Nuvens em Portugal? Mexia garante compromisso de investimento
Portugal foi citado várias vezes na apresentação do novo plano de negócios da EDP. Apesar das "nuvens", António Mexia garante que a EDP mantém o compromisso com Portugal.
As decisões regulatórias e legais do Governo no setor da energia, e que afetaram os resultados da EDP em 2018, foram uma “nuvem” várias vezes referida por António Mexia na apresentação do plano para o período 2019/2022 aos investidores. Mas, questionado pelo ECO, o gestor garante que “ninguém está mais comprometido com Portugal [do que a EDP]”.
António Mexia garante que a EDP vai continuar a investir em Portugal, apesar das “nuvens” e do “ambiente turvo”. “Sempre fomos comprometidos com Portugal”, garante, mas não deixa de fazer uma crítica ao Governo. “A estabilidadade das regras é fundamental, os investimentos implicam a estabilidade das regras do jogo”. Ainda assim, Mexia vê “oportunidade em Portugal”, no âmbito do processo de transição energética. “Portugal pode contar connosco”. Miguel Stilwell, o administrador financeira da EDP, acrescentou que a companhia vai investir cerca de 300 milhões de euros por ano nas redes (Distribuição) e cerca de 200 milhões de euros nas energias renováveis”.
De resto, acrescentou Mexia, a EDP voltará aos lucros em Portugal durante este ano. O gestor explica que houve em 2018 medidas ‘one-off’, como a provisão de 285 milhões de euro relativos a sobrecompensações dos CMEC, que a EDP põe em causa. “É um facto que a rentabilidade em Portugal, ao fim de décadas de investimento maciço da companhia, fomos o principal investidor. Há uma noção errada daquilo que tem a ver com a rentabilidade em Portugal, independentemente destas medidas ‘one-off’. A rentabilidade em Portugal reduziu-se muito em relação ao que era expectável quando se realizaram os investimentos, sejamos claros”. O negócio da EDP em Portugal (excluindo a EDP Renováveis) registou um prejuízo de 18 milhões de euros em 2018, contra o lucro de 169 milhões de euros no ano anterior.
António Mexia escusa-se a comentar o que mudou na relação da EDP com o Governo por causa da mudança de secretário de Estado, e a nomeação de João Galamba — “não falamos de pessoas” –, mas sinaliza o apoio à nova estratégia política. “A visão sobre a importância da transição energética parece-me acertada, sempre a partilhamos”.
E se António Mexia e Manso Neto, presidente da EDP Renováveis, forem acusados judicialmente, no âmbito do processo dos CMEC? “A nossa continuidade depende dos acionistas. São eles que escolhem os gestores”, responde Mexia, sem falar diretamente no processo.
A apresentação de um “update” do plano estratégico, para o período 2019/2022, não foi condicionada pelo facto de decorrer uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) do seu maior acionista, a China Three Gorges, garante Mexia. O presidente executivo da EDP salienta que o plano foi aprovado no Conselho Geral e de Supervisão (CGS), onde estão os principais acionistas, como os chineses. “O plano está conforme com a OPA”, assegura. E rejeita avaliar se o plano agrada mais a uns acionistas do que a a outros, nomeadamente ao fundo Elliott, que apresentou um plano de negócio ao mercado com vendas, como a EDP Brasil, dividendos e mais investimento em renováveis.
António Mexia escusa-se também a fazer uma avaliação da OPA, mas referiu saber que os processo de ‘filling’ devidos estão a ser feitos, nomeadamente em Bruxelas. “O caminho tem de ser feito, porque as condições preliminares [da OPA] foram muito óbvias”, acrescenta, mais à frente. Agora, refere, a OPA “não depende de nós, depende do oferente”.
O plano até 2022, recorde-se, prevê a venda de dois mil milhões de ativos no espaço ibérico, também para financiar um plano de investimento de sete mil milhões de euros em termos líquidos. António Mexia não quer revelar o que a EDP vai vender, mas admite que pode passar pelas centrais de ciclo combinado em Espanha e Portugal. “Queremos reduzir a exposição a ativos de mercado, e também queremos reduzir a exposição a tecnologias mais poluentes. Até ao final do ano, teremos visibilidade [sobre o que vai ser vendido], afirmou.
Agora, a equipa de gestão da EDP vai entrar em ‘road show’ para apresentar este plano e para recuperar o contacto com os investidores. “Seria impensável que não fizessemos este ‘update’, ao fim de três anos da apresentação do anterior plano de 2016/2019”.
Nota: O jornalista viajou a convite da EDP
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