Ainda detido, Ghosn já recebeu a sentença dos acionistas da Renault
A queda do gestor parece cada vez mais provável. O conselho de administração reúne-se esta noite em Paris para debater o futuro do grupo depois de o maior acionista ter pedido uma gestão interina.
Carlos Ghosn está, desde segunda-feira, em prisão preventiva no Japão por suspeitas de fraude fiscal. Enquanto os detalhes da acusação ainda não são conhecidos e o futuro judicial do chairman da Renault-Nissan está em aberto, os acionistas do grupo começam a tomar uma posição cada vez mais definida. O gestor brasileiro de origem libanesa já parece “persona non grata” para os maiores detentores de ações.
A queda de Ghosn parece cada vez mais provável e o conselho de administração irá reunir-se esta noite em Paris para debater o futuro do grupo. O governo francês — maior acionista com 15,01% do capital do gigante automóvel — já virou costas ao gestor.
Depois de o presidente Emmanuel Macron ter dito, logo na segunda-feira, que estava “vigiante” em relação à situação e que o objetivo último é a estabilidade dados os benefícios da aliança franco-japonesa para o país, o seu ministro da Economia tomou uma posição mais firme. Em entrevista a uma rádio francesa, Bruno Le Maire defendeu que não há condições para que Ghosn mantenha o cargo e explicou que iria encontrar-se com a gestão da empresa para pedir uma governação interina.
O segundo maior acionista é a própria Nissan, com 15% do capital. “Não estou em posição de falar dos progressos da própria investigação, mas, como resultado, sabemos que foram feitas detenções”, afirmou Hiroto Saikawa, CEO da Nissan, em conferência de imprensa. Apesar de não ter falado sobre o futuro da liderança da empresa, a detenção resultou de uma investigação interna que durou meses, o que poderá sinalizar a posição da Nissan sobre Ghosn.
A gestora de ativos BlackRock (que detém uma posição de 4,76%), a Daimler AG (3,10%) e os funcionários da Renault (2,03%) não se pronunciaram sobre o assunto.
Do restante capital, 62,69% está cotado em bolsa e aí as reações também foram expressivas. As ações da Renault afundaram mais de 8,43% na praça francesa esta segunda-feira, passando a cotar-se nos 59,06 euros, o que confere uma avaliação de mercado de 16,9 mil milhões de euros, menos 1,57 mil milhões de euros do que na sessão anterior. Esta terça-feira, os títulos caem 2,3% para 57,69 euros.
Caso os acionistas pressionem a empresa a nomear um novo CEO, o atual Chief Operating Officer (COO) do grupo Thierry Bollore poderá ser uma alternativa, segundo a Bloomberg, que lembrou que o próprio Ghosn chamou a Bollore um “bom candidato” ao lugar. No entanto, esta não é uma escolha óbvia.
A instabilidade dentro do grupo poderá ter consequências mais prolongadas, que vão além das perdas financeiras em bolsa. A agência de notação financeira Standard & Poor’s colocou a Nissan em vigilância para possível revisão em baixa da notação financeira, justificando que os lucros poderão ser penalizados “substancialmente” ao longo dos próximos anos devido a danos na imagem da marca devido à alegada conduta fraudulenta.
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