Lista de devedores? “Há que prestar contas, com prudência e sensatez”

Teixeira dos Santos admite a necessidade de escrutínio em relação aos grandes devedores da banca, mas pede prudência para evitar o voyeurismo e desvantagens entre bancos.

O Banco de Portugal deve ou não divulgar os relatórios sobre os grandes devedores em situação de incumprimento? “Esse é um tema bastante delicado…”, responde Fernando Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic. “Sim, há que prestar contas, há que averiguar, há que justificar o porquê do envolvimento de dinheiros públicos [nos bancos], mas, apesar de tudo, acho que deve ser feito com prudência, com sensatez. É este o desafio que temos”, clarifica o economista e antigo ministro, no âmbito da conferência do EuroBic “Desafios e Oportunidades”, que se realizou em Viseu.

Teixeira dos Santos começa por dizer que é, “de uma forma geral, defensor de regras de sigilo bancário”. E acrescenta. “Eu acho que a relação entre a banca e os seus clientes é uma relação que deve ser acautelada e acho que deve evitar-se o desenvolvimento de um ambiente de voyeurismo em torno dessas relações”. Mas, ainda assim, “há uma diferença entre aquilo que é o escrutínio político desta relação, da utilização destes dinheiros ou daquilo que eu chamo o voyeurismo puro dessas relações”.

Além disso, chama a atenção para outro risco na divulgação da lista de devedores. “E corremos o risco de criar uma desvantagem muito nociva para os bancos portugueses em comparação com bancos estrangeiros que cá intervêm. Porque existem bancos estrangeiros que concorrem com os bancos portugueses e não tendo beneficiado de intervenções ou ajudas publicas não estão sujeitos a este escrutínio. E podem acabar por merecer a preferência de clientes, que fugindo dos bancos sujeitos a fugas de informação ou sujeitos a esse voyeurismo como eu lhe chamava…”

Ainda assim, nos casos que estão agora em discussão, “existem aqui razões para algum escrutínio politico, no sentido em que, envolvendo dinheiros públicos, temos que saber as razões pelas quais os contribuintes são chamados a intervir desta forma no resgate de instituições bancárias”. Porquê? “O que estamos confrontados é com uma situação em que há bancos que tiveram dificuldades, que está relacionado com as relações comerciais que tem com os seus clientes… e, pelas mais variadas razões, entraram em dificuldades de cumprimento dos seus compromissos, e com repercussão na situação financeira de bancos, bancos esses que tiveram que ser apoiados pelo Estado…envolvendo recursos públicos.

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