Gulbenkian vende Partex à petrolífera tailandesa por 554,6 milhões de euros

A Fundação Calouste Gulbenkian assinou a venda da Partex após vários meses de negociações com avanços e recuos. A PTTEP compromete-se a manter gestão, colaboradores da empresa e a marca Partex.

A Fundação Calouste Gulbenkian assinou esta segunda-feira a venda da Partex à PTT Exploration and Production (PTTEP), empresa pública tailandesa de exploração e produção de petróleo. A operação está avaliada em 554,6 milhões de euros, valor ligeiramente superior aos 500 milhões indicativos que a Gulbenkian pretendia encaixar.

O acordo foi assinado pela presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, e pelo presidente e CEO da PTTEP, Phongsthorn Thavisin, que se compromete a manter a gestão e os colaboradores da empresa, bem como o escritório em Lisboa e a marca Partex.

Assinatura do acordo de venda da Partex pela presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, e pelo presidente e CEO da empresa, Phongsthorn Thavisin.

O negócio deverá estar concluído até final do ano já que tem de seguir o habitual processo de autorizações. Em conferência de imprensa, a presidente da Fundação, Isabel Mota, garantiu que a venda da Partex já foi comunicada ao Governo, mas este não tem de dar o seu aval à operação porque o ativo em venda não faz parte do legado inicial da Fundação. A lei-quadro das fundações em vigor estabelece que no caso de fundações privadas com estatuto de utilidade pública, como é o caso da Gulbenkian, “a alienação de bens da fundação que lhe tenham sido atribuídos pelo fundador ou fundadores, como tal especificados no ato de instituição, e que se revistam de especial significado para os fins da fundação, carece, sob pena de nulidade, de autorização da entidade competente para o reconhecimento”. Mas neste caso esta regra não se aplica, esclareceu Isabel Mota.

“A PTTEP é uma empresa pública, cotada na Bolsa da Tailândia, que integra os índices Dow Jones Sustainability. A operar desde 1985, tem 46 projetos petrolíferos em 12 países espalhados pelo mundo“, sublinha o comunicado enviado às redações para dar conta do negócio. E tem cerca de 4.000 trabalhadores contra 80 da Partex. A Fundação Calouste Gulbenkian justifica a venda à PTTEP porque “é uma empresa que valoriza a história única da Partex”, tem um portefólio de “elevada qualidade” e uma “solidez de gestão e do seu staff”.

“A PTTEP pretende utilizar a Partex como uma plataforma de crescimento, alargando as relações que a empresa hoje detém nos países em que opera”, sublinha o mesmo comunicado. A operação foi assessorada pela Jefferies International Limited, Linklaters e pela Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados.

Depois de ter decidido pôr termo ao processo que vinha a desenvolver com os chineses da CEFC, em abril do ano passado, a Gulbenkian voltou às negociações, mas ao longo dos meses recusou sempre dar detalhes sobre as mesmas. Em fevereiro deste ano, o presidente da Partex, em entrevista ao Jornal Económico, dava conta de estar a negociar com três interessados e era esperado que o comprador fosse selecionado até ao final do primeiro semestre.

A presidente da Fundação Gulbenkian considera que a opção de venda da Partex é “estratégica” dada a “nova matriz energética” da Fundação e uma questão de “coerência” com as convicções da instituição. Numa entrevista ao Expresso (acesso pago), em fevereiro de 2018, Isabel Mota explicou que a sustentabilidade que a Fundação defende “implicaria, mais cedo ou mais tarde, sair dos combustíveis fósseis”. “E corresponde a um movimento geral nas grandes fundações internacionais e não só: ter uma preocupação ética em relação ao bem comum e direcionar os investimentos em relação à filantropia”, acrescentou a presidente da Fundação.

A tentativa de venda da Partex teve início em junho de 2017, quando a Gulbenkian revelou que estava a avaliar a entrada de grupos internacionais com interesses no Médio Oriente, na petrolífera detida a 100% pela Fundação. Mas foi com os chineses da CEFC que as negociações chegaram mais longe. Contudo, as informações que começaram a ser veiculadas em março de que o presidente da CEFC China Energy, Ye Jianming, teria sido detido, levou a Fundação a pôr termo às negociações.

(Notícia em atualização)

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