Bolsas europeias afundam. Papeleiras arrasam PSI-20
O sentimento negativo nos EUA continua a contagiar a Europa, que lida com os tumultos em França e os novos desenvolvimentos do Brexit. Em Lisboa, os ganhos do BCP travaram as quedas do índice.
O vermelho dominou, esta segunda-feira, a sessão das bolsas europeias e o português PSI-20 não foi exceção. O sentimento negativo nos EUA continua a contagiar a Europa, que lida com os tumultos em França e os novos desenvolvimentos do Brexit. Em Lisboa, o índice de referência caiu 0,94% para 4.791,29 pontos, com 12 das 18 cotadas em terreno negativo e penalizado especialmente pelo setor do papel e pasta de papel.
Nos setores do papel e pasta do papel portugueses, a Semapa tombou 5% para 12,92 euros por ação, a Altri caiu 4,22% para 5,68 euros e a Navigator perdeu 2,10% para 3,53 euros. A Mota-Engil (3,86%) e a Corticeira Amorim (2,12%) também estiveram entre as cotadas que mais caíram no índice.
Na energia, a tendência também foi negativa, com a Galp a cair 1,55%, num dia de correções para o preço do petróleo — o brent recua 1,61% para 60,68 dólares por barril e o crude WTI desvaloriza 2,22% para 51,44 dólares — e em que foi anunciado que o novo acordo de corte de produção petrolífera será assinado dentro de três meses. Ainda no setor energético, a EDP desvalorizou 1,20%, a EDP Renováveis 0,52% e a REN 0,50%.
Em sentido contrário, a Sonae Capital liderou os ganhos no PSI-20, a avançar 2,59% para 0,87 euros. Foram, no entanto, o peso-pesado BCP que travou as perdas. O banco liderado por Miguel Maya subiu 0,71% para 0,2407 euros por ação, a beneficiar da revisão em alta da perspetiva de rating da banca nacional, para “positivo”, pela agência Moody’s. A Jerónimo Martins também ganhou 0,81% (para 10,58 euros), respetivamente.
Brexit e protestos em França penalizam Europa
O PSI-20 foi, ainda assim, a bolsa europeia que menos perdeu na sessão. O índice pan-europeu Euro Stoxx 600 caiu 1,88%, com as quebras no . Nas bolsas nacionais, o alemão DAX recuou 1,7%, o italiano FTSE MIB perdeu 1,77% e o espanhol IBEX 35 tombou 2,2%.
Em Londres, Theresa May desmarcou a votação final do acordo do Brexit que deveria acontecer esta terça-feira no Parlamento britânico, porque “iria ser rejeitado por uma margem significativa”. A primeira-ministra britânica revelou que vai falar com os líderes europeus antes da cimeira europeia do final da semana para discutir eventuais alterações ao backstop a fim de evitar a criação de uma fronteira rígida entre a Irlanda e a Irlanda do Norte. Na bolsa, o FTSE 100 reagiu com uma perda de 0,83%.
França está a ser fortemente penalizada pelos protestos dos “coletes amarelos” contra o Governo: o índice CAC 40 desvalorizou 1,6% e os juros da dívida francesa a 10 anos subiu 8 pontos base para 0,725%, com o prémio de risco do país a atingir máximos de maio.
“Preocupações políticas e orçamentais raramente são positivas para o mercado de dívida”, afirmou Chris Bailey, estrategista europeu da empresa financeira Raymond James, em declarações à Reuters. “No panorama mais alargado, o spread da dívida é bastante apertado em relação à Alemanha, mas mostra alguma tensão no mercado de dívida europeu”.
Para já, não há efeito contágio e os juros da dívida francesa foram dos poucos na subir na zona euro. No caso de Itália, a yield perdeu 2,6 pontos para 3,106% graças ao anúncio de novas negociações orçamentais. A yield das Bunds alemãs desceram para 0,246%. Em Portugal, o juro da dívida benchmark cedeu 1,5 pontos para 1,784%.
No mercado cambial, o destaque esteve na libra, que desvalorizou 1,3% contra a par norte-americana, para 1,338 dólares. O euro deprecia-se 0,06% para 1,1372 dólares.
(Notícia atualizada às 17h05)
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