Marcelo avisa que campanha política de milhões pode cair mal aos portugueses
Durante a campanha às presidenciais, o chefe de Estado procurou dar o exemplo, despendendo de 180 mil euros. Agora, para as legislativas deste ano, o PS tem um orçamento que é 13 vezes superior.
O Presidente da República considera que existe uma relação proporcional entre orçamento para as campanhas políticas e empatia dos portugueses. A redução dos elevados gastos dos partidos pode levar a uma “aproximação dos cidadãos aos seus representantes” e, pelo contrário, o “uso excessivo de meios” pode não ser bem visto pelos portugueses, alerta Marcelo Rebelo de Sousa, citado pelo jornal i (acesso pago).
Embora reconheça que, ao longo dos anos, os partidos têm vindo a “reduzir bastante” os gastos, o chefe de Estado avisa que “tudo o que façam para diminuir as despesas de campanha é positivo”, sobretudo porque, hoje em dia, há um “escrutínio muito mais intenso dos cidadãos” quantos a esta matéria, ao qual se soma uma “legítimo juízo crítico”.
Em 2016, durante a campanha às presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa tentou dar o exemplo. E não foram precisos mais de 180 mil euros para ganhar as eleições. Ao pormenor, o chefe de Estado despendeu 114 mil euros com agências de comunicação e estudos de mercado, 12 mil euros para propaganda, comunicação impressa e digital, 26 mil euros para comícios e espetáculos, 13 mil euros com custos operacionais e 99 euros para outras despesas não tipificadas.
Houve, inclusive, duas categorias em que a campanha de Marcelo não gastou nem um cêntimo. A campanha não fez qualquer despesa em estruturas, cartazes e telas, bem como em brindes e outras ofertas.
Mas, os partidos seguem o exemplo do Presidente?
Marcelo Rebelo de Sousa deu o exemplo em 2016, mas nem todos os partidos preveem segui-lo para as legislativas deste ano. O PS é mesmo aquele que mais longe está do exemplo do Presidente. Os socialistas contam fazer uma despesa 13 vezes superior — com uma estimativa que ultrapassa os 2,4 milhões de euros (e que ainda pode derrapar) — à efetuada por Marcelo. Só em estruturas, cartazes e telas, o PS prevê gastar mais de 255 mil euros e para brindes e outras ofertas soma-se uma despesa de cerca de 165 mil euros. Duas rubricas, recorde-se, em que o orçamento da campanha de Marcelo marcou zero euros.
O PSD, o segundo partido com o orçamento mais elevado, estima fazer, durante a campanha, uma despesa 11 vezes superior à do Presidente da República. O orçamento entregue pelos sociais-democratas ao Tribunal de Contas prevê um total de cerca de dois milhões de euros.
Entre os 20 partidos e coligações que entregaram à Entidade das Contas o orçamento para a campanha, 14 apresentaram uma estimativa de despesa com valores abaixo do que foi gasto por Marcelo Rebelo de Sousa. E, desses partidos, apenas um tem assento parlamentar: o PAN, que prevê uma despesa de cerca de 139 mil euros. Já os restantes cinco partidos com representação na Assembleia da República contam com uma despesa muito superior à registada em 2016 por Marcelo.
Entre os partidos que se apresentam pela primeira vez às urnas, apenas o Aliança, de Pedro Santana Lopes, apresenta um orçamento acima da despesa realizada pelo Presidente, prevendo gastar 250 mil euros. O Chega aponta para uma fatura de 150 mil euros, enquanto o Iniciativa Liberal para apenas 50 mil euros.
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