Nogueira Leite: É cada vez mais difícil encontrar equipa para a CGD

Nogueira Leite reconhece que é cada vez mais difícil encontrar uma equipa para a CGD. Mas é possível e necessário, até porque o risco de 'bail-in' da Caixa não está totalmente afastado.

António Domingues apresentou a demissão e, agora, é cada vez mais difícil encontrar uma equipa para a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Diz quem sabe. António Nogueira Leite foi vice-presidente da CGD de José de Matos e saiu a meio do mandato, já lá vão cerca de quatro anos. “É importante encontrar uma solução”, insiste. “Acredito, ainda assim, que é possível. E é importante porque o risco de ‘bail-in’ da CGD está mitigado, mas não desapareceu. Só desaparece com a recapitalização”, alerta.

Nogueira Leite rejeita comentários de caráter político. “Um gestor profissional enfrenta dificuldades naquele lugar, que é tratado de forma essencialmente política. Com este ruído, creio que não se devem fazer mais comentários. Os atores políticos, os que provocaram esta situação, devem tirar as suas próprias consequências da saída de António Domingues”.

António Nogueira Leite está preocupado com a CGD, e lembra que não está a referir-se apenas às instituições europeias, “aos burocratas de Bruxelas ou ao Mecanismo de Supervisão Europeu”. “Estou a referir-me aos investidores privados, porque a recapitalização da CGD tem uma componente privada, prevê uma emissão de mil milhões de euros. E não há nada do que se passa em Portugal que os investidores não saibam”.

A recapitalização da CGD, recorde-se, passou para 2017 porque, segundo o secretário de Estado do Tesouro, é preciso primeiro avaliar as imparidades de 2016 e fechar as contas. “Com este nível de capital [recapitalização de mais de cinco mil milhões de euros], o nível de imparidades tem de ser elevado, ou então, não haverá uma recapitalização tão relevante”. Qual vai ser o nível de imparidades? Nogueira Leite não arrisca um número. “Vai depender do grau de avaliação da administração e do auditor da CGD [a Deloitte]”. O ECO avançou que António Domingues ainda vai fechar a definição das imparidades e do mal-parado da CGD em 2016 e, internamente, existe um número indicativo de imparidades, superior a mil milhões de euros.

Para o futuro, diz Nogueira Leite, “quanto maiores forem as imparidades, maior será o grau de manobra da administração para os lucros futuros”. É neste contexto que a principal preocupação, e prioridade, da nova administração, é executar o plano de recapitalização, afirma. “Nós já percebemos todos que, a partir de agora, a CGD tem capitais públicos, mas tem de ser gerido com um banco privado, com as mesmas exigências. Isso significa que a CGD vai ser diferente da que foi nos últimos anos”. E isso é bom? “É, porque disciplina, isto, claro que se os políticos perceberem isto, se não quiserem sol na eira e chuva no nabal”.

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