PSOE ganha as eleições sem maioria. PP afunda
O PSOE de Pedro Sanchez precisa de se aliar aos independentistas para governar em maioria. Na direita, o PP tem o pior registo da sua história e o Vox da extrema-direita entra no Parlamento.
Com 99,63% dos votos já contados, o PSOE consegue 28,7%, o que lhe dará 123 deputados. Já o Podemos de Pablo Iglesias atinge 14,3% dos votos e 42 deputados. Ou seja, neste cenário, os socialistas ainda precisariam de se aliar aos independentistas para conseguirem governar. Pablo Iglesias já veio dizer que falou com o líder dos socialistas e que vão agora começar as conversações e negociações para formar um governo de esquerda. Pediu paciência aos espanhóis, prevendo que as negociações demorem algum tempo.
Pedro Sanchez e o Cidadãos de Alberto Rivera conseguiriam juntos e sozinhos formar uma maioria, mas ambos os líderes descartaram essa hipótese durante a campanha eleitoral.
O PP de Pablo Casado é o grande derrotado da noite. Perde representação parlamentar, tendo conseguido apenas 16,7% dos votos, ou seja, 66 lugares no Parlamento. Em 2016 tinha tido 137 mandatos, ou seja, perde mais de metade dos lugares. O secretário-geral do PP, Teodoro García Egea, escusou-se a fazer uma avaliação das eleições espanholas, preferindo aguardar pelos resultados finais, mas afirmou que as sondagens apontam para uma “fragmentação” e uma eventual “ingovernabilidade”.
O Cidadãos de Alberto Rivera teve um bom resultado (15,8% dos votos e 57 deputados), e os ultranacionalistas do Vox garantem a entrada no Parlamento espanhol nacional com 10,3% dos votos, o que lhe dá 24 lugares. Mesmo assim, aquém daquilo que previam as sondagens. Mas os partidos de centro-direita juntos não conseguem alcançar os 176 votos necessários para garantir uma maioria no Parlamento.
A taxa de participação nestas eleições foi de 75,75%.
Com estes resultados e projeções, Pedro Sanchez do PSOE precisa, segundo as contas do El Mundo, de pelo menos uma parte dos independentistas para formar governo. Uma das opções poderá passar por juntarem-se ao Podemos, ao PNV, e ao ERC.
Três eleições desde 2015
Estas foi a terceira vez desde o final de 2015 que os espanhóis foram chamados a votar. Nas legislativas de 2015, lá como cá, o governo dos “anos da austeridade” conseguiu manter-se como o mais votado, já que a oposição socialista, também como cá, não conseguiu “cavalgar” o desagrado dos eleitores. O Partido Popular caiu de 44,6% para 28,7% em 2015 e o PSOE caiu de 28% para 22%. Porém, e ao contrário do que aconteceu cá, em Espanha não nasceu nenhuma ‘geringonça’, provavelmente porque lá os votos não foram transferidos para outros partidos tradicionais, antes para os emergentes Podemos (20,7%) e Cidadãos (13,9%).
Às eleições de 2015, seguiram-se meses de negociações entre grupos parlamentares, mas o Congresso acabou dissolvido pouco depois, tendo sido convocadas novas eleições para junho de 2016. O cenário repetiu-se, ainda que com ligeiras alterações, a favor de Rajoy: o PP conseguiu reforçar a sua votação para 33%, o PSOE permaneceu sensivelmente no mesmo patamar (22,7), tal como Podemos (21,1%) e Cidadãos (13,1%).
Mariano Rajoy, desta feita, conseguiu formar governo, sobretudo graças ao apoio do Cidadãos e à crise de liderança em que caiu o PSOE, que levou os socialistas a absterem-se na votação para a formação do novo governo. Mas se a situação parecia finalmente minimamente estável, tal não durou muito.
Rajoy ficou sob alta pressão depois da reação musculada contra o referendo à independência da Catalunha e, juntando a isto as conclusões judiciais a confirmar a existência no interior do PP de esquemas de contabilidade e financiamento ilegal, a moção de desconfiança apresentada pelo PSOE já em 2018 foi aprovada com maioria e Rajoy caiu em junho desse ano.
Pedro Sanchéz tomou então as rédeas ao executivo espanhol, mas não por muito tempo. Em fevereiro deste ano, o líder socialista viu a sua proposta de Orçamento do Estado chumbada no Parlamento e, dizendo-se bloqueado pelos outros partidos, convocou novas eleições — as que se realizaram este domingo. Consegue ficar em primeiro, mas precisa novamente do apoio dos independentistas para governar.
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