humberto Delgado [em Lisboa] está preparado para fazer face ao volume de visitantes previsto”.

A ANA nota ainda que “a preparação do acolhimento dos visitantes é feita com bastante antecedência”, o que se reflete, de acordo com a gestora aeroportuária, na “criação de espaços próprios que não só geram melhores fluxos na credenciação do evento como fornecem melhor serviço aos participantes”, bem como no “reforço do serviço de ‘’wi-fi’ para fazer face ao acréscimo de utilização”.

“Há espaços dedicados à credenciação de todos os visitantes, bem como de grupos específicos, e acessos de estacionamento e outros no sentido de agilizar o acolhimento deste elevado fluxo de visitantes”, refere a ANA, adiantando que vai ainda “reforçar a sinalética e o acompanhamento de passageiros” nos dias anteriores e do evento.

Ruas cortadas? Sim

Já para quem se deslocar de carro, a partir de domingo e até ao final do evento, estão previstos condicionamentos à circulação automóvel em toda a zona envolvente do Parque das Nações, sob vigilância policial.

A Alameda dos Oceanos, no sentido norte-sul, entre a Rotunda dos Vice-Reis e a Avenida do Índico, estará circulável, mas a circulação estará interrompida na Alameda dos Oceanos junto à FIL, entre o Pavilhão de Portugal e a rotunda dos Vice-Reis (sentido sul-norte).

Estará também cortada a Rua do Bojador, no troço entre o Altice Arena e a Feira Internacional de Lisboa (troço nascente-poente) e a Avenida do Atlântico, entre a Feira Internacional de Lisboa e a Praça Sony.

Estarão condicionadas a Rua do Bojador entre a Avenida da Boa Esperança e o Altice Arena e a Avenida da Boa Esperança entre a Rotunda dos Vice-reis e o Hotel Myriad.

Mais risco, mais segurança

A PSP anunciou que irá adotar medidas de segurança adicionais e cortar vias à circulação automóvel a partir de domingo no Parque das Nações, em Lisboa, devido à realização da ‘Web Summit’ 2018 na próxima semana.

Em comunicado, a PSP destacou que, “apesar de não ter existido um aumento do nível do grau de ameaça para a edição deste ano, relativamente à de 2017”, serão tomadas “medidas de segurança adicionais” centradas “na prevenção e proatividade”, com a delimitação de perímetros e no controle de visitantes nas entradas, que passam pela utilização de detetores de metais e aparelhos de Raio-X.

Operadoras reforçam cobertura

As três operadoras móveis Altice Portugal, NOS e Vodafone Portugal vão reforçar as suas redes devido à Web Summit, com a dona da Meo a assumir o desafio de duplicar os dados que circulam nas suas redes.

“A Altice Portugal, parceira tecnológica da Web Summit, dotou os locais onde decorre o evento — FIL e Altice Arena — com rede wi-fi de última geração, tendo sido esta uma das principais razões para a transferência do evento da Irlanda em Portugal”, indicou a dona da Meo à Lusa.

Assim, “serão asseguradas todas as condições para dotar os espaços com cobertura ‘wi-fi’ de alta densidade e alta disponibilidade, adequadas ao nível de exigência e à dimensão internacional do evento, para o qual se prevê a presença simultânea de mais de 67 mil dispositivos”, acrescentou.

No ano passado, o número total de dispositivos ligados à rede ‘wifi’ no evento foi superior a 50.000, representando mais de 2,1 milhões de sessões e 45 terabytes (TB) de dados.

Por sua vez, a NOS “vai realizar um reforço da rede móvel nas tecnologias 2G, 3G e 4G em toda a envolvente do Parque das Nações, através da colocação de uma torre móvel temporária e upgrade de rede nas estações que servem a área”, informou fonte oficial.

Também serão reforçadas, a nível de rede móvel, outras zonas como Chiado, Bairro Alto, Príncipe Real, Lx Factory e Cais do Sodré. A linha vermelha do metro de Lisboa, apesar de este ano já ter sido integrada no plano geral de melhoria da rede da NOS, também será alvo de intervenção com aumento de capacidade face ao volume de visitantes esperado”, acrescentou a NOS.

A Vodafone Portugal sublinhou que “sempre que ocorrem eventos de grande dimensão” a operadora “leva a cabo planos dedicados de reforço de cobertura e capacidade da sua rede de comunicações móveis””, sendo que a Web Summit “é um desses exemplos, enquanto evento onde são esperados mais de 70 mil pessoas com necessidades de comunicação muito exigentes”.

Na última edição, acrescentou, foram gerados 6TB de dados e mais de 700 mil minutos de tráfego de voz na rede Vodafone, “não se tendo registado qualquer falha ou anomalia”.

Em todo o espaço em que decorre o evento encontram-se instaladas mais de 30 antenas e pontos estratégicos dentro e fora do recinto, que reforçam a capacidade da rede móvel nos ambientes onde há bastante utilização de dados, adiantou a Vodafone, sublinhando que este ano a operadora “instalou ainda uma antena especial com tecnologia ‘Massive Mimo'”, que servirá de base ao 5G – a quinta geração móvel, que no mercado português “é apenas utilizada pela Vodafone”.

Ocupação hoteleira próxima dos 100%

A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) estimou uma “ocupação próxima dos 100%” nos estabelecimentos de Lisboa na próxima semana, devido à realização da cimeira de tecnologia Web Summit, o que se deverá refletir nos preços.

“Prevê-se que os hotéis da cidade de Lisboa possam fechar com uma ocupação muito próxima dos 100% naquela semana [a próxima] e o preço naturalmente irá ajustar-se”, indicou a AHP numa resposta escrita enviada à Lusa.

Segundo esta entidade, nas duas edições anteriores, “há a registar que os participantes ficaram na hotelaria da cidade, mas também em toda a região de Lisboa”.

“Outras formas de alojamento também foram bastante procuradas, sobretudo pelos participantes mais jovens”, acrescentou.

Por seu lado, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) prevê que os participantes na Web Summit gastem mais de 61 milhões de euros nos quatro dias da conferência internacional de tecnologia.

Depois de ouvidos os seus associados, a AHRESP estimou que os esperados 70 mil visitantes da terceira edição do evento em Lisboa gastem cerca de 61,6 milhões de euros, num gasto médio diário de 220 euros, dos quais 120 euros em alojamento e 50 euros em “restauração e animação”.

Iniciativas paralelas

À semelhança das outras edições, nesta haverá eventos paralelos à cimeira, desde logo “duas grandes iniciativas” nos dias anteriores, de acordo com a organização.

Em causa está, assim, uma conferência sobre inovação corporativa, destinada apenas a convidados que trabalham na área da inovação de “algumas das maiores empresas do mundo”, como a Mozilla, a Allianz Technology, a General Motors, a P&G, a Vodafone, a Lamborghini, entre outras.

Já no fim de semana anterior à Web Summit decorre a iniciativa Surf Summit, na Ericeira, na qual empreendedores, investidores e oradores se juntam para dois dias de atividades ao ar livre.

Nos dias em que decorre a cimeira e após o horário das conferências, voltam as ações de convívio noturnas Night Summit, no LX Factory, e as festas de final de dia Sunset Summit, no Pavilhão Portugal.

App tem mais funcionalidades

Criada na edição de 2015 da Web Summit e atualizada este ano, a app (aplicação) disponibilizada pela organização permite aos participantes encontrar as pessoas certas dentro do recinto.

A aplicação funciona nos ‘smartphones’ com os sistemas operativos iOS e Android servindo como bilhete de entrada, para atualizar em tempo real o programa do evento e para recomendar em que discussões deve estar presente e quais as pessoas indicadas para falar e conhecer, sejam eles investidores, startups ou oradores.

Quanto mais dados foram compartilhados e mais ativo for o utilizador na aplicação, mais recomendações receberá, naquele que é caracterizado como um “esforço colaborativo”. Além disso, os participantes também poderão comunicar uns com os outros através da funcionalidade de chat (diálogo) da aplicação.

Este ano, foram introduzidas novas funcionalidades na aplicação, incluindo a possibilidade fazer pedidos de reunião, acompanhar oradores e fazer conversas de grupo.

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