Vista Alegre quer pagar dívida à banca. Depois dá dividendos
Vista Alegre está impossibilitada de distribuir dividendos até final de 2026. Quer voltar a entregar lucros aos acionistas, mas "vamos primeiro pagar a dívida", diz o chairman, Nuno Marques.
2018 “correu bastante bem” para a Vista Alegre, apesar de ser “um ano duro do ponto de vista operacional”. E a tendência positiva mantém-se este ano, com Nuno Marques, chairman da empresa, a apontar para um crescimento de “cerca de 40% neste primeiro trimestre”. Uma evolução que abre a porta à distribuição de resultados pelos acionistas, mas o grupo pretende “primeiro pagar a dívida” que o impede de dar dividendos.
Em meados de dezembro, a Vista Alegre anunciou que, como resultado da conjuntura adversa nos mercados internacionais, o aumento de capital que tinha em curso não se iria concretizar. Em entrevista à Lusa, o presidente do Conselho de Administração da Vista Alegre adiantou que, apesar do aumento de capital não se ter concretizado, nem tudo foi negativo para o grupo, mas que agora a prioridade passa por “redefinir a estratégia”.
Ou seja, “tirar complexidade àquilo que era a nossa oferta, àquilo que era a nossa estratégia no ano passado. Quando digo tirar complexidade é: vamos primeiro pagar a dívida associada e que era limitadora de distribuição de dividendos e de outras restrições (…) que havia dentro do perímetro da própria Vista Alegre”, afirmou o chairman.
A Vista Alegre está impossibilitada de distribuir dividendos até final de 2026, nos termos de contratos de empréstimos celebrados com a CGD e BCP. “Esta é uma primeira estratégia para depois” o grupo decidir “ou por aumento de capital ou por alienação de uma participação minoritária da Vista Alegre”, prosseguiu. “Ainda não temos timings [prazos] definidos”, sublinhou.
Em suma, “primeiro iremos tratar deste primeiro ponto, a Vista Alegre vai ficar livre e disponível para poder distribuir dividendos aos seus acionistas. Não vai ter uma série de restrições (…) e a partir desse momento, sim, depois voltaremos ao mercado quando acharmos oportuno”, disse.
Sobre a limitação do pagamento de dividendos, Nuno Marques afirmou que essa é uma das restrições que a Vista Alegre pretende retirar.
“Essas limitações foram impostas na altura da aquisição da empresa” pela Visabeira, e nesse tempo a empresa “em si tinha um determinado valor, uma determinara dimensão” e “um conjunto de problemas”, apontou.
"Primeiro iremos tratar deste primeiro ponto [o pagamento da dívida, depois] a Vista Alegre vai ficar livre e disponível para poder distribuir dividendos aos seus acionistas. Não vai ter uma série de restrições.”
“Hoje, passados 10 anos, naturalmente a imagem é outra, o valor da própria Vista Alegre é outro. Na nossa opinião, nem sequer faz sentido e são totalmente desproporcionadas essas mesmas limitações e restrições e, portanto, uma das estratégias é retirá-las. Como? Pagando aquilo que se tem de pagar”, assegurou.
Relativamente à suspensão do aumento de capital, Nuno Marques apontou que, apesar de a Vista Alegre estar em bolsa há mais de 30 anos, a marca “era uma ilustre desconhecida no mercado bolsista” a nível de investidores internacionais.
Apesar do aumento de capital não ter sido concluído com sucesso, “correu bastante bem porque conseguimos, dentro de um dos objetivos principais”, dar a “conhecer a Vista Alegre nesse mercado, considerou o gestor.
“Tivemos inúmeros investidores institucionais internacionais que quiseram vir conhecer” o grupo e que “tiveram pena” que o processo tenha sido suspenso, “porque reconheceram qualidade, dinamismo”, disse.
“Reconheceram que a Vista Alegre, entre os seus pares, a nível internacional, está com uma tendência de crescimento quando outros não estão”, acrescentou.
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